Destaques
Inclusão social: Conheça Marcelo, o menino de 13 anos com síndrome de down que concluiu o Ensino Confirmatório em Linha Nova

Linha Nova – Ele é um menino, está com 13 anos, é igual a todos e busca, ano após ano, mostrar que a vida é legal e merece ser vivida todos os dias, passo a passo. Seu nome é Marcelo Arthur Kempf, filho dos agricultores Ademar e Márcia, moradores do Rincão da Serra, distrito distante cerca de 10km do centro de Linha Nova. No domingo, dia 27, o jovem deu mais uma demostração que as pessoas com síndrome de down merecem todo o respeito e podem sim ser iguais a todo e qualquer ser humano. No altar da Igreja Evangélica de Linha Nova Marcelo, com mais duas colegas, recebeu a bênção do Pastor Guido Broenstrup e o tão sonhado diploma de conclusão do Ensino Confirmatório, uma ação religiosa dos evangélicos.
APAE DE FELIZ
Marcelo está com 13 anos e, desde que nasceu, é aluno da Associação de Paes e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Feliz. Os pais contam que ele chegou a frequentar a escola nas séries iniciais, porém, desistiu, pois não conseguia acompanhar os estudos. “Por ter síndrome seu aprendizado sempre foi mais lento”, lembra a mãe Márcia, 51 anos, que ano após ano acompanhava o filho até a APAE de Feliz, devido aos cuidados necessários no transporte. No momento, em função a pandemia, Marcelo conta com acompanhamento da APAE, com atividades remotas, realizadas em casa. Realizar as atividades em casa passou a ser apenas mais um desafio para a Família Kempf. “É um desafio a mais para a família, que precisa se dedicar e auxiliar ele. Nem sempre é fácil, pois precisamos respeitar o tempo do Marcelo. Cada passo na vida dele é um desafio para ele, e para todos da família”, afirma a mãe.
“O Ensino Confirmatório foi mais um desafio para nós”, diz pai
A Família Kempf é natural e reside em Rincão da Serra. Além de Marcelo, o casal possui mais dois filhos: Alessandra, com 27 anos, e Adilson, 21. Os irmãos trabalham em Nova Petrópolis, mas, em casa, ajudam nas tarefas diárias a qual um menino com síndrome de down requer. O pai Ademar, 55 anos, lembra que a pessoa com síndrome de down requer ações e cuidados na vida toda. “A confirmação foi mais um passo desses, um desafio e tanto, mas essencial para a vida do Marcelo. Ficamos muito felizes com mais esse passo que ele deu, que apesar das dificuldades e limitações, não foram motivos para desistência”, afirma.
O CARINHO E A PACIÊNCIA DO PASTOR
A família Kempf sabe que na vida, muitas pessoas passam e marcam época. No caso do Ensino Confirmatório do Marcelo, eles atribuem a conquista ao Pastor Guido Broenstrup. “Contar com o carinho e paciência do Pastor, que nunca mediu esforços para ajudá-lo, e fazer algumas adaptações necessárias para o acontecimento da mesma, foi essencial. Somos gratos tanto ao Pastor, como toda a comunidade, que sempre demonstrou carinho e afeto pelo Marcelo”, declarou a irmã, Alessandra.
“Incluir todas as pessoas em todas as atividades, de forma natural. É aí que começa a inclusão”, afirma pastor Guido
Pastor desde 1978, Guido Broenstrup relata a importância de tratar todas as pessoas igualmente. Pastor da IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana até hoje, Guido é natural de Três de Maio. Atuou nas paróquias de Salvador do Sul, Santo Augusto, Tuparendi, Nova Petrópolis, São Sebastião do Caí e desde 2013 na Linha Nova. Ao longo dos anos, ele afirma que teve muitos casos semelhantes ao de Marcelo. “Sempre fui da opinião de incluir todas as pessoas em todas as atividades de forma natural. Aí começa a inclusão”, destacou. Para o religioso, fazer ensino confirmatório diferenciado iria estabelecer a diferenciação entre as pessoas. “Não é fácil, mas necessário não diferenciar e procurar o convívio no tempo de preparação para a Confirmação para que realmente possamos celebrar a Confirmação onde todos estão integrados como grupo na Igreja. Acho que a forma da preparação e o conteúdo devem vir ao interesse do Grupo e para todos sem distinção”, destacou.
“TODOS FILHOS E FILHAS DE DEUS”
Pastor Guido afirma ainda que não se pode fazer diferença entre as pessoas. “Todos nós somos diferentes uns dos outros, sem aqueles rótulos que a sociedade coloca em nós. Deus nos fez assim: do jeito que somos e é assim que ele nos aceita em seu amor”, disse. O religioso afirma que isso deve se refletir em todos os momentos na vida da Comunidade. “No batismo, na Confirmação, na Bênção Matrimonial, no Sepultamento e nas atividades dos grupos ou da igreja como um todo. Esse é o “corpo de Cristo” de que fala a Bíblia: Nós somos membros do corpo de Cristo que é a Igreja”, citou.