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Nova Petrópolis: assassinato de empresário volta a ser tratado como latrocínio

24/03/2021 - 14h28min

Gelmar foi preso no início da tarde desta sexta-feira (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – A Polícia Civil voltou a tratar o caso do assassinato do empresário Josef Paulo Lüdke, de 65 anos, na última quinta-feira, 18, como um latrocínio. Ou seja, matou para roubar. A hipótese havia sido considerada inicialmente pelo fato do assassino, Gelmar do Nascimento, de 39 anos, ter levado o celular da vítima. No entanto, num primeiro momento, o latrocínio foi descartado e o caso passou a ser tratado como um homicídio. Mas fatos novos levaram a investigação a reconsiderar o crime.

Em novas buscas pelos agentes da Polícia Civil, coordenados pelo delegado Camilo Pereira Cardoso, na casa do acusado, foram encontrados cerca de R$ 500,00 que estavam com o empresário. O celular da vítima também estava na residência e sem o chip original, o que leva a crer que o assassino usaria o aparelho para uso próprio, com um novo número, ou que ele retirou o item para tentar dificultar o rastreio. Bebidas do local do crime também foram achadas com o criminoso.

O que sabe-se até o momento

O assassino chegou à Property Eventos, local do crime, às 18h12 conforme mostram as câmeras de segurança que ficam na entrada. Cerca de meia hora depois, Josef Lüdke também chegou, mas não viu Gelmar na propriedade. A vítima teria ido para um chalé, que fica no fim do terreno, e estava acompanhada de outras pessoas. Já o assassino estava próximo a um lago, admirando a vista. “Embora seja propriedade privada, algumas pessoas vão ao local pois é muito bonito, pode-se ver tudo bem amplo de cima dos morros. E a vítima não expulsava essas pessoas pois não via problemas e elas acabam divulgando o local no boca a boca, por acharem bonito”, disse o delegado.

Foi só após as pessoas que estavam com Josef deixarem o local, que Gelmar foi até o chalé para, o que se acredita até agora, roubar. No chalé onde a vítima estava não haviam sinais de arrombamento. O fato em si, de como as agressões começaram, por qual motivo e em que horário, ainda estão sendo apuradas. Mas Josef pediu para que Gelmar deixasse o local por ser privado, e o criminoso se negou. Isso, o próprio assassino confessou a polícia. A partir deste momento é que as agressões teriam começado.

“Eu vou voltar”

Gelmar disse à Polícia Civil que fez o que fez em legítima defesa. Mas a versão não é aceita pelo delegado. Segundo Cardoso, o acusado mente muito e não há nenhum indício de que ele tenha sido agredido pelo empresário. Era Gelmar que estava invadindo a propriedade.

Depois de agredir Josef com golpes de enxada, o assassino ainda permaneceu no local bebendo e vendo o empresário sofrer. E em determinado momento, pegou uma faca e gravou uma mensagem na tela da televisão. Como as inscrições não estão nítidas, não é possível afirmar o que, de fato, escreveu. Contudo, em depoimento, Gelmar disse que tentou escrever “eu vou voltar”, mas que a inscrição não seria uma ameaça, mas sim um aviso de que voltaria ao local para ajudar Josef. Para a polícia, isso não faz nenhum sentido.

Mensagem que o assassino deixou grava na TV não faz sentido para a polícia (Créd.: IGP)

Sobre o assassino

Gelmar do Nascimento, de acordo com a Polícia Civil, é semianalfabeto e mal sabe escrever o próprio nome. Ele estava morando em Nova Petrópolis há cerca de oito meses, vindo de Parobé, no Vale do Paranhana. O acusado possui em sua ficha, antecedentes por violência doméstica contra sua ex-esposa. As agressões foram cometidas em Parobé e Novo Hamburgo.

Em Nova Petrópolis, ele fez serviços de jardinagem três vezes na propriedade da vítima, mas nunca contratado diretamente por Josef. O empresário solicitou serviços de jardinagem de uma empresa, e essa empresa contratou Gelmar como um ajudante para os serviços. Segundo a polícia, assassino e vítima não tinham qualquer relação.

Trabalho destacado

A rápida elucidação dos fatos, localização e prisão do acusado são frutos de um trabalho em conjunto da Polícia Civil, Brigada Militar e Instituto Geral de Perícias. A BM foi a primeira a chegar no local, juntamente com os familiares. De lá, os brigadianos acionaram a Civil, que iniciou as investigações. A perícia colheu digitais no local, além de outros elementos que foram fundamentais para a identificação do autor.

Durante a madrugada, viaturas da BM e PC fizeram buscas pelo município, e abordaram possíveis suspeitos. No fim da manhã de sexta-feira o acusado já havia sido identificado, e foi preso logo após o meio-dia.

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