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“Hoje está caro ser agricultor”, destaca presidente do sindicato
Por
Rogério Savian
Dois Irmãos/Morro Reuter – Foram mais de seis meses com chuva abaixo da média, entre novembro e maio. Um dos instrumentos balizadores para medir os reflexos dos prejuízos causados pela estiagem é o quanto a agricultura deixou de produzir no período. Pela falta de chuva ter ocorrido no verão, as maiores perdas foram nas lavouras de milho e na produção leiteira.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Pedrinho Becker, quem mais sofre neste caso é a agricultura familiar, que somados os dois municípios tem 500 famílias ligadas ao setor (350 em Morro Reuter e 150 em Dois Irmãos). “Na média para este ano, cada família de Morro Reuter terá R$ 14 mil a menos e as de Dois Irmãos R$ 20 mil. Isso é menos dinheiro para investir em maquinários e também movimentar a economia das cidades”.
150 SACOS
De acordo com o sindicato, no ano passado foram retirados 150 sacos de semente de milho pelo Programa Troca-Troca, o qual é pago na colheita. Já em 2020 subiu para 250 (150 de milho comum e 100 de transgênico). De modo geral a perda do milho nos dois municípios ficou entre 30 e 40%. “Quem plantou mais cedo produziu muito bem, porém nos meses de janeiro e fevereiro em muitas lavouras nem chegou a desenvolver”, explica.
Quem pegou estas sementes de milho, devido às perdas provocadas pela estiagem, terá uma ajuda no subsídio referente às sementes. Esse valor será devolvido numa safra futura. A informação, que havia sido anunciada pelo Estado, foi confirmada por Pedrinho. De acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura, 52 mil agricultores serão beneficiados com a medida. Dúvidas podem ser esclarecidas diretamente no sindicato. Uma das exceções foi Gilson Schumacher, agricultor de Linha Cristo Rei, que teve uma colheita relativamente boa.
Linhas de crédito
Diante da situação financeira fragilizada, uma das alternativas para muitos é buscar crédito fora para o custeio e plantio. Algumas linhas até tiveram redução dos juros, mas ainda não estão atrativas para o produtor. As taxas do crédito rural caíram de 4,6% para 4,0% ao ano nas linhas de custeio do Pronaf, mas ainda continuam altas para muitos. “Hoje o agricultor está pagando juros acima da Selic. Quem tem recurso próprio não compensa mais pegar financiamento”, finaliza o Pedrinho.