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Nova greve dos caminhoneiros pode começar nesta segunda com classe dividida

01/02/2021 - 09h30min

(Créditos: Valter Campanato/Agência Brasil)

Ivoti/Presidente Lucena – A possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros é um assunto bastante delicado, inclusive para a própria classe, mas a tendência é que uma nova mobilização comece no país nesta segunda-feira, 1º. A opinião geral, porém, é de que a próxima paralisação, se confirmada, não seja tão grandiosa quanto a de maio de 2018, quando o Brasil parou por dez dias.

Associações representativas do setor pedem, entre outros itens, aposentadoria especial, a sanção do marco regulatório do transporte e mais fiscalização pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O presidente Jair Bolsonaro já teria feito algumas concessões para desmobilizar a classe, como uma autorização para redução do PIS/Cofins sobre o óleo diesel.

Na região, o assunto rende opiniões diversas. Sob condição de anonimato, o gerente de logística de uma empresa de Ivoti disse que “boa parte, talvez uns 50%, não quer parar”. “Tanto que, na semana que vem, estamos projetando nossas entregas normalmente”, afirmou ele. Caminhoneiros ouvidos pela reportagem também estão divididos.

A mobilização, por exemplo, está confirmada em grupos de WhatsApp dos quais são participantes alguns profissionais do setor da região. “Mas é mais gente de São Paulo, Rio de Janeiro que está se mobilizando”, afirmou um motorista de Presidente Lucena, que também não quis se identificar. De qualquer forma, o sinal amarelo está ligado para qualquer movimentação de greve.

A paralisação é apoiada, por exemplo, por entidades como o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), que propõem um ato pacífico. Já a Confederação Nacional do Transporte (CNT), por exemplo, é contra. Em nota do presidente Vander Costa, a CNT afirmou que “vem a público informar que não apoia nenhum tipo de paralisação de caminhoneiros”.

“Se o autônomo não trabalhar, não vai ter como colocar o pão na mesa”

“Os caminhoneiros não estão unidos nesta greve”

O caminhoneiro e vereador de Lucena, Daniel Krummenauer, o Step, frequenta a Ceasa, para onde transporta verduras da região. Na visão dele, a paralisação como está sendo anunciada não vai acontecer. “Os caminhoneiros não estão unidos. Quem mais quer esta greve são os empresários das grandes transportadoras. Os autônomos não vão parar porque precisam do dinheiro”, afirma ele.

Step comenta que, para os autônomos, não há muita diferença uma redução no preço dos combustíveis, mas que para as empresas com centenas de caminhões, o alto preço do diesel interfere no lucro. “O autônomo quer trabalhar. Se não trabalhar, não vai ter como colocar o pão na mesa”, diz ele.

Mesmo assim, Step diz não vai para a estrada caso a greve aconteça, já que a verdura é perecível e, portanto, estraga rapidamente. Já o motorista David Rodrigues, que trabalha para uma empresa de borrachas do bairro Feitoria Nova, de Ivoti, diz que não ouviu falar em uma mobilização dos caminhoneiros, mas que não aderiria. “Precisamos trabalhar”, afirma David.

Presidente da Sulpetro diz que “repudia” paralisação

O presidente do sindicato que representa os revendedores de combustíveis do Rio Grande do Sul, a Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua, é da mesma opinião do vereador lucenense. De acordo com ele, o sindicato monitora a situação continuamente. “Não acredito que seja o momento para uma greve. Estamos passando por uma pandemia e várias categorias estão com dificuldades”, diz.

Dal’Aqua afirma que a tentativa de uma mobilização atual é “fora do contexto”. “Repudio completamente esta greve. Se houver qualquer movimento para acontecer, não vai ter as mesmas proporções. Da outra vez, a própria sociedade apoiou a paralisação”, opina ele. Em 2018, segundo o presidente da Sulpetro, as autoridades estão também mais preparadas no momento atual.

“Certamente, se houver qualquer indício de greve, o governo terá outra abordagem. E temos que separar também questões ideológicas que podem estar por trás de alguns movimentos”, afirma Dal’Aqua. Ainda assim, caso aconteça, a entidade está pronta para agir. “Se não tivermos produtos em uma parte, por exemplo, buscamos em outro lugar”.

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