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Linha Nova: taipeiro reconstrói sozinho casa centenária destruída após acidente

05/06/2020 - 11h13min

Cristian, o solitário taipeiro trabalha na residência em Linha Nova

Linha Nova – Você está lembrado da residência centenária que foi destruída por uma máquina da Prefeitura em janeiro de 2018? Talvez sim, já que ela fica na Rua Progresso, a mesma do Centro de Saúde, na esquina com a Rua Henrique Spier, principal rua do município. Desde abril, ela está sendo reformada ao estilo tradicional, com o uso da técnica da taipa.

O trabalho é executado por um simpático homem, que de forma solitária monta a parede externa da residência, pedra sobre pedra. É Cristian Martins, 34 anos, de Nova Petrópolis, que afirma ser um dos únicos taipeiros da região. “Esse ofício veio a partir do meu bisavô”, comenta ele, enquanto talha as rochas que, ao final, irão compor a parte mais visível da casa.

A reconstrução da casa, que por coincidência pertence à família do atual secretário de Obras, Pedro Fritsch, avança a olhos vistos. A taipa, explica Cristian, era utilizada nos tempos antigos, em que as residências eram construídas com os recursos disponíveis no entorno das propriedades. O principal material é a pedra de roça, comum na região, cujos encaixes são construídos à base da talhadeira.

Cristian, cujo orçamento foi considerado o mais barato pela Prefeitura para o trabalho de reconstrução, demonstra ter habilidade com o material. Em poucos golpes, uma pedra sai do estado bruto e fica lisa em um dos lados. Está pronta para ser encaixado em mais um pedaço da parede. O trabalho, desta forma, tem muito de artesanal.

Antiga, mas com um toque moderno

O toque moderno é feito com a massa, produzida também por ele, e que vai fixar as pedras na futura parede. Rochas que, aliás, foram reaproveitadas da casa antiga, por isso não houve a necessidade da compra de outras. No passado, quando a residência foi construída, o que as fixava era terra, misturada com materiais diversos, e até mesmo excremento de gado.

A parede externa da casa terá, quando concluída, por volta de 3,80 metros de altura, na parte mais baixa, e 4,25 metros na parte mais alta – as medidas são diferentes pois a rua em frente é uma lomba –. A construção tem, ainda, cerca de 7 metros de comprimento, além de 50 centímetros de espessura em toda ela.

Dia após dia, Cristian constrói a parede de uma moradia que promete ser forte novamente. A técnica da taipa é necessária para que ela possa voltar a ser apreciada por moradores e turistas. Mas, enquanto pratica seu ofício com precisão, pensa que talvez um grande desejo oculto ainda não foi realizado. “Ainda não tive um herdeiro”, comenta ele, enquanto ajeita mais uma pedra na parede.

Como foi o acidente

Em função de uma possível falha mecânica, uma pá carregadeira da Prefeitura invadiu a residência no dia 4 de janeiro de 2018. O operador de máquinas que conduzia o veículo, na época com 35 anos de idade, pulou da máquina e quebrou diversos ossos da face. A moradia ficou quase totalmente destruída.

A residência tinha seguro, e pertencia à cunhada do secretário Fritsch, que vinha eventualmente ao município, pois não morava ali, e também não estava no momento do acidente. No interior dela havia móveis e outros pertences da mulher. Também na época, o secretário disse que o operador tinha cerca de cinco anos de experiência no manuseio de máquinas do tipo.

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