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O que esperar do cenário político de Estância Velha? Cientista político analisa movimento de renovação

14/01/2021 - 10h51min

Para o cientista político, Rodrigo Perla Martins, a renovação sempre é positiva (Crédito - Divulgação)

Estância Velha – O resultado, das eleições de 2020, que determinou uma renovação total no Executivo e no Legislativo de Estância Velha, segundo o cientista político, Rodrigo Perla Martins, pode não expressar apenas uma questão específica do Município, mas nacional, senão mundial.

Martins, que também é professor da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, destaca que o mundo tem vivenciado uma crise de representação política, e que Estância Velha demonstra ter buscado, no exercício da democracia, uma alternativa para, ao menos, relativizar a questão.

Para o profissional, independente de estar relacionada à faixa etária, como aconteceu em Estância Velha – que elegeu um Câmara 22 anos mais jovem que a anterior –, ou mesmo aos partidos, uma renovação é sempre muito importante.

“Uma eleição é sempre um processo “pedagógico”, no qual as pessoas são instigadas a compreenderem que, para atender a uma necessidade particular, é preciso aprender a pensar, antes, no coletivo”, explicou Martins.

O cientista político também enfatizou que, ao eleger novos candidatos, que não tenham essa experiência no currículo, o eleitor permite que mais pessoas conheçam, na prática, como funciona a política.

“A vida em sociedade não é fácil, é complexa. Fácil é criticarmos um político pela suposta falta de ação, sem entender que a maioria das questões não dependem, exclusivamente, dele para acontecerem. Há muitos detalhes a serem considerados”, descreveu.

Influência

Martins lembrou que, por outro lado, é preciso considerar também que, no Brasil, mesmo havendo renovação, com novos eleitos, e protagonismo jovem, os partidos ainda exercem uma forte influência sobre os candidatos.

“Essa é uma de nossas dificuldades. Não são raros os casos em que deputados, por exemplo, financiam campanhas de vereadores e prefeitos para manterem alguma influência política, também em outras esferas. Mas o simples fato do eleitor demonstrar o desejo por mudança, é algo consideravelmente positivo. Isso, sem dúvidas”, finalizou.

 

Oposição será pautada nos interesses da cidade

Vereador afirma que terá postura reativa (Crédito – Jéssica Ramos)

Sendo um dos mais experientes vereadores de oposição, considerando os três pleitos dos quais participou, Lucas Argentino (MDB) afirma que a população deve esperar, da oposição, uma postura pautada nos interesses da cidade, com equilíbrio e, principalmente nesse primeiro ano, paciência.

O parlamentar destacou que a renovação, feita pelo eleitor, demonstrou o desejo por mudança, e é nesse sentido que ele e os colegas pretendem trabalhar, independente de partido.

“Acredito que todos nós, os nove vereadores, pensamos de maneira semelhante. Essa renovação traz muitos benefícios à cidade. Não há vícios; vamos aprender juntos e com liberdade. Percebo que não seremos reféns de siglas partidárias”, considerou.

Argentino contou que há um clima muito bacana nos bastidores do Legislativo, que a gestão “tem tudo para dar certo”. Disse que, sendo oposição, principalmente no início do mandato, terá uma postura reativa. “Minha reação vai depender da ação do Executivo, bem simples.”

Um ponto positivo da atual gestão, segundo o vereador, é o fato do prefeito ter saído do Legislativo. “Ele sabe o que acontece quando não há diálogo entre os poderes. Ele sentiu isso na pele, e imagino que irá considerar essa experiência para governar a cidade.”

 

Bom senso e equilíbrio

Immig defende que o caminho é sempre o diálogo (Crédito – Divulgação)

Para o vereador Jacob Immig (PTB), o novo Legislativo deve estar pautado no equilíbrio e bom senso. “Acredito que a grande busca tenha de ser convergir. Nem concordar em tudo, nem discordar, mas evoluir, somar para Estância Velha.

Immig disse que a renovação feita na Câmara, sem reeleição alguma, abre um novo cenário na política local, onde os parlamentares não carregam compromissos com ideologias, por exemplo. “Teremos liberdade para legislar”.

Vereador de situação, Immig disse que discorda do discurso contra a oposição. Mas que não se deve fazer uma oposição vazia.

“Penso que cada vereador tem, antes de tudo, um mandato a zelar. Portanto, se eu defendo uma aberração, apenas por considerar o partido, logo em seguida vou pagar por isso. E o mesmo vale sobre aprovar. Se um projeto for bom para cidade, eu vou aprovar independente do partido de origem”.

O vereador também destacou que, em qualquer situação, o melhor caminho sempre será o diálogo. “Vou lutar por isso até o último dia do meu mandato. Com diálogo é sempre mais fácil acertar”, destacou.

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