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Para promotor, criminosos do “colarinho branco” simulam desorganização para esconder atos de corrupção
Ivoti – A localização de documentos importantes da Autarquia Água de Ivoti em uma peça isolada do restante da sede da companhia de água, com infiltração e sem qualquer tipo de cuidado, foi um dos pontos mais criticados pelos agentes do Departamento de Investigações Criminais (Deic).
Ao lembrar que o contrato da construção das subestações de rede elétrica estava no meio daquele amontoado, o delegado Max Ritter quis mostrar a gravidade do caso. “Um contrato eivado de irregularidades, importante prova encontrada em um local escondida às vistas públicas, essa que é a verdade”, disse.
CORRUPÇÃO
O promotor Charles Emil Machado Martins aproveitou que os delegados trouxeram à tona o assunto para apresentar uma teoria e derrubar uma das principais teses de defesa de Arnaldo e Baltasar. Para ele, no Brasil, os gestores, intencionalmente, simulam a desorganização, provocam um contexto de erros administrativos, para esconder atos de corrupção. “No meio de um suposta desorganização, eu infiltro a maldade, infiltrou o dolo, infiltro a intenção desonesta”, explicou.
Para Martins, o “caos” é criado para que não haja fiscalização, para que quando a fiscalização chegue, não encontre. “É assim que a criminalidade do colarinho branco, a criminalidade infiltrada no poder, age. Simula uma desorganização, para algo que, na verdade, escamoteia a corrupção, em sentido amplo”, explica.
O promotor destacou que os crimes investigados pelo Ministério Público e pela polícia, referentes aos contratos fraudulentos orquestrados por Arnaldo e Baltasar, são atos de corrupção. “A gente usa algumas expressões jurídicas, como, por exemplo, fraude à licitação, mas ao fim, ao cabo, isso aqui é corrupção política. A simbiose entre os interesses privados sendo colocados acima dos interesses públicos por intermédio de quem foi eleito para colocar os interesses públicos acima dos interesses privados”, concluiu.