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Homem aplica golpe milionário em empresários de Estância Velha e região
Estância Velha – O sumiço de um empresário, que residia e trabalhava em Estancia Velha, causou pânico em dezenas de pessoas, que afirmam terem sido vítimas de um golpe milionário. Calcula-se que a ação criminosa tenha arrecadado em torno de R$3 milhões.
O caso envolve o empresário Alecsandro da Costa e a companheira dele, Natércia de Paula Moreira. Costa alugou um prédio na Av. Walter Klein, em Estância Velha, em 2018, e também comprou a operação dos antigos donos do imóvel, negócio que incluiu o estoque da loja, veículos, móveis, CNPJ e quadro de funcionários.
No local, o empresário trabalhou com a venda de materiais para a reforma e construção de imóveis, a JM Shopping da Construção. Com o empreendimento funcionando, Costa também fez um “contrato de gaveta” para a compra de uma olaria no município de Feliz. Além disso, abriu uma construtora e passou a atuar integrando as empresas para atrair negócios e contratos em Estância Velha e região.
Empresário desapareceu
Muitas residências e prédios comerciais já estavam em andamento, quando em dezembro do ano passado Costa carregou a mudança da família e também uma carga de materiais da JM Shopping e desapareceu. Alguns clientes contaram à reportagem do Diário que, desconfiados da movimentação, entraram em contato com o empresário e ele afirmou que estaria de férias.
Para os funcionários da loja, ele alegou que abriria uma filial em Novo Hamburgo, por isso a necessidade do transporte do estoque.
Janeiro chegou e Costa não retornou ao trabalho, nem as obras contratadas foram retomadas. Um cliente, que preferiu não se identificar, contou ao Diário que ligou para questionar o que estava acontecendo e o empresário falou que não poderia entregar mais o prédio, porque os preços dos materiais haviam aumentado muito, tornando o contrato inviável.
Dias depois, Costa encaminhou uma carta ao cliente reincidindo o contrato, e quando a vítima ligou foi ameaçada. “Ele disse que eu estava denigrindo sua imagem. Que a construtora era da esposa e ele estava se separando, não tinha compromisso com isso. Se eu continuasse ligando, ele me daria uma surra”, relatou.
O cliente disse que adiantou R$120 mil, do contrato de R$138 mil. O prédio foi deixado pela metade e a construtora, que tinha como slogan a construção de sonhos, acabou por destruí-los.
Crime foi bem arquitetado
As três empresas de Costa estavam registradas no nome da companheira Natércia. Para o locatário do prédio onde funcionava a madeireira, apenas de aluguel, Costa ficou devendo mais de R$30 mil. O pagamento da operação também não foi feito por completo, segundo a vítima, que registrou ocorrência policial.
Ao menos mais três ocorrências foram apresentadas ao Diário. Uma delas envolvendo a compra da olaria em Feliz. Isso porque a proprietária contou que Costa usou o CNPJ da olaria para encaminhar cinco empréstimos, que somaram em torno de R$745 mil, além do refinanciamento de um caminhão, no valor de R$165 mil e um consórcio de R$5 mil.
Com o consórcio, Costa conseguiu comprar um veículo que ele colocou para sortear aos clientes da madeireira, estimulando vendas maiores. As vítimas que conversaram com a reportagem do Diário contam que centenas de pessoas participaram da ação, e a camionete sumiu junto com Costa.
Ação configura diversos tipos de crimes
A reportagem do Diário procurou o delegado de Estância Velha, Rafael Sauthier, que considerou que ação configura diversos tipos de crimes, entre eles o de estelionato. Sauthier destacou que este é um crime em alta, segundo ele, porque o crime organizado tem migrado para o ambiente virtual e feito muitas vítimas.
O delegado enfatizou que em casos, como este que aconteceu em Estância Velha, é muito importante que as vítimas procurem a delegacia para o registro de ocorrência.
“A Polícia Civil vai investigar, juntar provas e representar a prisão preventiva do criminoso, junto ao Judiciário. Portanto, cada ocorrência registrada contra ele terá um peso para o juiz. É muito importante que as vítimas registrem. E as situações de ameaça e do próprio sorteio do veículo que desapareceu também são crimes”, explicou o delegado.