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Mesmo com rigidez nas leis de trânsito, motoristas seguem bebendo ao volante
Estado – O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) passou por diversas reformulações desde 1997, ano da sua apresentação como a nova lei que rege a conduta dos motoristas nas estradas. As alterações mais significativas se referem ao artigo 165, também conhecida como a Lei Seca, que trata da relação entre álcool e direção.
Mesmo com todas as punições previstas em lei, alguns motoristas seguem se arriscando e fazendo uso da bebida antes de dirigir. Os números comprovam que acima do conhecimento das sanções, o motorista vai precisar passar por uma mudança cultural para não sofrer as punições envolvendo a embriaguez no trânsito.
Os dados da região da Encosta da Serra, área de abrangência do Jornal Diário, apontam para uma desobediência sistêmica dos motoristas com relação ao álcool
A lei se tornou mais dura com os condutores a partir de 2012, prevendo punição ao motorista caso seja constatado a ingestão de qualquer quantidade de bebida no uso do veículo. Anteriormente, havia uma tolerância de 0,2 g/L no sangue e 0,1 mg/L no etilômetro.
Em 2016 nova mudança no artigo, desta vez no valor da multa a ser aplicada, que passou de R$ 1.915 para R$ 2.934,70, acrescido também o artigo 165- A, referente à aplicação da multa em caso de recusa ao uso do etilômetro por parte do motorista.
Por fim, em 2018 uma nova medida foi anunciada: o cumprimento de prisão ao motorista que causar acidente de trânsito com morte sob efeito etílico, ou cinco anos de reclusão em caso da ocorrência envolver feridos.
O uso de bebida alcoólica ao volante ainda incorre a infração gravíssima, com perda de sete pontos e suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por 12 meses. Em caso de reincidência, no período de um ano, o valor é dobrado e a CNH é cassada.
O veículo é recolhido para o pátio de estabelecimento credenciado pelo Detran/RS, e o motorista ainda arca com o custo do transporte do guincho, além das diárias enquanto o carro permanece no local. Ainda há valores envolvidos com fiança e advogado, caso o condutor seja detido por cometer crime de trânsito.
Para Detran, saída está na educação
O novo diretor geral do Detran/RS, Ênio Bacci, destaca que a nova gestão da autarquia deseja mudar este quadro através da educação no trânsito, aumentando as medidas de prevenção e fiscalização em prol da preservação de vidas. “Pretendemos levar este atendimento não somente ao motorista, mas também aos pedestres, ciclistas e até para quem usa o transporte coletivo”, afirmou Ênio.
Uma das principais representantes das causas envolvendo crimes de trânsito no Estado, a nova diretora institucional do Detran/RS, Diza Gonzaga, acredita que a consciência no trânsito vem crescendo gradualmente entre os motoristas. “A alta no número de infrações está mais relacionada ao aumento na fiscalização dos órgãos de trânsito, do que propriamente no comportamento desregrado dos condutores”, avaliou.
Segundo ela, três fatores são determinantes para a redução das infrações: o endurecimento da lei, especialmente na questão que obriga o condutor a fazer o uso do etilômetro, a parte educacional na conscientização e, por fim, a expansão dos aplicativos de motoristas, que facilitaram para as pessoas poderem sair à noite e beberem.
Confira matéria na íntegra na edição do Jornal O Diário desta sexta-feira (29)
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