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Primas se reencontram após décadas e passam a morar juntas em Nova Petrópolis
Nova Petrópolis – Um antigo sonho de criança, tornou-se realidade recentemente na Casa de Repouso Bárbara Aline, no Centro. Quatro primas, Gerta Becker Meyer de 96 anos, Wally de Souza Pinto, de 93, Nair de 85 e Iria Maria Herrmann de 83, passaram a viver juntas no mesmo lar. O encontro das quatro, por enquanto, durou pouco já que Nair mora, na verdade, em Novo Hamburgo, mas recentemente veio passar uns dias na Casa de Repouso para ficar junto com as primas. As outras três, Gerta, Wally e Iria residem no lar. Fundado em 2003 e com capacidade para 36 moradores, 10% deles acabaram sendo da mesma família.
A primeira a chegar foi Gerta, em 25 de outubro de 2018. Depois, no dia 26 de setembro de 2020, chegou Wally, mas devido à idade, elas não se reconheceram de imediato. O tempo passou e em 18 de março deste ano, Iria se juntou às duas, sendo a terceira prima a morar no lar. E agora, no início deste mês, chegou Nair para passar uns dias com as demais.
A rotina
Gerta e Wally, as mais velhas, não caminham mais e se deslocam através de cadeiras de rodas, conduzidas por suas cuidadoras. Elas também interagem pouco, por conta da idade, mas geralmente são colocadas juntas para manter os laços familiares.
Iria gosta de caminhar, andar no pátio, colher frutas, ir na horta e até ajudar na cozinha, naquilo que pode. Outra característica é que adora comer doces. Quando Nair se juntou a elas, o momento foi de emoção e felicidade. Durante os dias que a moradora de Novo Hamburgo esteve no lar, as duas estavam sempre juntas, andando de mãos dadas, conversando pelos jardins e fazendo fotos junto às flores. E, é claro, se reúnem com as outras duas primas, também cuidando delas.
Todas ainda são muito vaidosas. Antes das fotos serem tiradas, elas foram maquiadas. Nair, em tom de brincadeira, exigiu: “faz fotos bem bonitas”. Ficaram muito felizes quando souberam que iriam sair no jornal. “Elas ficaram comentando que um moço tinha vindo tirar fotos, que ele tinha até deitado no chão para fotografar elas. A Nair ainda falou ‘eu acho que vamos sair bem na frente do jornal’, se referindo à capa”, contou a proprietária do Lar, Bárbara Becker.
A história da família
Tudo começou cerca de 153 anos atrás, quando os imigrantes Christian Becker e sua esposa Sophia Haussmann Becker deixaram Enkirch, na Alemanha, e se instalaram em Linha Olinda, por volta de 1868. O casal teve seis filhos: Philip, Jacob, Christian, Auguste, Johana Sophia e Elizabeth.
Philip, o filho mais velho, casou-se com Bertha Feier Stahl, e tiveram seis filhos e cinco filhas: Felipe Becker Filho, Carlos, Arlindo, Alfredo, Leopoldo e Willi; e Paula, Lídia, Leocadia, Olivia e Sibila. Desta linhagem, nasceram as primas. Carlos teve Gerta, Felipe tornou-se pai de Walli, Paula foi a mãe de Iria e Alfredo era o pai de Nair.
Assim, coube ao destino reunir quatro bisnetas de Christian e Sophia Becker, filhas de três irmãos e uma irmã, em um lar de Nova Petrópolis. O fato é inédito na Casa de Repouso e muito difícil de acontecer. Elas ainda possuem outras primas, afinal, a família era grande. Uma delas, Ilasy, irmã de Nair, também mora em Novo Hamburgo. Hedy, é filha de Leopoldo e mora com um filho no litoral. Há ainda uma prima, que é a mais nova de todas, que mora em Marechal Cândido Rondon, no Paraná, filha de Leocadia.
Outras curiosidades
Gerta nasceu em 17 de setembro de 1924, na localidade de Chapadão, no interior de Canela. Ela completará 97 anos daqui um mês. Na idade escolar, foi para a cidade, mas retornou para o Chapadão. Em 1949, se casou com Jacob Meyer, com quem teve três filhos e seis netos. Depois do casamento, mudou-se para o Centro de Canela, onde teve uma loja de roupas e tecidos por quase 60 anos. Lá, ela trabalhou até os 90 anos, com muita lucidez. Depois, em função da idade, deixou o trabalho e há três anos, passou a viver na Casa de Repouso.
Wally nasceu em 16 de abril de 1930 e foi casada com Valentin de Souza Pinto. Eles tiveram quatro filhos, nove netos, 10 bisnetos e um tataraneto. Foi agricultora a vida inteira, vivendo no interior de Gramado, na Linha Ávila Baixa. Ela foi a segunda a chegar ao lar.
Iria, a mais nova das quatro, foi a terceira a chegar na Casa de Repouso. Como Gerta e Wally não andam mais, é ela quem busca mais contato com as primas. Ela adora também fazer sapatinhos infantis e mantas de crochê, e depois doa para os filhos e filhas das funcionárias do lar.
Nair é a única das quatro que não mora, de fato, no lar de idosos. Ela vive em Novo Hamburgo com sua filha, e decidiu vir passar alguns dias junto com suas primas para realizar esse reencontro. As visitas devem voltar a acontecer e, quem sabe, ela venha a morar definitivamente no local futuramente.