Destaques

Grupo de WhatsApp aumenta número de pessoas por trás da clínica investigada por fraude na Saúde

29/05/2019 - 06h45min

Atualizada em 31/05/2019 - 13h40min

Estância Velha – O grupo por trás da Previne Saúde, clínica investigada pela Polícia Civil por organizar um esquema fraudulento na Secretaria de Saúde do município, é maior do que o inicialmente apresentado. A revelação da participação de, pelo menos, mais dois novos nomes no esquema é possível em razão da identificação de um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp, em que figuram apenas os “caciques” da Previne.

Além de nomes já conhecidos no esquema, como é o caso de Wladimir Warnava, considerado o operador do negócio em Estância Velha, e de Luiz Amarildo Aguiar, que ainda segue como dono da clínica após uma briga dissolver o “esquemão”, também surgiram os nomes de Fernando Borba e de Amarildo José Dall’Ago.

Borba, que é pastor de uma igreja evangélica, em Porto Alegre, tem laços familiares com Márcia Schell, contabilista da Previne. O porto-alegrense é concunhado do irmão de Márcia. Vale lembrar, também, que a técnica em radiologia é esposa de Luiz Aguiar, sócio da clínica.

A história de Dall’Ago merece um capítulo à parte, que está em um box abaixo.

Como se vê, o real dono da Previne não está incluso na lista de contatos do grupo de WhatsApp. É que Josué Araújo Brum, morador de Mostardas, era apenas um laranja no esquema todo. Como já noticiado pelo Diário, ele apenas havia cedido o nome da sua empresa, a pedido de Wladimir Warnava, para que pudessem “competir” nas licitações da Saúde em Estância Velha.

ACOMPANHAR NEGÓCIOS
O grupo no WhatsApp foi criado em 19 de dezembro de 2017, por Fernando Borba. A data coincide com o período em que os integrantes do grupo planejavam “acampar” todos os serviços terceirizados pela Secretaria de Saúde de Estância Velha. Em razão da distância entre eles, o grupo no WhatsApp tinha a finalidade de aproximá-los em discussões em torno do rumo dos negócios.

Como é possível observar, o nome do grupo é “Clinisul Estância Velha”. O Diário já revelou, na semana passada, que esse é o nome da empresa do pelotense Luiz Amarildo Aguiar. O próprio já declarou à polícia que, quando foi chamado para participar do esquema, teve a promessa de que sua empresa seria instalada na cidade, no lugar da Previne.

Dados da Receita Federal indicam que o grupo estava se organizando há bastante tempo para assumir a administração da Saúde de Estância Velha. Luiz Aguiar registou a Clinisul em agosto de 2016, quando o serviço ainda era prestado pelo Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev).

A Clinisul, coincidência ou não, foi registrada com sede na rua São Pedro, nº 65, exatamente onde funciona a sede da Previne Saúde. No papel, aliás, a Previne não existe em Estância Velha.

Denunciado por fraude em Três Passos e por caso que deixou pacientes cegos em Encantado

Amarildo Dall’Ago sempre atuou nos bastidores e nunca apareceu no esquema montado em Estância Velha. O nome dele só entrou para o rol de suspeitos quando o grupo de WhatsApp veio à tona.

Dall’Ago é um administrador na área da saúde que coleciona no currículo processos por atos de improbidade administrativa quando administrou instituições de saúde no Vale do Taquari e na região Noroeste do Estado. Pela influência e conhecimento na área, Dall’Ago é suspeito de ser o pilar do grupo que se instalou na Saúde de Estância Velha.

Em 2012, quando era o gestor do Hospital de Caridade do município de Três Passos, Amarildo Dall’Ago foi denunciado pelo Ministério Público por atos de corrupção na administração da instituição. Segundo o MP, foram identificadas compras superfaturadas e o desvio de pagamentos de serviços de assessoria administrativa prestadas, curiosamente, pela empresa Dall’Ago Assessoria. Ou seja, como gestor do hospital, Dall’Ago contratou sua própria empresa para dar assessoria à instituição.

Além disso, Amarildo Dall’Ago responde a outro processo, mas desta vez movido pelo Ministério Público de Encantado, de quando foi diretor do Instituto Regional de Oftalmologia de Encantado.

Em 2015, mais de uma dezena de pacientes que foram submetidos a cirurgias de cataratas no Instituto de Oftalmologia ficaram cegas de um olho. O Ministério Público apontou que os pacientes tiveram a visão afetada por uma bactéria em razão das condições insalubres do local.

CONTRAPONTO
Ontem, Amarildo Dall’Ago conversou com o Diário e revelou que não tem nenhuma participação na Previne Saúde, investigada por fraude na Saúde de Estância Velha.

Relatou, contudo, que conhece as pessoas que estão por trás da empresa. “Conhecia a pouco tempo essas pessoas pela minha atuação na área de negócios relacionados à Saúde”, disse. Entretanto, como já dito, Dall’Ago participa do grupo desde 2017, o que coloca em dúvida sua relação recente com os sócios da Previne.

O administrador não soube explicar o motivo da sua participação no referido grupo de WhatsApp, apenas argumentou que participa de “vários grupos no Whats”.

Ele também afirmou que não indicou nenhum profissional para trabalhar na Previne, embora reconheça sua relação próxima com os administradores Gabriel Scalcon e Cassiano Sanagiotto. “O Cassiano trabalhou comigo durante 10 anos, o Gabriel também trabalhou um tempo comigo. Mas não fiz nenhuma indicação. Eles conquistaram as vagas pelos profissionais que são”, especula.

O Diário não conseguiu contato com Fernando Borba.

Copyright© 2020 - Grupo o Diário