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Produtor rural de Dois Irmãos aposta na cultura de soja

16/02/2022 - 11h11min

João Ismael em meio a plantação Foto: Fábio Radke

Ismael Henrich, do Vale Direito, comemora resultados

* por Fábio Radke 

Dois Irmãos – A cultura da soja é muito comum no Rio Grande do Sul, entretanto, as plantações em sua maioria estão concentradas na Região Noroeste. Em Dois Irmãos, na localidade de Vale Direito, o grão é plantado pelo agricultor João Ismael Henrich, pelo primeiro ano. Os resultados observados por ele na propriedade são animadores. O crescimento, segundo o agricultor de 39 anos, aconteceu de forma bem-sucedida apesar da estiagem que também atingiu a região. “Os pés de soja chegaram a 1,30 metros de altura, estão com boa formação de vagem e grãos. O solo é de boa qualidade graças a análise e subsolagem adequada para a cultura. E também choveu na hora certa”, disse o produtor. Ele avalia também que o sistema radicular da planta está bem formado.

A projeção de João Ismael é de uma colheita de 80 sacos em uma área de 2,5 hectares plantada de soja. O preço negociado por saco do grão é R$ 200,00. A variedade plantada na roça é a Nidera, que segundo o produtor, possui boa aceitação no mercado. Os pés de soja plantados em Dois Irmãos apresentaram tamanho uniforme e uma floração continua. O plantio da soja aconteceu na segunda quinzena de outubro e o ciclo deve encerrar no fim de março. A comercialização da produção será feita com uma fábrica produtora de óleo de soja, em Canoas, na Região Metropolitana. O sucesso no plantio também está associado ao trabalho de correção e preparo do solo, pulverizações no período adequado e uso de sementes certificadas.

Vagem do pé de soja ainda verde
Foto: Fábio Radke<sub> Preocupação com o cenário atual  

O produtor rural de Dois Irmãos revela que, constantemente, participa de capacitações e realiza pesquisas para o aperfeiçoamento do trabalho no campo. João Ismael também faz parte do Sindicato Rural do município. Ele também é defensor da profissionalização do trabalho do pequeno e médio produtor da região por meio de planejamento e uso de tecnologias. “Queimamos a última vela do pacote e ela foi acesa. O agricultor está produzindo altos custos em 12 meses. Um insumo usado na lavoura que custava R$ 300 o litro, hoje, esse mesmo produto chegou a R$ 2.400. E o preço pago ao produtor não acompanhou esse aumento”, disse sobre a disparada dos preços no setor primário.

A preocupação com adversidades climáticas, como a estiagem nos últimos anos, é outro problema que causa dor de cabeça aos agricultores. “O esforço não compensa atualmente. O produtor não tem uma remuneração mínima, ele ainda se dedica ao trabalho antes e depois da hora. E ainda existe o risco de grandes perdas. É necessária uma reorganização estrutural do custo e de mecanismos de investimento rentáveis para enfrentar adversidades. É complexo, mas existe um mercado esplêndido”, acrescenta.

O produtor também afirma que a sucessão familiar no campo precisa ser pensada. O trabalho na propriedade que fica às margens da Estrada Picada Verão, conta com o apoio da esposa Sirlei, 43 anos, e do patriarca João Romeu, de 73. Os filhos do casal; Lucas, de 11 anos, e a pequena Mirela, 7, crescem e brincam em meio ao maquinário.

Mirela, Lucas e o pai João Ismael
Foto: Fábio Radke

<sub> Rotação de culturas na propriedade

Na propriedade rural de cerca de 16 hectares é realizada a rotação de culturas, de modo a aproveitar o melhor rendimento do solo e as condições climáticas de cada época do ano. Hoje, o plantio do milho, ocupa o maior território de área com cerca de 10 hectares. A plantação possui diferentes finalidades: silagem para alimentação animal, a produção de grãos e também colheita do milho verde. Com o fim da colheita de hortaliças, a terra já recebe o tratamento para posteriormente receber o plantio de milho na estação mais seca. “A nova cultura sempre recebe algum material residual que vira matéria orgânica. O resto da palhada do milho incorporado ao solo acaba beneficiando a cultura de brócolis”, exemplifica.

A adoção de estratégias de plantio também é determinante para o sucesso. “Eu planto o milho em linhas de modo que, quando os pés crescem geram sombreamento entre eles e mantém mais umidade no solo. Isso também faz com que as ervas daninhas não se desenvolvam tanto na roça”, acrescenta. João Ismael também investe em tecnologias e conta com dois tratores e mais de 20 implementos agrícolas. A produção de hortaliças, milho verde, assim como aipim, são comercializados diretamente em estabelecimentos como fruteiras e restaurantes.

Milho para grãos de um lado e do outro milho verde
Foto: Fábio Radke

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