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Dois Irmãos: alta do dólar e exportação devem movimentar o setor calçadista em 2021

24/03/2021 - 07h56min

Dois Irmãos – Que o ano de 2020 foi de muitos desafios e dificuldades para muitos setores da economia, isto não é novidade. Alguns citam como a crise causada pela pandemia uma das piores dos últimos anos. Mas a esperança para 2021, ao menos para um dos setores que mais movimenta as atividades industriais da região, o calçadista, é de um ano com potencial interessante para a exportação de produtos.

Gilmar Weber é gerente de exportação da Wirth Calçados de Dois Irmãos

Ao menos é o que pensa o gerente de exportação da empresa Wirth Calçados, de Dois Irmãos, Gilmar Weber, o Chile. Para ele, mesmo com a previsão de crescimento para 2021, provavelmente não se recupere em apenas um ano o que se perdeu no último. “Aumentando a exportação, tu vai também recuperar emprego e com isto melhorar a capacidade das pessoas de terem recursos”.

Chile atua no mercado financeiro há muitos anos, já passando e vivendo vários momentos de decadência. Para ele, os efeitos da pandemia geraram a pior crise dos últimos 40 anos. “Esta foi a mais drástica, a mais difícil, porque ela atingiu o mundo inteiro, e não apenas um setor ou um país. Eu ainda tinha julgado que ela poderia ser muito pior do que foi. Tirando a pandemia, os piores anos do setor calçadista foram 2008/2009”.

Chile realizando operações à moda antiga: pelo telefone

Longa carreira no calçado

Chile começou a trabalhar na Wirth, passndo pelo sistema financeiro Unibanco e voltando para o setor calçadista em 1980, onde segue desde então, voltado para a exportação, câmbio e finanças. De lá para cá, Gilmar já vivenciou diversas crises e recuperações no setor do calçado:

1982 – Desvalorização com Delfin Neto
1986 – Plano Cruzado
1987 – Plano Bresser
1989 – Plano Verão/Mailson
1990 – Plano Collor
1994 – Plano Real
1995 – Crise do México
1997 – Crise da Ásia
1998 – Crise da Rússia
1999 – Crise cambial Real
2000 – Crise da Argentina
2001 – Atentado das Torres Gêmeas (EUA)
2008/2009 – Subprime
2020 – Pandemia de Covid-19

PINGUE-PONGUE: Ano será bom para a exportação

  • Qual a tua previsão para o setor calçadista em 2021?

Chile – “Eu acredito que vai ser um bom ano para a exportação, vai melhorar em relação ao ano passado. A crise realmente foi muito grande. Acho que o mercado interno tende a dar uma recuperada, mas de forma muito lenta. Temos um consumo represado, melhorando a medida que a vacinação avança”.

  • E a desvalorização do real com relação ao dólar?

Chile – “Temos a desvalorização da nossa moeda frente ao dólar e também ao euro, mas isso favorece a exportação, porque tu fica mais competitivo. A medida que tu tem um dólar mais alto e um euro também, tu fica mais competitivo porque teus preços caem. E tende que as pessoas comecem a se recuperar também. Com esta grande injeção de dinheiro em todos os governos do mundo, eu acredito em uma recuperação. Os Estados Unidos estão no topo desta recuperação pós-Covid, junto com a China, é claro”.

  • Você acredita na recuperação em 2021?

Chile – “Como a queda foi muito violenta, ainda se recuperará apenas um pedaço do que foi perdido. Mas, aumentando a exportação e alimentando o mercado doméstico, tu vai também recuperar emprego e com isto melhorar a capacidade das pessoas de terem recursos. No modo geral, a previsão é de crescimento em 2021, mas talvez não se recupere em apenas um ano o que se perdeu no último.”

  • Qual a expectativa de exportação para este ano?

Chile – “A exportação deve subir justamente por conta da taxa de câmbio, que subiu neste período todo. A partir do momento que tu tem moedas de fora mais forte, tu fica mais competitivo e o preço cai. Agora precisamos ver quanto tempo essa curva vai segurar. Mesmo assim eu acredito que a taxa de câmbio vai continuar a favorecer a exportação. Vai precisar ainda fazer um bom produto, com qualidade e produtividade, para tu poder buscar os mercados.”

  • Quais os principais mercados internacionais para exportar calçados em 2021?

Chile – “Eu acredito que os EUA, neste momento, serão o principal mercado de recuperação. A Europa vai continuar a se recuperar, mas em um ritmo mais lento que os Estados Unidos. Único mercado que deve continuar com grande dificuldade é o argentino. Este vai continuar sofrendo. No geral, todo mundo deve começar a comprar novamente e a exportação tende a crescer”.

  • De que forma o aumento da taxa Selic pode facilitar as exportações e o mercado calçadista em 2021?

Chile – “A medida que sobe a Selic, vai equilibrando um pouco mais a taxa de câmbio. Mas a acima de tudo segura a inflação, que corrói os salários e o poder de compra da população. Não existe maior penalização que o desemprego e inflação sem crescimento. A Selic vai corrigir tudo isto, lentamente”.

  • Ao longo das décadas, atuando no mercado financeiro, Gilmar já passou por várias crises econômicas, planos de governo e tudo mais. Esta crise de 2020, em função da pandemia, foi a pior dos últimos tempos?

Chile – “Não tenha dúvida que a pandemia foi a pior crise dos últimos 40 anos. Ela foi a mais drástica, a mais difícil, porque ela atingiu o mundo inteiro, ela não foi um setor ou um país, ela atingiu a todos. Muito mais forte que o Plano Cruzado ou o Plano Collor. Eu ainda tinha julgado que ela poderia ser muito pior do que foi.”

  • Tirando 2020, qual foi o pior ano do setor calçadista?

Chile – “Tirando a crise da pandemia, o pior ano do setor calçadista foi entre 2008/2009, que foi a Crise do Subprime americano, porque ele afetou muito as nossas empresas. Muita gente ficou pelo caminho e outras ficaram menores do que eram. Muito exportador sofreu muito neste período, que acabou quebrando muito banco no mundo inteiro, afetando o sistema financeiro.”

  • Para fechar, qual é a maior sequela de uma crise ou de uma recessão?

Chile – “A maior chaga que as crises deixam é a falta de emprego. A falta de trabalho é a falta de perspectiva, do mais essencial na tua vida. Se recuperando o setor calçadista como os outros, nós teremos de volta esta perspectiva de vida. Com esta taxa de câmbio, as exportações e o setor calçadista vão recuperar e avançar nos mercados. Assim é a torcida e o desejo de todos”.

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