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Morador teve risco de amputação e morte após picada de jararaca em Dois Irmãos
Por Cleiton Zimer
Dois Irmãos – No dia 17 de dezembro do ano passado Vilson Klein, 48 anos, foi picado por uma cobra jararaca enquanto colhia feijão na sua chácara. Ele e sua família procuraram o jornal há alguns dias relatando que pode ter havido negligência devido a demora na administração do soro, o que pode ter, de acordo com eles, acarretado em um agravamento clínico no quadro do paciente, levando-o a risco de amputação do braço e até morte nas primeiras horas após o ocorrido. Hoje, ele está sequelado e não pode trabalhar.
Vilson atuava como motorista. Ficou 26 dias internado, passando Natal e Ano Novo longe da família. Cinco meses após o ocorrido ele está em casa, licenciado. Perdeu parte da coordenação motora da mão direita, pois ficou mais de duas semanas com o antebraço aberto, com tudo exposto, e teve que fazer enxerto de pele. Faz fisioterapia e, a previsão de uma nova perícia no INSS é somente para outubro. Até lá, está recebendo metade do seu salário normal para sobreviver.
“Que não aconteça com outras pessoas”
O incidente ocorreu às 17h45 daquela quinta-feira. Foi socorrido por um vizinho e, de acordo com o prontuário médico, às 18h já estava na Emergência do Hospital São José. A infusão do soro, conforme os registros, foi feita às 23h15, já com um nível baixíssimo de plaquetas. Dessa forma, o intervalo entre a chegada na Emergência e a administração do soro antiofídico foi de 5 horas e 15 minutos.
“Acreditamos que, se tivesse sido mais rápido, a gravidade não teria sido tanta”, lamenta Vilson, enfatizando que não quer nada além de uma resposta para “que não aconteça com outras pessoas”.
A família enfatizou a prontidão da médica que os atendeu depois do primeiro atendimento do plantonista, fazendo todo o possível para agilizar o processo. Vilson diz que, entretanto, pode ter tido uma falta de comunicação e parceria com o Cento de Informações Toxicológicas (CIT), para a rápida disponibilidade e aplicação do soro.
O paciente, depois da administração do antiofídico, foi encaminhado para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas, onde ficou internado por 17 dias, sem poder ver ninguém da família. Foi necessária uma incisão e abertura do braço, deixando o exposto por todo esse período. Teve ainda a infelicidade da ala onde estava ser isolada por suspeita da Covid, o que atrasou a cirurgia. Depois, foi transferido para a Ulbra, onde fez o enxerto de pele, que foi tirada da sua própria coxa. Assim, totalizou 26 dias internado.
O que diz o IB Saúde?
A reportagem entrou em contato com o IB Saúde, que administra o Hospital, sobre o ocorrido. Em nota, assinada pelo Dr. Thiago C. Serafim, a instituição informou que todos os protocolos foram seguidos conforme a orientação do CIT. “Foram feitos 4 contatos com o CIT, sendo três telefônicos e 1 via aplicativo”. A nota destaca que a primeira ligação foi feita logo no início do atendimento, onde foram orientados com relação aos exames necessários e procedimentos. E, de fato, essa informação consta no prontuário, indicando que o contato foi feito às 18h14.
A nota explica que somente às 20h45 foi feita a ligação para o Centro passando o resultado dos exames. Ou seja, quase três horas após a entrada na Emergência.
A instituição ressalta que o paciente permaneceu o tempo todo em observação, “seriando exames laboratoriais em nossa emergência, seguindo todas as diretrizes determinadas pelo CIT, até a indicação do soro antiofídico”. Destaca ainda que o soro somente é liberado mediante a liberação do Centro, pois fica armazenado em hospitais de referência, que, nesse caso, veio de Porto Alegre.
A nota finaliza da seguinte forma: “mesmo recebendo o soro, o médico que conduzia o atendimento identificou sinais que a evolução não estava favorável e por meio de vaga zero da SAMU conseguiu atendimento de urgência com cirurgião vascular no HPS de Canoas, fato esse, que foi crucial para evitar um possível desfecho fatal ou amputação do membro”.
Veja, abaixo, a nota na íntegra.