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DIÁRIO RURAL: Família Schlindwein se dedica ao varejo há mais de 20 anos
Por Rogério Savian
Dois Irmãos – Trabalhar para alcançar os objetivos e realizar sonhos é um dos propósitos do ser humano. É isso que motiva o casal Jacob Beno Schlindwein, 71 anos, e Maria Lourdes Schlindwein, 68. Moradores do bairro Navegantes, há cerca de 25 anos compraram uma propriedade rural de três hectares junto à Estrada Campo Bom, onde produzem verduras, milho, feijão, batata, cebola, aipim e bastante fruta. O que é colhido ali abastece as vendas no varejo que são feitas nas quintas, sextas e sábados, além das entregas nas escolas através do programa de merenda escolar. O dia a dia na agricultura é forçado porque inicia muito cedo e vai até o anoitecer. Mas isso não é problema para eles. “O agricultor costuma dizer que segue o ‘horário do sol’. Não posso me queixar porque gosto muito do que faço”, afirma Jacob. Ele optou pela venda no varejo, diretamente para o cliente, porque dessa maneira consegue um preço melhor pelo produto e também custa menos para o consumidor final.
Nascido em Bom Princípio, mais especificamente na localidade de Arroio das Pedras, ele vem de uma família de agricultores e possui 13 irmãos (5 mulheres e 7 homens). Já Maria Lurdes é de Linha Bonita, em Salvador do Sul. Se mudaram para Dois Irmãos em busca de oportunidades de trabalho. Jacob trabalhou por 19 anos em fábrica de calçado, onde, ao lado da esposa, conseguiu dinheiro para construir a casa, sustentar a família e ainda comprar a chácara. “Sempre digo que nada vem de graça. Se quer ter alguma coisa nessa vida é preciso arregaçar as mangas e trabalhar muito. Tem que ter controle das coisas e nunca dar o passo maior do que a perna alcança”.
“Na agricultura tem épocas que a gente ganha bem. E tem outras que fica no vermelho. O mais importante é sempre ir trabalhando para equilibrar as contas. Mas não tenho do que reclamar. O segredo é não se estressar”. Ele lembra que no passado as dificuldades eram muito maiores para viver da agricultura. “Quando eu era guri, a gente só comia o que colhia. Tinha que produzir tudo, desde o arroz e trigo. A gente trabalhava igual escravo e não tinha nada. Não tinha máquinas”. Hoje ele comemora tudo o que conquistaram juntos com o esforço de anos de trabalho. “Hoje tenho meu trator, maquinários, carro e terra. Está muito melhor de ser agricultor. Gosto muito do que faço”.
Um sonho realizado
Filho de agricultor, Jacob teve de ir trabalhar na cidade em busca de melhores condições para sua família. Mas nunca abandonou o sonho de comprar um pedaço de terra e um dia voltar para a agricultura. Quando conseguiu, não pensou duas vezes. Jacob e Maria tem um casal de filhos e sempre o incentivou a se qualificar para buscar um trabalho fora da agricultura. “Na agricultura está bom para quem já tem maquinários e terras. Está instalado. Mas para quem ainda é jovem e pensa em começar é bem difícil porque vai ter que fazer financiamentos e depois terá uma conta a pagar”. Jacob explica que gostaria de ter os filhos trabalhando com ele, mas também entende que da lavoura não teria condições de pagar o mesmo valor que eles ganham fora para seguirem na agricultura. Por isso sempre os incentivou a irem adiante.
“Tem sempre que pensar positivo”
Jacob conta que neste ano não tem do que reclamar em relação à estiagem. No ano passado a seca foi bem mais forte. Agora, embora em menor volume, a chuva tem sido suficiente para que as culturas se desenvolvam bem. Neste ano a safra da cebola foi boa. Com a chuva da última semana o milho vai produzir bem e a expectativa é colher cerca de 250 sacos. Já no feijão a estimativa está em 15 sacos. O pomar, que conta com cerca de mil pés, está produzindo bem. Somente neste ano foram mais de 5.700 quilos de laranja. “Estou com 71 anos e tenho bastante disposição para trabalhar. O corpo só fica cansado à noite. Acredito que o segredo para se sentir bem é levar uma vida saudável, produzir alimento sem agrotóxicos e, principalmente, sempre pensar positivo. Acreditar que no próximo ano as coisas serão ainda melhores”, finaliza.