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DIÁRIO RURAL: Inseminação artificial promove melhoramento genético de rebanhos bovinos da região
Estância Velha – Nos últimos anos, a técnica de inseminação artificial de bovinos tem ganhado força na região. Quem conta mais sobre como esse trabalho é desenvolvido e suas vantagens é Mariane Mendes Lopes, 28 anos, extensionista rural e chefe do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) no município.
A profissional, que trabalha na Emater há seis anos, e há três no escritório de Estância Velha, conta que um dos motivos de se praticar a inseminação artificial é a facilitação na logística, já que os produtores não precisam ter um touro na propriedade para reproduzir os bovinos.
“Em especial em espaços pequenos, facilita bastante não ter um macho reprodutor, sem contar que este traz gasto, também há risco, por serem mais agressivos”, acrescenta.
Mas uma das principais vantagens oferecidas por esta forma de reprodução, segundo Mariane, é o melhoramento genético. “Porque é possível fazer um acasalamento prestando atenção na fêmea, no rebanho, e conseguindo, de forma muito mais rápida do que com o touro, uma vaca biologicamente voltada para leite ou corte”, explicou a técnica.
Ela conta que em alguns municípios da região, existe um Programa de Melhoramento Genético, e é a Emater que fica com a função de executar esse programa. O trabalho da inseminação em si consiste na coleta do sêmen do macho e aplicação deste na fêmea, de forma manual, feita por profissionais.
Porém, a agente da Emater explica que, dentro do programa, existe um procedimento chamado de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), onde é realizada a aplicação de alguns hormônios nas vacas, com o intuito de que todas do rebanho tenham o período fértil ao mesmo tempo.
Assim, todas podem ser fecundadas no mesmo dia, o que faz com que todos os bezerros também nasçam em um período próximo. Isso facilitaria no manejo destes animais, bem como na hora de vende-los, sendo um lote padrão, todos com a mesma idade.
CULTURA E INTRODUÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
De acordo com a extensionista rural, em Estância Velha, assim como em alguns dos municípios a sua volta, se percebe mais uma cultura de terminação, isto é, o gado é comprado, se faz a engorda, e após o animal é vendido.
Por isso, a introdução de novas tecnologias como essa, demorou a acontecer. Porém, vale ressaltar que esse é um procedimento que tem significativo espaço no país inteiro, e que, por conta disso, vem ganhando mais adeptos na região.
Conforme explicado pelo assistente técnico regional em reprodução animal, Ricardo Gutierrez, um dos estados que mais tem demorado a adotar a técnica é o Rio Grande do Sul, porém complementou falando que a inseminação artificial de bovinos está revolucionando esse tipo de criação na região, já que traz mais eficiência e renda ao sistema.
PAIXÃO PELO RAMO
Mariane é natural de Viamão, nascida de uma família tradicional de agricultores, e conta que cresceu vendo o trabalho no campo, e, por isso, desenvolveu grande paixão por essa área.
Em 2009, se formou na Escola Técnica de Agricultura em Viamão. Após, entrou para a faculdade de agronomia, na URGS de Porto Alegre, da qual não concluiu o curso, pois passou no concurso para trabalhar na Emater de Montenegro, em 2014.
Em dezembro do mesmo ano, Mariane fez o curso de inseminação artificial em bovinos, que é dado no próprio centro de treinamento da empresa. Um mês depois, já começou a ajudar nas aulas práticas do curso, e, com o tempo, passou a atuar como instrutora.
Moradora de Portão, em 2017 veio trabalhar na Emater de Estância Velha. Além de curso em melhoramento genético, a profissional também possui diversos cursos e experiência com gado de leite.
A técnica contou que o que também a incentivou a criar gosto por este ramo em específico, foi o tempo em que trabalhou como instrutora em Montenegro, e foi responsável pelo rebanho de vacas leiteiras do centro de treinamento, tanto por sua administração quanto por sua reprodução.
“Sempre gostei de animais, mas nunca tinha tido a oportunidade de trabalhar com eles. Então quando me deparei com essa oportunidade, eu vi uma possibilidade de fazer algo que eu gostava muito e faria com amor, então a partir de então comecei a me especializar”, contou Mariane.
NOVO LOCAL
Recentemente, a Emater passou a atender dentro do Centro Administrativo Gabriel Steiner, junto com a Secretaria de Meio Ambiente (SEMAPE).
Mariane Lopes reforçou que os produtores que tiverem interesse nos procedimentos envolvendo o melhoramento genético ou quiserem entender mais sobre, podem procurar o órgão.
O serviço é realizado de forma gratuita, somente sendo pago os custos com os hormônios que são aplicados no protocolo IATF e com o sêmen do touro.