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Prioridade e respeito: Criada a lei que prioriza atendimento a autistas em Picada Café
Picada Café – A atendente Neusa Kopper, 42 anos, estava a caminho da terapia especial do filho Rogério, 6 anos, na manhã de ontem. O objetivo é buscar dar uma vida mais tranquila ao filho que é portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Moradores de Picada Holanda, em Picada Café, a família Kopper comemorou mais um avanço na busca por melhor atendimento, inclusão e respeito ao filho na sociedade. Assim a família vê a lei criada na noite de terça-feira, dia 23, e que prioriza o atendimento em órgãos públicos e privados a pessoas autistas em Picada Café. A lei é de autoria do vereador Adão Pereira dos Santos e teve o apoio de todos os colegas.
DE BARRADO A PRIORITÁRIO
A luta dos pais Neusa e Rui Kopper por um direito maior e respeito ao filho autista é diária. A mãe explica que, por ser autista, o filho não consegue ter paciência por muito tempo. “Essa é uma das atitudes dos autistas. O máximo que conseguem ficar em uma fila é de cinco a dez minutos”, declarou. A mãe lembra que a pandemia da Covid 19 agravou os problemas, uma vez que o filho não deixa a máscara, tão importante, uma exigência para se entrar em estabelecimentos comerciais. “Chegamos a ser barrados em um estabelecimento pelo não uso da máscara. Mesmo meu filho tendo um documento da neurologista, eles não aceitaram. Eu entendo, afinal, o estabelecimento foi orientado a não deixar entrar sem a proteção”, descreveu Neusa. “Neste caso, a única vez que aconteceu, deixei meu filho com o tio no carro e entrei sozinha”, acrescentou.
“IMPORTANTE A LEI EXISTIR”
A mãe de Rogério sabe que o autismo ainda é pouco conhecido da sociedade. Ela acredita que isso seja pelo fato do autista não apresentar sintomas físicos. “Com essa lei, e a devida confecção da carteirinha, os estabelecimentos poderão priorizar o atendimento a essas pessoas. Tenho certeza que uma vez criada, e amplamente divulgada, fará com que a sociedade se prepare melhor para respeitá la”, opinou. Apesar de ainda não ser lei, muitas lojas já priorizam esse tipo de preferência. Recentemente Neusa recebeu a visita de uma outra mãe de autista e juntas elas, e os filhos, foram a um mercado da cidade. “Minha amiga apresentou a carteirinha de portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Na hora a caixa comunicou o primeiro da fila e atendeu a nós como prioridade. A gente sabe que é questão de conhecimento e costume. Esse é o respeito que a gente acredita que a lei trará para todos os portadores de autismo”, declarou Neusa.
Identificação e direitos
A lei que prioriza atendimento a pessoas com autismo ainda precisa ser sancionada pelo prefeito Luciano Klein. Ela prevê a criação de uma Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA). A lei já existe a nível federal. O documento serve para melhor identificar as pessoas com TEA, deixando a cargo de cada município a organização de sua lei de atendimento prioritário aos Autistas.
DIREITOS
O autor do projeto enfatiza que a lei vai trazer benefícios a essas pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista como também aos familiares. “Normalmente essas pessoas são agitadas e causam transtornos aos familiares também. Com esse atendimento priorizado, que já existe em lei a nível federal, elas terão asseguradas o direito ao atendimento prioritário”, declarou o vereador Adão.
QUINTA CIDADE DO ESTADO
A família Kopper faz questão de agradecer por Picada Café estar trabalhando pela inclusão. “O caminho é longo, mas se tiver empatia, cada passo será uma vitória, não só pro autista, mas também para a cidade”, declarou Neusa. Picada Café é o quinto município no RS a ter a carteirinha uma vez sancionada a lei. As demais são Porto Alegre, Caxias do Sul, Taquara e Ivoti. Rogério estuda em escola regular, na Amiguinho. Participa da Escolinha de Futebol Total e faz terapias com fonoaudióloga, psicopedagoga, terapeuta ocupacional e psicomotricista.