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Lúpulo nova-petropolitano: projeto incentiva plantio no Estado e inclui Nova Petrópolis
Nova Petrópolis – A Secretaria Estadual da Agricultura, por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária, juntamente à Emater/RS, iniciaram recentemente o Projeto Monitoramento e Desenvolvimento da Cultura do Lúpulo no Rio Grande do Sul. O objetivo é levantar informações a respeito da cultura e, assim, fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva no Estado.
O projeto está em fase inicial e terá a duração de 12 meses, até agosto de 2021. Serão realizadas ações em propriedades rurais localizadas em Bom Jesus, São Francisco de Paula, Serafina Côrrea, Vacaria e Nova Petrópolis (três propriedades). O acompanhamento será feito sem custos ou ganhos para os agricultores. Será observada a rotina agronômica do cultivo do lúpulo; coleta de dados sobre o desenvolvimento das plantas; coleta de dados agrometeorológicos; coleta e análise de solo; dias de campo para treinamento da equipe técnica do projeto e levantamento de informações socioeconômicas da cultura do lúpulo.
Uma dessas propriedades fica na Cervejaria Edelbrau, que já produziu cervejas a partir do resgate e cultivo de uma variedade de lúpulo que era cultivada em Nova Petrópolis na década de 50. A descoberta ocorreu através da Emater, em uma propriedade rural do interior, e agora estão em cultivo cerca de 120 plantas, com cerca de seis metros de altura cada, no estacionamento da cervejaria. O proprietário, Fernando Maldaner, conta que já teve duas colheitas e se prepara para a terceira. Em 2019, foram 10 kg produzidos e colhidos que geraram mil litros de cerveja.
Cultivo
Maldaner explica que, para manter a plantação, a adubação é feita e todos os anos as cordas em que os pés crescem, são trocadas. A irrigação requer mangueiras que gotejam cerca de uma hora por dia, quando está quente. “Na hora que elas começam a crescer, tem que ter o cuidado de enrolar elas, sempre no sentido horário, para elas irem subindo”. A flor nasce entre os meses de dezembro e fevereiro e, depois de colhido, o lúpulo é mandado para análise para saber os teores dos componentes responsáveis pelos aromas e pelo amargor. “Em cima disso, montamos uma receita”, comenta.
O Engenheiro Agrônomo, chefe do Escritório Municipal da Emater, Luciano Ilha, explica que tudo o que está sendo feito é o início de um longo trabalho. A ideia é determinar as melhores variedades, as necessidades de adubação e qual o comportamento das diferentes variedades de lúpulo em cada região do Estado. “No passado se acreditava que não era viável produzir lúpulo no Brasil por questões climáticas, mas a gente vê que é possível. Queremos refinar o sistema de produção para tornar a cultura economicamente viável, oferecendo ao produtor mais uma opção para a geração de renda e para a diversificação de atividades na propriedade rural”, explica.
Comercialmente, o plantio ainda não é suficiente. Maldaner conta que teria que multiplicar por 100 a sua plantação, além de investimento em mão de obra e maquinário. Contudo, vê uma iniciativa muito forte e, assim como a cevada começou aos poucos e a demanda de cervejas artesanais está crescendo muito, o lúpulo pode seguir o mesmo caminho, mas em processo lento. O cervejeiro projeta que, talvez, daqui 10 anos a produção do Estado poderá atender 5% do mercado.
Menos custos, mais turismo
Hoje, a muda de lúpulo custa caro para os produtores, além disso, há uma dificuldade para se encontrar um produtor de mudas registrado. Segundo Ilha, até recentemente havia apenas três viveiros legalizados em todo o Brasil, oferecendo mudas de lúpulo. Mas, à medida que mais pessoas se interessem em produzir, há uma perspectiva de baratear. No caso da Edelbrau, o lúpulo será usado na própria cervejaria, e os demais produtores também são envolvidos no ramo. Nestes casos, ou eles usarão em produção própria, ou já possuem a quem destinar.
E para aproveitar esse cultivo, a Edelbrau pretende fazer da plantação, algo atrativo para os turistas. Ao redor dos pés, há placas informativas explicando sobre seu uso e sua origem. “Nós queremos estruturar essa área para que as pessoas venham, sentem-se à sombra dos lúpulos e desfrutem de uma cerveja. Não é algo comum e chama muito a atenção”, finaliza.