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Procura pelo Bálsamo Alemão chega a aumentar 90% diante da pandemia

04/06/2020 - 11h16min

Atualizada em 04/06/2020 - 11h19min

Bálsamo Alemão é um fitoterápico consumido historicamente na região e, com a pandemia, suas vendas chegaram a aumentar consideravelmente em algumas farmácias (FOTO: Cleiton Zimer)

Dois Irmãos / Morro Reuter / Santa Maria do Herval – Com o surgimento da pandemia de Covid-19 vários itens que, até então, não eram considerados prioritários passaram a ocupar um lugar de destaque nos balcões das farmácias. Dentre eles as máscaras, álcool em gel e, também, um fitoterápico bastante conhecido e que de alguma forma está impregnado na cultura regional: o Bálsamo Alemão, ou o MainzerTropfen (em Hunsrik), que é um suplemente alimentar de Vitamina E.

Apesar de não haver comprovação científica da sua eficácia, quem o consome defende que a Vitamina E, que está em sua composição, traz ótimos efeitos imunológicos e protetores, aumentando a imunidade contra infecções e demais doenças.

Quem consome o Bálsamo Alemão diz que, para fazer o uso, é necessário tomá-lo em gotas junto com uma colher de açúcar (FOTO: Cleiton Zimer)

Aumento nas vendas

Na Farmácia Associadas de Morro Reuter, a proprietária Fabrícia Postai destacou que houve considerável aumento na procura, principalmente nos meses de abril e maio. “Agora o produto já normalizou nas distribuidoras”, disse.

O farmacêutico Cássio Norberto Armborst, de Dois Irmãos, também afirma que teve um acréscimo na procura, ao ponto de, no começo, faltar nas prateleiras tamanha a demanda.

Bálsamo Alemão, ou o MainzerTropfen (em Hunsrik) (FOTO: Cleiton Zimer)

A farmacêutica e proprietária da Farmácia Dois Irmãos, Ketlin Giehl, destaca que no ápice a procura pelo bálsamo chegou a aumentar 90% no estabelecimento. “Normalmente vendíamos cinco ou seis por mês. Quando tudo começou as reposições acabam no mesmo dia”, conta, afirmando que chegou a ter um limite para a compra nos fornecedores. “Antes, era uma coisa que saía raramente. Agora, já aumentamos o estoque do produto”, destacou Ketlin, afirmando que o abastecimento já está normalizado.

Triplicou

Vera Lúcia Rocha Pereira, 51 anos, proprietária da Farmácia Farmabel de Dois Irmãos, conta que em decorrência da pandemia a procura pelo Bálsamo chegou a triplicar no início do período de quarentena. “Vendemos em torno de três vezes mais que o normal, teve até um período em que esteve em falta, tamanha a procura”, disse.

Consumo comum

Ela conta que apesar de a demanda ter aumentado nos últimos meses, o consumo é comum na região, tanto que em épocas normais vendiam em torno de 30 a 40 frascos por mês no estabelecimento. “Na verdade, o Bálsamo Alemão sempre é bastante utilizado aqui na nossa região como um protetor da imunidade”, disse Vera, destacando que o produto sempre teve uma venda bem razoável, principalmente no início do inverno. “As pessoas acreditam no potencial dele de aumentar a imunidade”, ressaltou.

“O Bálsamo sempre é bastante usado na região como um protetor da imunidade”

 

“Uso desde criança”

Nelsi Royer tem 60 anos e conta usar Bálsamo Alemão desde criança (FOTO: Cleiton Zimer)

Dona Nelsi Royer tem 60 anos, é natural de Cândido Godói, mas já mora em Dois Irmãos há cerca de 32 anos. Ela garante ter a saúde de ferro e conta que usa o Bálsamo Alemão desde criança. “Éramos entre nove irmãos e, nossa mãe sempre dava o bálsamo para a gente. Depois, quando saímos de casa, seguimos a tradição e, até hoje, o usamos”, contou.

Nelsi explica que ela não faz o uso especificamente para uma doença ou, como nessa época, na crença de auxiliar contra o coronavírus. Na verdade, ela toma o fitoterápico sempre, com o objetivo de ter um reforço para a saúde ou, como ela diz, “criar anticorpos”.

Quantidade correta

No conhecimento que tem, dona Nelsi diz que o produto “é bom para a gripe, bronquite, bronquiolite, asma e afins”. Ela, entretanto, destaca que não pode tomar muito, e também, que tem uma quantidade correta, tanto para adultos como crianças. “Só pode tomar duas vezes por ano, ou, então, de três em três meses”, disse.

Ela explicou que um “adulto pode tomar três gotinhas no açúcar, em uma colher. Criança meia gota, depende a idade”, destacou.

“Tomo sempre. Tanto que, até hoje, estou aqui com muita saúde”

Nelsi diz estar ciente que não há evidência científica que comprove o benefício, mas, por ter um valor histórico passado de família em família ele continua fazendo o uso e, de acordo com ela, é muito importante. “Tanto que, até hoje, estou aqui com muita saúde”, disse, feliz.

Médico não aconselha o uso do Bálsamo

Enrique Falceto de Barros é médico da família em Santa Maria do Herval (FOTO: Divulgação / USP)

Por enquanto não há nenhum medicamento contra o novo coronavírus e, de acordo com o médico Enrique Falceto de Barros, que é Médico de Família e Comunidade na Clínica da Família Teewald, em Santa Maria do Herval, não existem relatos de eficiência da vitamina E. “Não tem indicação para a prevenção de nada, na verdade”, disse.

O médico explica que a vitamina E tem papel antioxidante no corpo. “Ela é facilmente absorvível de qualquer óleo”, explicou.

“Não tem indicação para a prevenção de nada, na verdade”

Enrique destaca, portanto, que não aconselha o uso do Bálsamo Alemão. Apesar disso afirma entender o contexto histórico no qual o fitoterápico se enquadra, porém, alerta que se a dose for aumentada ela pode trazer malefícios. “Tem estudos que mostram que se a dose for um pouco maior, ela pode aumentar a mortalidade”, destacou, apontando que se as pessoas usam em doses muito baixas “não tem efeito químico, é mais um efeito emocional”.

Por fim, o médico orienta que em caso de dúvidas se procure um especialista. “É importante que as pessoas discutam suplementos de vitaminas com seu médico para tomar decisões”, apontou.

CREOLINA

Creolina, desinfetante germicida

Além do Bálsamo Alemão, há também uma cultura regional na qual se acredita no uso da Creolina, que, apesar de ser especificamente de uso veterinário por ser bactericida, tem adeptos na região, que a usam como algo preventivo.

Na segunda parte desta matéria, confira a reportagem sobre Creolina.

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