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Herval: um trabalho diferente, mas sempre fundamental
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Dercio Ramisch, 57 anos, e Altino Zimmer, 59 anos, trabalham desde jovens como pedreiros. São vários anos de experiência dando vida aos mais variados projetos e sonhos das pessoas. Além disso, cabe a eles também outras funções, às vezes um pouco diferentes, como preparar os túmulos dos cemitérios.
O termo correto, nesse caso, não é coveiro; afinal, eles não dedicam seu tempo exclusivamente para isso; somente o fazem quando são contratados pelas igrejas ou famílias para executar o trabalho. Mesmo assim Dercio já tem uma vasta experiência na função; já Altino fez o serviço pela primeira vez quando a reportagem os acompanhou no Cemitério Católico de Nova Renânia.
Derciojá fez vários túmulos, principalmente no Cemitério Evangélico de Boa Vista do Herval no qual acompanhou por muitos anos o trabalho do seu Libório. “Depois, quando ele não podia mais, pediram para eu continuar”.
Um trabalho normal
Para eles é uma atividade normal, assim como qualquer outra. Ali, na Renânia, a dificuldade foi um pouco maior do que em outros cemitérios, pois é um local onde não há acesso para maquinas e, portanto, tiveram que cavar o buraco manualmente, com picaretas. “Dessa forma demora um pouco mais, acho que nunca cavei tanto”, comenta Altino, que, na sua primeira vez em fazer um tumulo, diz que não se surpreendeu, sendo apenas mais um trabalho a ser cumprido.
Foi necessário cavar os buracos com picaretas (FOTO: Cleiton Zimer)
Depois que o buraco está pronto eles sentam os tijolos, na medida exata de 80cm X 2m20cm. Há dois tipos de túmulos, um deles é individual e, o outro, duplo. A medida permanece a mesma, a diferença é que mais tijolos são sentados, aumentando a altura do que é duplo.
Altino recorda que, antigamente, as pessoas eram sepultadas diretamente na terra, sem uma estrutura ao redor; era somente o caixão. “Faz uns 25 anos que era assim”.
Reflexões surgem
Os dois pedreiros moram em Boa Vista do Herval. Apesar de ser uma atividade normal, eles contam que estar ali, trabalhando, traz algumas reflexões sobre a vida. “Às vezes a gente trabalha em um cemitério e vemos amigos sepultados, pessoas mais velhas, aqueles com quem a gente conversava, brincava”, conta Dercio.
Ele finaliza dizendo que “a morte é uma coisa tão natural, mas ninguém gosta de falar sobre isso”. Para ele, a maioria não tem medo da morte, mas sim do que acontece antes dela.
DercioRamisch, 57 anos
Altino Zimmer, 59 anos