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Pai de homem morto em Estância Velha foi assassinado por inimigos do filho

29/04/2019 - 21h00min

Atualizada em 02/05/2019 - 09h51min

Estância Velha – O clima de silêncio prevaleceu quando a vizinhança soube que Eloir de Oliveira Galhardo, vulgo Queimado, 32 anos, estava morto. Na noite do crime, na noite do último domingo, moradores do final da rua Flamboyant, no Loteamento Cooperlaga, no bairro Campo Grande, se trancaram dentro das suas casas e não quiseram se envolver.

Assassinado com quatro tiros, o presidiário estava há quatro dias solto, depois de passar um período cumprindo pena em razão de uma condenação por homicídio. Havia conquistado a progressão de regime, do fechado para o semiaberto, na última quarta-feira. Tido como uma pessoa violenta, nestes poucos dias que estava de volta para casa, passou a amedrontar moradores da Cooperlaga, vizinhos seus. “Se passasse por ele pela rua, já vinha intimidar, ameaça agredir as pessoas”, disse um morador. “Só nesses dias que estava solto foi pra cima de quatro pessoas da vila”, revelou outro.

Os relatos dos vizinhos só refletem o nível da personalidade de Galhardo, que além quatro passagens por homicídios – três deles na forma tentada -, também tinha antecedentes por roubo, lesão corporal e ameaça. Em uma das última vezes que foi acusado de algum delito, espancou a ex-mulher e a deixou com o rosto deformado. A vítima sobreviveu, mas passou um longo período hospitalizada, entre a vida e a morte. A mulher denunciou Queimado à polícia e pediu medida protetiva. A decisão da ex-companheira desagradou Galhardo, que prometeu matá-la. “Ele prometeu pra mim, sentado aqui neste sofá, que assim que fosse solto iria acabar com a raça dela”, disse um morador da Cooperlaga.

OUVIA MÚSICA

Eloir Galhardo foi assassinado por volta das 20 horas de domingo (28), no quarto da residência onde morava sozinho. As evidências no cenário do crime indicam que o detento foi surpreendido e sequer teve tempo de reagir. O máximo que conseguiu fazer foi tentar intervir os tiros erguendo o braço, o que justifica um dos quatro tiros ter atingido seu antebraço direito.

Eloir levou, ainda, um tiro na cabeça e outros dois na altura do peito, sendo que um destes atravessou o corpo e atingiu a parede ao fundo.O estanciense ouvia música em uma caixa de som improvisada, com energia vindo de uma bateria de carro, que estava no banco de trás de um Fiat Pálio, estacionado no pátio. Os sinais de abandono da casa ainda eram reflexo do tempo que Eloir foi mantido preso.

Quando a Brigada Militar chegou ao local, os algozes já haviam fugido. Não houve testemunhas do fato, mas a polícia suspeita da participação de, pelo menos, duas pessoas. Os vizinhos apenas relataram que ouviram o estampido de três a quatro tiros, e posterior, um carro patinando para sair do local.

LIGAÇÃO ENTRE HOMICÍDIOS

A equipe do Setor de Investigações da Polícia Civil foi ao local para iniciar imediatamente a coleta de informações e eventuais provas que possam auxiliar na elucidação do homicídio. Por enquanto, a polícia não tem indícios contra ninguém, mas já tem uma linha de investigação determinada.A Polícia Civil não descarta a morte de Eloir Galhardo ter relação com outro homicídio ocorrido no bairro Campo Grande, uma semana antes. Tiago de Souza, 29 anos, foi morto a tiros na rua Ildefonso de Londres, próximo a escola Anita Garibaldi, na Sexta-feira Santa. Embora admita a hipótese, a Polícia não explica as razões da possível relação entre os casos.

Pai foi morto por inimigos de Eloir

Ao longo de sua vida, além do histórico de crimes graves, Eloir Galhardo também colecionou inimigos no mundo do crime. Foi por conta dessas desavenças que seu pai, Ordalino Galhardo, foi assassinado, em sinal de vingança. Seu Oraldino foi morto, no dia 10 de julho de 2013, com requintes de crueldade, um dia antes de completar 69 anos. Ele teve as mãos amarradas e foi morto com um tiro na cabeça. Os autores invadiram a casa onde o idoso morava, no Loteamento Liberdade, em Portão, atrás de Eloir. Como não o acharam, decidiram executar seu pai. O irmão de Eloir, que também estava na casa, virou alvo dos pistoleiros. Cleomar Galhardo, na época com 35 anos, chegou a ser baleado com um tiro de raspão na cabeça, só não morreu porque se fingiu de morto.

Em depoimento à polícia, na época, Cleomar revelou que dois homens invadiram a casa e queriam matar Eloir, a mando de um traficante conhecido por “Cabelo”. O traficante estava preso naquela oportunidade. Como Eloir não estava, os matadores ligaram para Cabelo, que deu a ordem para que seu Ordalino e Cleomar fossem mortos.

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