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Diário Rural: mais que um negócio, um lazer
por Daiani Aguiar
Dois hectares destinados ao cultivo e a venda de plantas
Estância Velha – Quem passa pela rua 13 de Maio, no Morro Agudo, não imagina o lugar lindo que reserva o Viveiro de Mudas Schneider. O estabelecimento recentemente ganhou este espaço, que é cultivado por Egon Schneider, 63 anos, sua esposa Lurdes de Castro Rodrigues, e sua equipe. São dois hectares de terra destinados às variedades de mudas ornamentais, nativas, frutíferas e exóticas.
Envolvido há 25 anos no ramo, Schneider administra uma empresa de extração de tanino, principal produto para curtimento dos chamados couros vegetais. “É um setor que tem muitos altos e baixos, então comecei com alguma coisa de mudas nativas e depois parei com atividade”, contou ele, sobre a produção de acácia e eucalipto.
No início do ano ele substituiu o local de produção, mudando para as suas terras. No entanto, há três meses iniciou a transição do espaço, transformando dois de seus sete hectares em um lindo ambiente de germinação de plantas, que inaugurou há três semanas. “Hoje eu terceirizei a produção de acácia negra e optei por esta atividade aqui”, afirmou.
Com cerca de 20 opções de mudas ornamentais e 20 frutíferas, Schneider pretende ampliar ainda mais. “Vai ter mais ano que vem, com certeza, como maçãs, pessegueiros”, disse Schneider. O local ainda dispõe de mudas nativas, substratos como cascas de acácia, pedras, vasos, e afins, além de diversas flores, que são cultivadas na estufa.
Hortas
Diante de tanto chão, cores e plantas, também existem as hortinhas de amora, morango, melancia, tomate e outras culturas. Mas estas não são para comercialização, conta seu Egon. “São para consumo próprio e para os visitantes”. Ele ainda destacou que todos os produtos são 100% orgânicos.
Ideia de ouro
Funcionária de Schneider há mais de 20 anos, Ondina de Castro Rodrigues, que também é sua cunhada, é a “engenheira do lugar”, como apelidou Egon. Recentemente ela inovou a maneira de irrigação, com uma ideia assertiva. Em quase todas as mudas a dupla instalou lonas, facilitando a absorção da água na terra, de baixo para cima.
“Isso rendeu uma economia de quase 20% de água e hoje desperdiçar não dá”, relatou Schneider. Ainda, ele contou que os dois açudes que possui na propriedade auxiliam no sistema de irrigação praticado no viveiro. “Em vez de gastar com irrigação com bombas, eu fiz o encanamento da água, puxando por gravidade”, explicou. Atualmente, em dias quentes são gastos 500 litros diários.
Paixão pela terra
Natural de São Lourenço do Sul, ele veio ainda criança para o município, onde reside há 51 anos. Morador do Centro, sempre que pode ele está no meio rural, respirando o ar puro e prestigiando os cenários belíssimos de suas terras. “Eu saí do interior, mas o interior não saiu de mim”, brincou Schneider.
A paixão pela terra, por plantar e colher foi uma herança da família. “Meu pai faleceu há dois meses, com 90 anos, e adorava isso aqui. Minha mãe nessa hora deve estar no meio da horta”, lembrou. Morador da chácara, da extensa área, o filho de Egon também tem gosto pela vida rural.
“De tardezinha eu vou lá, trato os bichos, me sento na sombra e fico escutando os passarinhos. Gosto de vir aqui para ouvir o silêncio. Adoro fazer isso”, contou ele. Momentos terapêuticos como estes que Schneider disse sentir necessidade de viver, demonstram que este é um negócio misturado com lazer, definitivamente.