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Nova Petrópolis se prepara para ter a primeira Farmácia Viva do Estado

15/12/2021 - 09h27min

Plantas fitoterápicas têm os cuidados de Giovan (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – Uma parceria entre Prefeitura, Emater/RS-ASCAR e o Centro de Treinamento de Agricultores de Nova Petrópolis (Cetanp), produz há 16 anos o cultivo de plantas medicinais, que são responsáveis para auxiliar em tratamentos médicos através das Unidades Básicas de Saúde de todo o município. O programa “As Plantas que Curam – Fitoterapia na Atenção Básica” encaminha-se para se tornar a primeira Farmácia Viva do Rio Grande do Sul, seguindo as políticas nacional, estadual e municipal sobre o uso de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos.

As plantas produzidas pela Prefeitura, no Cetanp, e coordenadas pela Emater, precisam atender a três critérios básicos para que sejam cultivadas: capacidade de produção, atender à demanda da população, e possuir um embasamento científico. “Às vezes essa produção pode começar a partir de um senso comum de uso da população. Por exemplo, o chá de macela é recomendável para dores no estômago há muitas décadas. E é a partir disso que se iniciam os estudos”, explicou o coordenador geral, Giovan Camara.

No local, são plantadas dezenas de espécies de plantas, mas 10 delas são produzidas em escala para atender o município no trabalho com fitoterapia. Que são: camomila, espinheira santa, estévia, guaco, hipérico, macela, malva, maracujá, melissa e quebra-pedra. A que que possui maior demanda é a camomila, seguida de guaco e malva.

Giovan é o responsável pelo programa (Créd.: Dário Gonçalves)

Recorde em 2021

O trabalho fitoterápico alcançou a expressiva marca de 60.847 embalagens de droga vegetal enviada para as UBS’s nesses 16 anos. Somente em 2021, serão 5.631 pacotes, número superior a 2015, quando foram 5.413. “A produção varia ano a ano conforme a demanda dos postos de saúde, além dessas variações naturais, mudanças no quadro de profissionais da secretaria de saúde também geram alterações”, comentou Camara.

Tudo começa numa estufa. Quando as plantas atingem um tamanho adequado, passam para o cultivo a campo. Depois disso, são colhidas, passam por uma triagem, secagem, processo de embalagens e, por fim, as plantas medicinais, utilizadas de forma caseira, são trazidas para as Unidades Básicas de Saúde como alternativa e complemento terapêutico, legitimando o conhecimento popular e proporcionando um acesso seguro e contínuo com adequadas orientações quanto ao uso. Sendo considerado também uma forma de levar saúde e bem-estar elevando a qualidade de vida dos munícipes.

Dezenas de espécies são cultivadas nas estufas (Créd.: Dário Gonçalves)

As UBS’s e Centro de Atenção Psicossocial-CAPS do município emitem pedidos via sistema para a Farmácia Viva de acordo com sua demanda e recebem sachês contendo droga vegetal (chá medicinal) para o preparo de infusões. A dispensação é realizada mediante prescrição médica e odontológica aos usuários do Sistema Único de Saúde, e ocorre baseada em um Memento Técnico elaborado pela Equipe de Fitoterapia.

Processo para a Farmácia Viva

Em 2018, Nova Petrópolis participou do processo seletivo de projetos para apoio à assistência farmacêutica em plantas medicinais e fitoterápicos, com ênfase em controle de qualidade do Ministério da Saúde, por intermédio da secretaria de ciência, tecnologia e insumos estratégicos (SCTIE/MS). O projeto busca a estruturação e consolidação de assistência farmacêutica em plantas medicinais e fitoterápicos (AF em PMF), com ênfase em controle de qualidade, contribuindo para garantir o acesso de usuários do SUS a fitoterápicos com qualidade, segurança e eficácia, conforme a Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF).

Depois das estufas, elas vão direto para o solo (Créd.: Dário Gonçalves)

Recursos

Com a aprovação, o município recebeu ainda em dezembro de 2018, R$ 420.506,82. No entanto, o prazo de execução era de 36 meses, termina justamente neste mês. Câmara afirma que o cronograma foi bem definido e organizado, no entanto, trata-se de um trabalho complexo e de difícil execução. Por isso, o prazo de 36 meses é curto e ainda houve paralisações e reduções de atividades em decorrência da pandemia de Covid-19. “Conseguimos aplicar até o momento 27,8% dos recursos do projeto e temos concluídos aproximadamente 50% dos itens dos quatro eixos do plano de trabalho”, disse.

Com o objetivo de concluir o projeto de tornar-se a primeira Farmácia Viva do Estado, foi pedido a extensão do prazo por mais dois anos. “O Ministério acusou o recebimento do nosso pedido, mas não confirmou. Porém, há um entendimento de que isso seja, ou esteja, aceito pois eles nos orientaram sobre como fazer esse pedido”.

Por último, são embaladas, rotuladas e enviadas às UBS’s (Créd.: Dário Gonçalves)

Metas futuras

As metas futuras são o incremento da produção, diversificação de produtos, orientação da população, capacitação dos profissionais envolvidos, estruturação de laboratórios e avanços em controles de qualidade, bem como monitoramento e avaliação das atividades e dos resultados. Passos importantes que ficaram mais próximos desde o recebimento dos recursos à assistência farmacêutica em plantas medicinais e fitoterápicos.

Também continua sendo uma meta, de fundamental importância, a ser alcançada a aproximação com universidades e instituições governamentais a fim de se instituir parcerias que visem a qualificação na produção das plantas medicinais medicamentos fitoterápicos no município, e o fomento a pesquisas na área da fitoterapia. “Os desafios principais ficam hoje por conta do compromisso em dar cabo ao plano de trabalho do projeto do edital e equilibrar as demandas e pretensões da equipe com as capacidades técnicas e financeiras da Farmácia Viva”, finaliza o coordenador.

 

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