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Padre de Nova Petrópolis alcança o número de 10 mil missas celebradas
Nova Petrópolis – O padre Delcio Miguel Reiter, de 46 anos, alcançou um feito histórico na última segunda-feira, 7 de setembro. A data marcou o dia em que ele celebrou a missa de número 10.000 em sua vida. Foram quase 21 anos para que a expressiva marca fosse alcançada, algo que ele nunca havia imaginado. Contudo, mesmo sendo um número bonito e que é interessante comemorar, a missa 10 mil não é diferente de qualquer outra, pois todas possuem o seu valor. Inclusive, a marca já foi batida e agora ele tem 10.002 missas celebradas.
Tudo iniciou ainda na infância, quando começou a frequentar a igreja com a família. Foi coroinha e depois, diariamente, tocava o ino da Igreja. Isso chamou a atenção do padre Jacinto, já falecido, em Alto Feliz, sua cidade Natal. Pouco a pouco começou a acompanhar o padre nas comunidades até que um dia veio o convite para também ser padre, algo que não passava por sua cabeça. Mas foi de Jacinto que veio sua inspiração, pois o mentor também anotava cada missa que celebrava.
Em 1990, aos 16 anos, Delcio iniciou no seminário em Caxias do Sul. Porém ficou lá apenas por seis meses por não se adaptar àquela rotina. Concluiu a escola, fez faculdade de filosofia e então, aos 22 anos, sua vocação falou mais alto e ele decidiu que se tornaria padre. Foi ao Rio de Janeiro, onde estudou teologia por quatro anos no seminário São José e, no dia 10 de dezembro de 1999, em Campo Bom, tornou-se padre e celebrou sua primeira missa.
As anotações começaram e no início muitos duvidaram que ele marcaria todas. “Isso é coisa de padre novo, depois se perde”, disse um dos padres mais velhos. Contudo, essas palavras o incentivaram a cuidar muito bem de seus registros e nesta terça-feira, um dia depois de completar 10 mil, Delcio contou seu feito àquele padre que havia duvidado.
Depois da primeira celebração, ficou um ano na paróquia de Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo, mais um ano no seminário em Dois Irmãos, seis em Igrejinha, sete anos e meio na Catedral de Novo Hamburgo, quatro anos e meio em Rondônia e, desde 29 de fevereiro, na Paróquia São Lourenço Mártir, em Linha imperial. E em todos esses anos, não ficou um único dia sem rezar uma missa.
Para chegar a este número, é claro, muitas vezes mais de uma missa foi celebrada. Conforme explicou, os padres podem fazer até três por dia. Mas chegou a fazer quatro, até cinco no mesmo dia. Principalmente em Rondônia, onde eram poucos padres para atender a tantas pessoas. “Rezo missa todos os dias, mesmo que não tenha gente. Às vezes sozinho, às vezes nas famílias, em comunidades que me chamam”, explicou.
As anotações transformaram-se em um Diário que lhe proporcionam uma viagem no tempo. “Às vezes quero saber onde eu estava em tal dia e tal hora, aí tem o registro. A missa número 5 mil foi no dia 9 de outubro de 2010, há quase 10 anos, então estou dentro da média. Foi na Catedral, em Novo Hamburgo, às 8h”, relembra.
Embora tenha alcançado esta marca, o padre conta que algumas foram mais marcantes, como sepultamentos, casamentos, etc. Mas as ordenações, que é o momento que alguém se torna padre, são as mais especiais, pois trazem a ele a lembrança de quando ele mesmo passou por essa celebração. Também explica que nem todas foram presididas por ele, em algumas ele era concelebrante.
Pandemia
Como veio para Nova Petrópolis em fevereiro, sua vida por aqui está sendo diferente de qualquer outro lugar. As igrejas foram fechadas no dia 17 de março e, vindo de Rondônia, ainda não tinha dado tempo de criar laços. “Pra mim foi bem difícil, foi um rompimento, não há como voltar e manter perto as pessoas. Ao mesmo tempo, com a pandemia, não consegui criar novas amizades, Então não tinha o povo de Rondônia e não conhecia ninguém aqui”, conta.
Mas aos poucos as pessoas foram se aproximando, e para isso, ele contou com a ajuda das redes sociais. As celebrações de missas pelo facebook fez com que muita gente se aproximasse e o acolhesse. Hoje, pessoas de seu antigo estado e de tantos outros lugares que passou o acompanham. Dessa forma criou um grupo para rezar o terço todas as semanas. E foi com esse grupo, numa família do Pinhal Alto, que a celebração 10 mil foi feita.
Fora da Igreja
Sem a batida, Delcio é apaixonado pelo futebol. Tanto que o símbolo do Grêmio está estampado em seu caderno de registros. Além de acompanhar o time, também gosta de atuar dentro das quatro linhas. Participa de bolão para adivinhar o resultado dos jogos do Campeonato Brasileiro e, como muitos, tem um time no Cartola.