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Mais de 80 horas sem luz na Renânia: “a gente sente como se não valesse nada”

28/06/2021 - 14h19min

Atualizada em 11/07/2021 - 17h07min

Postes ficaram caídos e cabos expostos por mais de 80 horas (FOTO:Selani Maria Wingert)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Há anos os moradores da Estrada Serrana, da localidade de Nova Renânia, sofrem do mesmo problema. Já teve discussões com o Executivo, reuniões com vereadores, Ministério Público, com a própria RGE, mas nenhum resultado prático. Na semana passada, a situação se repetiu: 84 horas sem energia elétrica. Desde às 4h da madrugada quinta-feira, dia 24, estavam sem fornecimento, sendo normalizado apenas tarde de domingo, 27, por volta das 16h30. Foram quatro dias às escuras, no frio e na chuva, sem a dignidade de poder contar com a integridade do próprio lar.

De acordo com os moradores, o problema começou com a ventania de quinta-feira. Cabos foram arrebentados e ficaram caídos sobre o chão, resultando em quatro famílias sem energia elétrica. Logo a RGE foi acionada. A companhia não veio. Somente na tarde de sábado, três dias depois e próximo ao anoitecer, um caminhão da empresa foi ao local. Desligaram os disjuntores. O que já estava ruim, acabara de ficar pior: oito casas sem fornecimento.

Logo a empresa foi acionada, através dos moradores, da reportagem e do presidente da Câmara, Diego Lechner. Responderam que o desligamento foi feito diante da situação de risco, e que viriam para arrumar somente no dia seguinte pois durante a noite estavam impossibilitados.

Diante dos questionamentos quanto à inconformidade da ação – pois o risco havia há três dias sem atendimento -, poucas horas depois o caminhão voltou e religou a rede para que ao menos parte dos moradores pudessem ter energia elétrica.

As outras famílias tiveram a situação normalizada somente na tarde de domingo, após mais de 80 horas sem luz.

Moradores se sentem desassistidos e injustiçados

Nova Renânia é limítrofe com Gramado, distante do Centro de Herval. Moradores da Estrada Serrana estão desolados, sem saber à quem recorrer para que o problema seja, por fim, resolvido. Inúmeras tentativas já foram feitas, mas estão exaustos pois não veem resultados. A demora sempre ocorre na mesma rua. Quando há um incidente, diferente das demais localidades, há uma morosidade de dias para o reestabelecimento. “A gente sente como se não valesse nada”, lamenta Selani Maria Wingert, relembrando de situações em que demorou quase dez dias para o reestabelecimento.

Disse, ainda, que em audiência com o MP foi pontuado que a RGE não poderia mais permitir que isso acontecesse. “Mas não adiantou. Eles fazem de conta que não somos nada aqui nesse canto”.

Selani Maria Wingert (FOTO: arq. pessoal)

Explica que a conta sempre é paga em dia, e que pouco sentem a diferença em relação aos dias que falta luz. “Mas nas nossas casas perdemos alimentos para o nosso consumo e que vendemos”. Selani considera que todo o esforço vai para o “ralo”. Poderiam até cobrar ressarcimento, mas não há tempo para quem trabalha na roça. “E se formos correr atrás, isso demoraria anos. Gastaríamos mais em viagens e com perda de serviço do que receberíamos na indenização”, lamenta, se sentindo totalmente desassistida.

Liano Lechner teve que se deslocar 16 km para que a família pudesse ao menos tomar um banho digno. Seu filho menor precisa de nebulização, o que foi ainda mais grave. “O problema é que isso vai acontecer mais vezes. Morar aqui não é fácil. Precisa ter uma outra maneira, para que algo seja feito”.

Liano Lechner (FOTO: arq. pessoal)

Questionados quanto à necessidade de comprar geradores, os moradores dizem que poderiam fazê-lo mas, indagam o porquê de terem que gastar com isso se já pagam por um serviço da RGE, sem contar o fato de que a gasolina aumentaria a despesa das famílias.

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