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Em Nova Petrópolis, viajante completa 300 igrejas visitadas

24/01/2021 - 16h47min

Atualizada em 24/01/2021 - 20h11min

Motociclista mantém a fé em todas as viagens (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – Ter uma “pedra no caminho” costuma ser motivo de obstáculo para seguir em frente. Mas, para o motociclista Ladir Prusch, de 54 anos e morador de Taquara no Vale do Paranhana, as pedras são pequenas relíquias que o fazem seguir em frente em busca de um sonho: visitar o maior número de igrejas possíveis e conhecer histórias locais para levar consigo na bagagem de volta pra casa. As pedras são lembranças físicas de cada uma. Ao chegar em uma nova igreja, ele escolhe uma que esteja por perto, coloca em um saquinho com etiqueta, onde marca o dia, a hora, o local e o número da igreja visitada, e leva para casa.

Essa importante jornada, que começou em 10 de setembro de 2016 ao visitar a Igreja de Nossa Senhora das Lágrimas, no interior de Santo Antônio da Patrulha, completou um capítulo especial. No sábado, 23, o motociclista esteve na Paróquia São Lourenço Mártir, em Linha Imperial, para visitar a igreja de número 300 em sua missão. Era pouco depois das 14 horas quando Ladir estacionou sua moto em frente a Paróquia, coletou uma pedra com cerca de 10 centímetros de diâmetro, catalogou e entrou na igreja para fazer sua oração. No caminho, pegou sol e chuva, elementos que fazem parte de sua vida na estrada.

Ladir Prusch em frente a Paróquia São Lourenço Mártir (Créd.: Dário Gonçalves)

Mas a história de Ladir começa ainda antes de coletar as pedras. No dia 12 de outubro de 2014, ele se reuniu com mais nove pessoas para rezar um terço em uma gruta, nos fundos de sua casa, que ele mesmo construiu. Cada pessoa registrou sua presença fazendo uma anotação a próprio punho em um caderno. As rezas continuam até hoje, sempre com os nomes sendo registrados e aumentando a história. “Esse caderno é uma maneira de manter a história viva. Têm pessoas que marcaram seus nomes e já não estão mais entre nós”, conta. E as pedras coletadas, 300, ele usa para forrar um altar construído para a imagem de Nossa Senhora Aparecida, na gruta de sua casa.

Histórias

Quando decidiu começar sua peregrinação, muitos não entenderam. “Você vai ficar pegando pedras por aí?”, perguntavam. E a resposta era sempre positiva, pois sempre teve o desejo de valorizar a vida e viver enquanto é tempo já que, como ele mesmo disse, a vida passa muito rápido para perdermos tempo parado.

Nessa busca por histórias, ele já viajou mais de 21.400 km de moto e 2.600 km de carro, entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ele gosta de sentar-se junto a pessoas que estejam próximas à Igreja e conversar, principalmente com os mais velhos, que adoram contar coisas sobre o passado. “Toda Igreja tem sua história, quem foram os primeiros moradores… Sempre em locais próximos de água, se constrói a primeira casa, depois vem o primeiro boteco e depois a primeira igreja. Aí as pessoas se mudam de casas, os botecos mudam, mas a igreja permanece”, explica.

Já são mais de 21 mil km percorridos de moto (Créd.: Dário Gonçalves)

Em troca para aqueles que doam um pouco de seu tempo para uma conversa, Ladir deixa um terço como forma de agradecimento, e também para deixar a sua lembrança a quem receber. Já foram cerca de 200 presentes distribuídos.

Seguindo em frente

O próximo objetivo do motociclista é chegar agora na igreja de número 400. E essa viagem já começou. Ao deixar a paróquia de Linha Imperial, Ladir pegou a ERS-235 e logo entrou na rua Vicente Prieto em direção ao Pinhal Alto. Por lá, ele foi até a Igreja Imaculado Coração de Maria, depois rumou em direção à Picada Café, e seguiu pela Encosta da Serra, passando pelo Vale dos Sinos, até chegar em sua casa, novamente em Taquara. Mais do que as pedras, Ladir levou com ele um pedaço da história de Nova Petrópolis.

Ladir agora buscará chegar nas 400 igrejas (Créd.: Dário Gonçalves)

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