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DIÁRIO RURAL: voluntários cultivam horta para fornecer alimentos ao Hospital Nova Petrópolis
Nova Petrópolis – Com o objetivo de fornecer hortaliças totalmente sem agrotóxicos a pacientes do hospital, voluntários se uniram no final do ano passado para dar início a um sonho e a uma atividade que traz alento a quem precisa e, também, economia aos cofres da casa de saúde. Contando com a ajuda de empresas e poder público, um grupo de pessoas começou a Horta Comunitária do Hospital Nova Petrópolis.
A inspiração para esta horta vem de muitos anos, como contam os voluntários Jonatas Furstnow e Kelly Spier, quando um antigo funcionário do hospital cultivava algumas verduras no terreno localizado nos fundos do HNP. Com o tempo, o funcionário deixou a instituição, a atividade foi interrompida, e o terreno voltou a criar mato. Mas um vizinho, Seu Beno, sempre teve a vontade de retomar a atividade e conseguiu reunir pessoas que estavam interessadas em trazer de volta essa importante horta.
Em novembro do ano passado, uma sociedade civil foi montada e o grupo contatou o administrador do hospital e a presidente da OASE, mantenedora do hospital, e perguntaram se poderiam reativar a horta e produzir alimentos saudáveis para a cozinha hospitalar. A ideia foi prontamente aceita e o planejamento começou. Inicialmente, o objetivo era utilizar água da chuva, por meio de cisternas, para a irrigação. Mas o alto custo para adquirir um tanque acabou fazendo com que o grupo buscasse outros meios.
Então, um antigo poço desativado que fica perto dali, foi usado para trazer água até a horta, com autorização e ajuda da Prefeitura. “Hoje temos um sistema de irrigação funcionando e conseguimos todos os materiais através de doações. Várias empresas doaram material hidráulico”, comentou Spier. Com tudo alinhavado, o plantio iniciou em maio deste ano e a primeira colheita ocorreu em julho. De lá pra cá, ao menos duas vezes por semana, caixas de hortaliças são levadas ao hospital.
Cultura
A variedade na horta comunitária é grande, incluindo frutas, verduras e raízes. Tudo com recursos próprios dos voluntários, o local já conta com alface, couve, cenoura, alho-poró, beterraba, ameixa, laranja, limão, entre tantas outras. Semanalmente, uma nutricionista do hospital monta um cardápio daquilo que é mais necessário, e os agricultores levam as caixas até a cozinha. “Recentemente eles precisavam de beterraba, nós colhemos uma caixa inteira e levamos. Se fosse comprado, sairia muito caro”, contou Furstnow.
Conforme o cultivo é feito, o aprendizado vai aumentando. Segundo os voluntários, o hospital precisa muito de itens como cebola, tomate, cenoura e batata. Porém, este último ainda não será possível plantar no momento. Por outro lado, o terreno foi inteiramente limpo para que feijão e aipim fossem cultivados. “O Hospital consome cerca de 1,5kg de feijão por dia. É uma demanda grande que estamos nos adaptando para conseguir atender a essa necessidade”, explicou o voluntário.
Agora, outra parte importante do projeto está prestes a ser implementada: o irrigamento por meio de cisterna. A Cooperativa Piá doou um tanque com capacidade de 10 a 12 mil litros de água que poderá ser usada para a ideia inicial dos voluntários. A água será captada também com apoio de um vizinho, que cedeu a calha de sua casa para despejar a chuva diretamente no tanque. “A gente vai conseguir fazer o que queríamos como plano A. E agora o tanque veio em boa hora porque está vindo um período crítico de estiagem, por isso queremos acelerar essa instalação”, ressaltou Spier.
Trabalho em conjunto
O grupo de voluntários conta com aproximadamente 20 pessoas, e todos os sábados, aqueles que podem vão à horta para capinar, plantar, colher e o que mais for necessário. Quem não pode nos finais de semana, faz o que consegue durante a semana. Mas quem está sempre presente é o Seu Beno, que lá atrás deu o pontapé inicial. Aos 72 anos, ele vai todos os dias, às sete da manhã, ligar a irrigação. Seu amor pela horta é uma das principais sementes de um cultivo voltado a ajudar pessoas.
Num futuro próximo, a horta comunitária também terá o acréscimo de plantas medicinais. Mas por hora, ainda é uma ideia a ser implementada. E daquilo que se produz, nada vai fora. Mesmo que nem sempre seja possível atender todas as demandas, já houve momentos em que algumas hortaliças sobraram e foram doadas ao Corpo de Bombeiros e asilos do município.
E, por fim, algumas mãos extras ainda são muito bem vindas. Quem estiver interessado, em fazer parte do grupo de voluntários, ou até mesmo fazer doações de materiais, pode entrar em contato com o Jonatas pelo telefone (54) 99922-5358.