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Produção orgânica de uva bordô é destaque em Nova Petrópolis
Nova Petrópolis – O produtor Paulo Andriola começou há 12 anos seu cultivo de uvas bordôs. Desde 2008, ele produz as frutas de forma totalmente orgânica, sem agrotóxicos, saudáveis e de qualidade premiada. Segundo ele, além de deixar a fruta mais saborosa, também é mais rentável economicamente devido ao valor agregado em vendas e o baixo custo de produção. Ele é o único no município que produz desta forma.
Mas outro diferencial de Andriola surgiu há cerca de cinco anos, com a implementação do cultivo biodinâmico em sua produção. A agricultura biodinâmica é uma forma alternativa de agricultura, muito semelhante à orgânica, mas que, com a inclusão de conceitos esotéricos desenvolvidos na década de 1920, dão mais energia à produção, fazendo com que a cultura se torne mais forte e resistente. “Parece uma coisa mística, mas não é. É usar elementos da natureza a favor dela”, explica.
Para isso, o produtor usa vários preparados biodinâmicos, como chá de cavalinha, que age como fungicida e oferece resistência para a planta. Outro exemplo é a camomila e o carvalho, que aumentam a longevidade da planta devido à recepção de nutrientes. A técnica age na prevenção da saúde da planta e a torna mais produtiva, mas exige estudo e disciplina para que tudo saia da maneira certa. “Assim como a lua tem interferência, outros elementos também têm. Podamos em dias e horas específicas, de acordo com o calendário biodinâmico. Se você quer mais vigor, corta-se em determinados dias, se ela tem muito vigor, é cortada em outro período”, conta.
Resultados
Em termos de volume, a uva orgânica produz um pouco menos que a tradicional, já que ela floresce naturalmente, sem excesso de adubo. Contudo, para os negócios, elas são muito positivas. Andriola diz que seu custo de tratamento é bem menor e uma planta mais saudável compensa com seu valor agregado. Em 2019, enquanto produtores convencionais venderam o quilo a R$ 1,30, o quilo da orgânica foi vendido a R$ 2,40, chegando até R$ 2,50. E mesmo que o convencional produza uma média de 20 mil kgs por hectare, e o orgânico de 12 a 14 mil quilos no ano, a vantagem ainda existe. “Aquele que produziu 20 mil, ganhou R$ 26 mil, e aquele que produziu 12 mil, ganhou mais de R$ 30 mil, com um custo menor de produção e com o produto mais saudável”.
Além de ganhar na venda, o custo de produção é mais baixo. Para a safra dos 20 mil kg convencionais, o que se gasta em tratamento, gira em torno de 4 a 5 mil reais por hectare, contra cerca de apenas R$ 500,00 para produzir 12 mil kg de uva orgânica. Dessa forma, ganha-se duas vezes, tornando-se economicamente muito mais viável, mesmo sem a biodinâmica. Somente no ano passado, Andriola recebeu oito visitas técnicas, para ver o resultado da sanidade dos parreirais, o manejo do solo e da planta, e constataram a praticidade e a funcionalidade.
Premiações
A implementação biodinâmica na produção de uvas bordô foi feita por Andriola como uma forma de achar uma alternativa em sua produção, por conta do solo na Serra Gaúcha ter cobre em excesso, que causam problemas na uva. Aliado a essa necessidade, estudos da Embravinho e da Embratur, mostravam que, em concursos mundiais de vinhos, oito em cada 10 vinhos premiados eram feitos com uva que tinham um processo biodinâmico.
Assim, as duas associações custearam a estadia do professor René Piemonte, especialista em biodinâmica na América do Sul, para fazer uma assessoria de dois anos em propriedades gaúchas, sendo a de Paulo Andriola uma das cinco selecionadas. E os resultados práticos começaram a aparecer. Não bastasse Piemonte dizer que o suco produzido por Andriola ser o melhor que ele já havia tomado, suass uvas bordôs renderam prêmios a outros produtores que as usaram como matérias-primas. “Em 2018, o Sucos Adams ganhou o 1º lugar em sucos de uva na Expointer, e eles fizeram com as uvas que produzi. E no ano passado, os Sucos Mariani, de Garibaldi, também com minhas uvas, ganhou o 1º lugar, com o Adams em 2º”, conta.
Em sua própria produção, Andriola chega a fazer cerca de 15 mil litros de suco por ano, além de geleias. Seus produtos percorrem o Brasil, tendo o governo do Paraná como um dos seus principais clientes, que compra para a merenda escolar.