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Eleições em meio a pandemia de Covid-19 desafiam candidatos e eleitores

01/09/2020 - 11h09min

Carreatas podem ser comuns neste período (Créditos: Cleiton Zimer)

Região – Foi dada a largada para o período de convenções municipais que irão escolher os candidatos ao pleito. A votação de novembro será talvez uma das mais diferenciadas da história democrática do Brasil. Estamos em meio a uma pandemia, e tudo o que envolve corpo a corpo e aproximação física de candidatos é fortemente desaconselhado neste momento.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até alterou algumas regras para as eleições, como a própria data do pleito, que seria em outubro, mas outras permaneceram como são habitualmente. Por exemplo, comícios estão liberados de 27 de setembro a 12 de novembro, bastando que haja comunicação até 24 horas antes, para que seja garantido o uso do local.

Everton Santos, professor da Universidade Feevale (Créditos: Divulgação/Universidade Feevale)

“A eleição municipal é muito diferente da estadual ou nacional. Tem muito mais corpo a corpo, e acredito que isto vai se manter, mas os candidatos terão certo cuidado”, afirma o professor da Universidade Feevale e pós-doutor em Ciência Política, Everton Rodrigo Santos. De acordo com ele, o uso das novas tecnologias, que já eram tendência, será ampliado no pleito atual.

Ainda que o professor concorde que a internet, WhatsApp e as redes sociais sejam ferramentas de grande relevância para o conhecimento do candidato, nem sempre isto é regra no interior dos municípios como os da região. Por geralmente concentrar uma população mais idosa, e pouco afeita à tecnologia, o olho no olho ainda é fundamental.

“Nestes locais, penso que as carreatas podem retornar com tudo. Elas são mais seguras e vêm dado certo em outras situações durante a pandemia”. Visitas nas residências, relativamente comuns durante o período de campanha, podem também acontecer, de acordo com ele. “Fazer uma conversa mais distante, um ‘meio corpo a corpo’, pode ser possível”.

Aglomerações em comícios e passeatas

Sobre os comícios e passeatas, que também costumam gerar aglomerações, a chefe do Cartório Eleitoral de Estância Velha, Detiana Pereira, informa que eles foram permitidos porque, quando a resolução do TSE com estes regramentos foi publicada, não havia a pandemia. “Os novos regramentos foram apenas no sentido de modificar os prazos da eleição”.

O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) e também professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki, afirma que não há como mensurar qual o grau de contaminação que eventos do tipo podem gerar, mas alerta que reuniões, especialmente em locais mal ventilados, podem ser vetores de proliferação da Covid-19, mesmo com o uso de máscaras.

“Num comício, normalmente se fala muito alto e se grita muito forte, então se aumenta muito mais o risco, então é o tipo de situação que deve ser evitada ao máximo”. Porém, ele elogia outras medidas que serão eventualmente implementadas no pleito, a exemplo do distanciamento em filas, ampliação do horário de votação em uma hora e a suspensão do reconhecimento biométrico.

“Comício é o tipo de situação que deve ser evitada ao máximo”

Possibilidade de ausência de eleitores e mesários preocupa

Recentemente, o TSE foi questionado sobre a possibilidade de haver uma grande ausência de eleitores e mesários voluntários na votação de novembro, em razão da pandemia. O presidente do Tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, rechaçou esta hipótese inicial e se disse “confiante” nas medidas para garantir “o máximo de segurança” a ambos os grupos.

O Cartório Eleitoral está preocupado com as eventuais abstenções, especialmente dos mesários. Na 118ª zona, que abrange Estância Velha, Ivoti, Lindolfo Collor e Presidente Lucena, há por volta de 970 pessoas cadastradas. “Nossa zona eleitoral está contatando os que atuaram nas eleições passadas, perguntando se tem interesse em atuar nesta e se são do grupo de risco”, comenta Detiana.

Na região, ainda não há convocações dos mesários, que começam, nesta terça-feira, a serem capacitados. Preferencialmente, os treinamentos serão de forma virtual, mas alguns podem receber capacitação presencial, seguindo com todos os protocolos de segurança. A entrega das cartas de convocação pode ser pelos Correios, mas para os voluntários, por e-mail, SMS ou WhatsApp.

Algumas permissões e proibições na eleição

Ações permitidas

  • Alto-falantes e amplificadores de som, de 27 de setembro até a véspera da eleição, entre 8 e 22 horas, desde que longe das sedes da Prefeitura e Câmara, hospitais, casas de saúde, colégios, bibliotecas públicas e igrejas
  • Bandeiras, desde que não atrapalhem o trânsito de veículos e pedestres. No dia da eleição, a manifestação deve ser silenciosa
  • Passeatas e comícios, de 27 de setembro até a véspera da eleição, bastando comunicar à polícia, para garantir o uso do local, bem como o funcionamento do tráfego
  • Distribuir folhetos e santinhos até as 22 horas do dia antes das eleições

Ações proibidas

  • Confeccionar brindes que representem vantagens ao eleitor, como camisetas, bonés, chaveiros, canetas e outros
  • Instalação de outdoor, eletrônico ou não
  • Boca de urna, no dia da eleição, divulgar propagandas de partidos ou candidatos
  • Disparo em massa de mensagens instantâneas sem permissão do destinatário

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