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DIÁRIO RURAL: há 50 anos, família produz alimentos orgânicos em Lindolfo Collor

01/07/2020 - 07h58min

Atualizada em 01/07/2020 - 08h00min

Lindolfo Collor – Pensando numa maior qualidade de vida e num produto mais saudável, a Família Spaniol, da localidade de 14 Colônias, vem há cerca de 50 anos trabalhando sem utilizar nenhum agrotóxico em sua propriedade rural. O ideal surgiu com o pai Lauro, de 73 anos, e segue até hoje com o filho João Carlos, de 34, ambos com um pensamento em comum: o desejo de que a produção de vegetais orgânicos seja continuada.

Conforme o filho João Carlos, a família trabalha com diversas culturas, como aipim, quatro variedades de alface, repolho, brócolis, couve-flor, bergamota, laranja, milho-verde, salsa e cebolinha. A produção é levada até Ceasa de Novo Hamburgo cerca de três vezes por semana, número que aumentou durante a pandemia. “O pai que começou tudo. Ele está desde o início da década de 1970 trabalhando na produção aqui da propriedade”, destacou João Carlos.

“Eu sempre estive em função da Ceasa e também da roça. Sempre trabalhando. Mas agora em diante passei para ele cuidar de tudo aqui”, contou o pai, Lauro, que completa: “e hoje em dia é difícil encontrar uma propriedade que não utiliza agrotóxico”. A família ainda conta com a ajuda de Adriel da Silveira, 18 anos, morador da localidade, que há mais de um ano trabalha no local.

Mesmo sem estar à frente da propriedade, Lauro acompanha o trabalho do filho João Carlos

Produto orgânico

Assim como a lida na propriedade, a cultura de não usar agrotóxicos também partiu de Lauro. “Dá mais serviço fazer desta forma. Grande parte do trabalho é manual, na enxada, capinando. A vantagem é que é muito mais saudável desta forma. Querendo ou não, até na hora de passar o veneno, tu mesmo se contamina”, afirmou o filho. “E depois de todos esses anos trabalhando, tu percebe que realmente não é necessário aplicar o produto”, prosseguiu.

Qualidade

Por alguns anos, a Família Spaniol chegou a ter um certificado de qualidade de produto orgânico. “Nós chegamos a ter o selo, mas depois decidimos por cancelar. O custo para renovar este certificado é muito alto e não valia a pena seguir. O pessoal aqui que nos conhece, já compra nosso produto porque sabe da qualidade. Já sabem que é orgânico”, disse João Carlos.

O pai Lauro Spaniol, o filho João Carlos Spaniol, e o assistente Adriel da Silveira

 De geração a geração

Há alguns anos, Lauro começou a se afastar do serviço por conta da idade, e a tarefa de tocar e cuidar da produção ficou a cargo do filho João Carlos, que já trabalhava na propriedade desde pequeno. A expectativa deles é de que alguém prossiga com o trabalho iniciado há cerca de 50 anos. “Eu tenho uma filhinha pequena, daí não sei né”, brincou João Carlos, que logo foi repreendido pelo pai: “mas ela vem junto, sim, ela gosta da lida aqui”. “É, depois ela vê se quiser tocar os trabalhos, ou de repente o genro também. Mas vai ter que ter alguém para continuar”, destacou o filho.

Impactos da pandemia

Apesar de passarem grande parte do tempo no campo e longe da rotina agitada do município, a Família Spaniol também foi afetada pela pandemia do novo coronavírus. O principal impacto foi econômico, devido à queda nas vendas dos produtos orgânicos colhidos na propriedade, muito em função da suspensão das atividades nas escolas. “Dá para dizer que caiu pela metade as vendas com a chegada da pandemia. Nós vendíamos os produtos na Ceasa, mas grande parte ia para as escolas, para que fosse servida na merenda escolar. Só que agora está difícil”, contou João Carlos. “Também houve queda na Ceasa por causa dos restaurantes, que não puderam abrir ou porque caiu o movimento”, finalizou.

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