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DIÁRIO RURAL: Meliponicultor de Nova Petrópolis se torna referência para o Estado

27/05/2020 - 09h31min

Atualizada em 27/05/2020 - 17h13min

Nova Petrópolis – A meliponicultura é a criação de abelhas sem ferrão para a produção de mel, colmeias e enxames. E é isso que faz Orlando Morschel, de 44 anos, morador da Linha São Jacó, há 12 anos no ramo. Orlando conta que desde criança gostava de “brincar” tirando os enxames de abelhas dos potreiros para pegar o mel fabricado por elas. “A gente não oferecia conforto para elas, apenas usufruía do que elas faziam”, comentou.

Mas a brincadeira ganhou consciência e ele, juntamente com o irmão Roberto Morschel, passou a cuidar dos insetos, oferecendo a elas caixas para que fizessem suas colmeias e fossem valorizadas. Em seguida, a atividade virou um vício e o vício se tornou sua profissão e maior fonte de renda da família. “A partir de 2008, estudamos técnicas de manejo, divisões e multiplicações de enxame, com isso aumentamos o plantel. Começamos com algumas espécies e depois aumentamos”, disse.

“A parceria é o que leva ao conhecimento e ao reconhecimento. A abelha significa vida”

Colmeias produzidas (Créd.: Francis Limberger)

São tantas abelhas, que se torna impossível contar. Ele possui entre 1000 e 1200 caixas, de mais de 20 espécies de abelhas nativas da América do Sul, o que o torna o maior meliponicultor do Rio Grande do Sul. “Umas são maiores, outras menores, umas mais coloridas, outras mais listradas. Hoje, a minha propriedade representa boa parte da renda financeira, que vem da própria abelha sem ferrão. É muito gratificante, trabalhar com algo que a gente gosta e ainda ter uma renda”, explica.

Produção

A venda do mel não é sua principal atividade, mas sim, a venda dos enxames e colmeias para novos criadores. Por conter tantas, ele pode multiplicar as colmeias e comercializar, sem tirar os enxames da natureza. A intenção de Morschel é que cada vez mais pessoas conheçam as abelhas sem ferrão e se tornem criadores que produzem o próprio mel.

Elas não oferecem perigo (Créd.: Divulgação)

“Criamos colmeias em caixas menores e apropriadas, que podem ser mantidas até mesmo na sacada de casa, ou em apartamentos. Há 30 anos, poucas famílias tinham cachorro dentro de casa, e se perguntarmos agora quem tem enxame de abelha, é muito pouco. Então temos uma visão que conseguimos crescer muito nessa área. Sempre brinco que se as pessoas forem viajar, ninguém precisa ficar cuidando das abelhas. Elas seguem trabalhando”, falou.

“A gente entra com alimentação energética, são nossos bebezinhos”

As abelhas são usadas também para vários produtos. Com o seu própolis e pólen, são feitos xampus, aromas e também hidromel, uma das primeiras bebidas alcoólicas do mundo, que é a água com o mel, e depois da fermentação, se torna a bebida. Trabalham na atividade, além dos irmãos Morschel, também a esposa, o filho e o pai de Orlando.

Orlando Morschel mostrando seu trabalho (Créd.: Francis Limberger)

Interação com as crianças

O produtor explica que, por não possuírem ferrão, as abelhas são dóceis, e por isso podem ser trabalhadas com crianças, jovens e idosos sem nem macacão ou equipamentos de proteção. Ainda assim, elas possuem sua própria maneira de se defenderem. “Elas não atacam, apenas se defendem. Algumas enrolam no cabelo, outras beliscam, algumas soltam um ácido para espantar que mexam nos ninhos. Mas nada que preocupe”, afirmou.

Diferentemente das abelhas com ferrão, estas podem ser criadas em zonas urbanas. “Meu foco é produção de enxames para novos criadores. Fazemos feiras na Praça das Flores, Expointer, eventos, damos palestras e cursos para que mais pessoas tenham essa consciência de criar abelhas na sua sacada”. Além disso, elas são usadas em escolas para educação ambiental, em clínicas de recuperação para terapia ocupacional, em universidades para estudos, entre outras atividades.

São mais de 20 espécies de abelhas sem ferrão (Créd.: Divulgação)

Importância para o meio ambiente

Orlando explica que as abelhas são importantes para toda a humanidade. “Estudos dizem que se as abelhas morrerem, a humanidade morreria após quatro anos porque não teríamos mais comida”. Elas coletam néctar e levam grãos de pólen de uma planta para outra, fazendo com que tenham mais frutas por árvores e com um tamanho maior. “Muitos produtores dependem de agroquímicos e esquecem as abelhas, que são fundamentais. Toda nossa vegetação nativa depende da polinização das abelhas, elas tem um papel de extrema importância”, contou.

Abelhas têm suas próprias casinhas, mas podem ser criadas em apartamentos reais (Créd.: Francis Limberger)

Essa preocupação de Morschel, fez com que ele e o município se tornassem referência para todo o Estado desde 2015. “Graças ao nosso trabalho, com apoio da Prefeitura, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Petrópolis e Picada Café, universidades, etc.. A parceria é o que leva ao conhecimento e ao reconhecimento. A abelha significa vida.”, disse.

Caixas de criação

As caixas das abelhas possuem aberturas, isso permite que elas entrem e saiam quando quiserem. Segundo ele, algumas gostam de sair quando está escuro, outras quando está mais calor. As diferenças também estão no sabor e aroma do mel que produzem, pois cada espécie coloca uma enzima diferente. Tem mel que possui um gosto mais amargo.

“Há enxames com 5 a 10 mil abelhas, outras com 50 mil na caixa. Algumas só com 400, 800 abelhas. Trabalhamos, inclusive com caixas didáticas fabricadas com vidro, em que se consegue visualizar por fora, como eles são por dentro”, explica. E, é claro, não se pode descuidar da alimentação das novas abelhinhas. “A gente entra com alimentação energética, que seria água com açúcar e o próprio mel, são nossos bebezinhos”, brinca.

São mais de 1000 caixas de abelhas (Créd.: Francis Limberger)

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