Diário Rural: primeira agroindústria de mel de Nova Petrópolis surgiu de pai pra filho

Nova Petrópolis – Hoje, a Horti Dall’Agnol é a primeira e única agroindústria de mel do município. Isso lhes permite vender o produto para todo o estado, sendo possível ser revendido em grandes redes de supermercados no Rio Grande do Sul. Mas nem sempre isso foi assim. Tudo começou há tanto tempo, que eles nem lembram mais a data correta.

A criação de abelhas para fabricação de mel iniciou com Ildo José Dall’Agnol, hoje com 57 anos, há mais de três décadas. Atualmente, quem cuida e profissionalizou o trabalho, foi seu filho, Fábio Dall’Agnol, de 31 anos. “Meu pai ainda era solteiro quando começou. Vendia para os vizinhos e amigos. Depois casou com a minha mãe e eu e meus irmãos crescemos vendo essa atividade e, há um ano e meio, nos profissionalizamos”, contou Fábio.

Hoje, Ildo continua cuidando do mel, mas como passatempo, pois toda a parte burocrática é com Fábio. Na propriedade, há cerca de 300 colmeias, com milhares de abelhas em cada. Nos dias de calor, chegar perto é arriscado, pois elas voam ao ar livre, fazendo seu trabalho. Já em dias mais frio, as abelhas fazem como nós, ficam dentro de suas casas.

Mel produzido na propriedade é encontrado em três formatos

Passo atrás

O que era para dar um salto na atividade, acabou indo pelo caminho contrário. Ao tornarem-se profissionais, a agroindústria passou a fazer parte do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), portanto, só poderiam comercializar dentro de Nova Petrópolis. “Isso travou totalmente nossas vendas. Foi muito ruim no início”, relembra Fábio. Mas, depois de dois meses, conseguiu se inserir no Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar (SUSAF/RS), podendo, assim, expandir seus negócios.

Atualmente, eles produzem cerca de três toneladas de mel por ano. O principal destino é Porto Alegre, mais precisamente, o Mercado Público. Mas, antes da pandemia, também participavam de feiras expondo seus produtos. São três tipos diferentes de mel silvestre, líquidos, e em favos, para aqueles gostam de apreciar melhor o sabor.

Produção

As abelhas vivem em caixas, onde fabricam suas colmeias. Quando uma caixa está completa, os produtores adicionam uma caixa extra com novos suportes. Assim, elas sobem para o novo anexo, e lá continuam a produção. Uma pequena lâmina é posta no suporte para que elas possam iniciar seu trabalho. “Dessa forma, em uma florada boa, elas enchem a caixa em cerca de 20 dias”, explicou Fábio.

Hortaliças

Tomates grape e cereja são os principais produtos atualmente

Embora a atividade tenha se tornado profissional, a produção de mel virou uma renda secundária. A família investiu, há quatro anos, em estufas para o cultivo de hortaliças. São três estufas que produzem pimentões vermelhos e verdes, além de quatro tipos de tomates: cereja, grape, italiano e o longa-vida. Embora esses dois últimos estejam com os dias contados.

Ao todo, são quase 9700 vasos cultivando as hortaliças, sendo 4032 apenas para os tomates grape e cereja, que são o carro-chefe da produção. Há ainda outros 1200 de pimentão e 4465 para o italiano e o longa vida. De acordo com pai e filho, estes tomates geram muito trabalho e pouco retorno financeiro. Por isso, em breve o que está sendo produzido será colido e tudo dará lugar para os tomates menores.

Se lucrativamente esses dois tomates não são o melhor negócio, saborosamente sim. Ildo Dall’Agnol os come o dia inteiro, dentro das estufas, colhidos diretamente dos pés. “Enquanto eu tô aqui dentro, eu tô comendo”, afirma. E seja para consumo próprio ou para vendas, 1500 quilos destes tomates são colhidos todas as semanas.

Já os tomatinhos, leva um pouco mais de tempo para serem retirados dos pés. “Se considerarmos só desde o transplante para os vasos, são dois meses até podermos colher. Mas desde o momento da semeia, aí são em torno de três meses”, afirmou Fábio.

Ildo Dall’Agnol não desperdiça um tomate colhido na hora

Coronavírus

O produtor não sabe dizer quanto, mas diz que certamente a pandemia do coronavírus afetou a produção. Sua propriedade fica no interior de Nova Petrópolis, e no local trabalham, além dele e de seu pai, também sua esposa Eduarda, sua mãe Sônia, e o irmão Guilherme. Nenhum deles contraiu o vírus, mas o trabalho teve perdas. Mercados, principalmente os pequenos, passaram a comprar menos. Por isso, o ritmo de plantação precisou ser diminuído para se adequar ao momento de incertezas.

Outras frutas

Além de tudo o que é comercializado, a família também tem seu próprio pomar. Quem tiver coragem de ir perto das caixas de abelha, passará por diversas árvores com frutas. O que mais se vê, são as bergamotas.