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Diário Rural em vídeo: carvão é o sustento de família há 30 anos

27/11/2019 - 13h18min

Ivoti – Se alguém perguntar por José Luis Boll, 63, morador da localidade de Picada Feijão, talvez poucos saibam quem seja. Mas se quiserem saber quem é o “7”, todos o reconhecem. A fabricação de carvão é a sua principal atividade.

O apelido surgiu na juventude, porque ele só fazia no máximo sete pontos nos jogos de bolão, realizados no antigo galpão onde está o atual ginásio da Comunidade Católica São João Batista.

Conforme lembra o morador, os avós moravam em Dois Irmãos, e já plantavam aipim e milho, além de praticar a criação de suínos. A propriedade de Picada Feijão foi adquirida pelos pais, José Boll e Joana Cecília Boll. Em Ivoti, a família plantava aipim, milho e cana-de-açúcar.

A venda do carvão é feita para um fabricante de linguiças de Picada Café, para quem são repassados cerca de 1.500 quilos mensais do produto. A produção chegou a atingir até 4 mil quilos/mês, mas diminuiu devido a uma enfermidade que acometeu o comprador do produto.

A atividade é exercida desde 1989 e permanece até os dias de hoje (Créd. Rafael Petry)

“Eu já usava o arado com os meus 12 anos”

O produtor rural comenta que desde muito cedo começou a auxiliar os pais, no turno oposto aos das aulas. Com 12 anos ele já usava o arado. Aos 15 anos já sabia dirigir e começou a “transportar” lenha para o vizinho Reinaldo Enzweiler, que era dono de um armazém.

Aos 20 anos trabalhou na Avipal, em Novo Hamburgo, onde ficou até os 23.
Posteriormente, ingressou numa fábrica de calçados, onde permaneceu por 16 anos. Nesse período adquiriu uma propriedade de 9 hectares e começou a produzir carvão nas horas vagas. A atividade é exercida desde 1989, e permanece até os dias de hoje.

O primeiro forno foi feito com as próprias mãos

Além de produzir carvão, Boll planta aipim e tem 500 pés de laranjas e bergamotas. “Eu comecei com o carvão, e fiz o primeiro forno com as próprias mãos, mas ele não ficou muito bom. O segundo forno que construí ficou 100% bom”, explica ele.

O produtor adquiriu a propriedade de Arthur Bervian. Atualmente conta com três fornos, um terceiro com 16m³. O forno maior chega a queimar 10 dias para fazer o carvão. As chaminés auxiliam na filtragem do ar.

Segundo relato do morador, um dos fornos chegou a estourar duas vezes. Além dos riscos, a alta do preço dificulta o trabalho dos produtores.

Peneira

Para qualificar o carvão, Boll construiu uma espécie de peneira feita com madeira e arame, que separa a poeira e os pedaços menores do produto, aplicando os resíduos nas plantações de cítricos.

Sucessão: filhos tem as suas profissões

Casado com dona Marlete Lauermann Boll, José Luis e a esposa tem três filhos: Cristiano, 34, Gustavo José, 30, e Ivan Rafael, 26. Cada um dos filhos é motorista, e o certo é que nenhum deles deverá seguir a profissão do pai, devendo seguir a sua profissão escolhida.
“Eu acho que os mais novos tinham que continuar com o serviço dos pais, mas isto é difícil. O aumento do preço das lenhas torna as coisas difíceis”, afirma o produtor.

Financiamento auxilia nos empreendimentos

José Luis é associado à Cooperativa Sicredi, desde que a agência abriu em Presidente Lucena, em 1996. Durante esse período já necessitou financiar algumas produções. Por isso acredita que os programas de auxílio do Governo Federal aos produtores atendem o seu objetivo, através do Pronaf e Pronafinho.

“Eu já necessitei comprar um veículo, e também fazer a reforma de fornos de carvão e ainda financiar uma lavoura de aipim”, explica o produtor.
Segundo ele, as linhas de crédito auxiliam na produção, pois os juros são baixos.

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