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Região inteira emitiu tantos gases poluentes quanto Novo Hamburgo
Região – A emissão de gases causadores do efeito estufa é, atualmente, um dos principais problemas enfrentados pela humanidade. Seja por atividades industriais, automóveis, agropecuárias, como queimadas, ou demais formas, a presença destes materiais no ar preocupa pode acelerar as mudanças climáticas, contribuindo para o aquecimento global.
Um levantamento inédito, realizado pelo Observatório do Clima, e divulgado na semana passada, identificou o montante das emissões realizadas no ano de 2018 a nível municipal no Brasil. O estudo foi feito com o dióxido de carbono (CO2), um dos grandes vilões da poluição. Os dados mostram que a região emitiu, naquela ocasião, 472,5 mil toneladas deste gás na atmosfera.
Conforme o estudo, foram menos emissões do que o município de Novo Hamburgo sozinho, que lançou no ar 477,9 mil toneladas de CO2. Contudo, a região tem cerca de 100 mil habitantes a menos, fazendo que o montante emitido na Encosta da Serra por habitante tenha sido maior do que o mesmo índice da população hamburguense.
Os índices do Observatório do Clima consideram os seguintes itens: Agropecuária, Energia, Mudança de Uso da Terra e Floresta, Processos Industriais e Resíduos, bem como subitens, tais como as emissões por queima de combustíveis fósseis, pelo manejo de áreas florestais e inclusive por meio da compostagem, entre outros.
O problema não está apenas relacionado ao dióxido de carbono, mas também outros gases expelidos por atividades humanas, a exemplo do ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2) e dióxido de enxofre (SO2). Em diferentes graus, estes gases interagem com o ar e podem causar o fenômeno da chuva ácida, que prejudica a vegetação e corrói diferentes tipos de estruturas.
“As altas taxas de CO2 na atmosfera são um dos maiores responsáveis por grande parte de internações por asma e outros problemas respiratórios que podem levar a morte”
Os impactos dos gases tóxicos na saúde humana
“As altas taxas de CO2 na atmosfera são um dos maiores responsáveis por grande parte de internações por asma e outros problemas respiratórios que podem levar a morte”, salienta a professora de Bioquímica da Universidade Feevale e do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Qualidade Ambiental, Daiane Bolzan Berlese.
Preocupa também a presença dos materiais particulados MP2,5 e MP10, que também são emitidos pelos processos de combustão. Eles penetram no organismo e podem causar várias doenças do trato respiratório, desde gripe e rinite alérgica, até alterações genéticas que potencialmente podem levar a infecções mais graves, como o câncer de pulmão.
“Os impactos da poluição na saúde humana estão diretamente ligados com doenças pulmonares, cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, ao diabetes, prejuízo no desenvolvimento cognitivo em crianças e demência em idosos”, lista Daiane. A medicina lista também efeitos negativos na cabeça, boca e nariz, coração, fígado, baço, sangue e aparelho reprodutor.
Segundo ela, a maioria dos grandes municípios brasileiros não atendem aos requisitos de controle de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS). “E não existem penalidades se a legislação não é cumprida pelos órgãos competentes”, lamenta ela. Contudo, há iniciativas para minimizar o problema causado pelos poluentes.
“Os impactos da poluição na saúde humana estão diretamente ligados com diversas doenças”
Como buscar soluções para as emissões
“Diversos países controlam o fluxo de carros e motocicletas nas grandes cidades, formas de tecnologias limpas e renováveis, plantação de árvores, dentre outros meios. Mas ainda são medidas pequenas, frente a este grande problema”. Conforme ela, é preciso ter políticas efetivas contra as emissões, além de priorizar a produção de energia por meios renováveis, como solar e eólica.
No estado, a medição da qualidade do ar é feita pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), embora somente haja uma estação ativa, localizada em Canoas. Outras cinco, mantidas por empresas privadas, abrangem Esteio, Gravataí, Guaíba e Triunfo. O município que mais polui no Brasil, conforme o ranking, é São Félix do Xingu (PA), e no RS, a liderança está com Candiota.
O problema da poluição em números
- Mais de 90% da população mundial não respira ar de qualidade aceitável
- 7 milhões de mortes por ano são causadas no mundo pela poluição atmosférica, ou 11,6% do total
- 600 mil mortes são de crianças
- 15x mais óbitos é o que a poluição do ar causa em relação a guerras e violência em geral
- 50 mil mortes por ano ocorrem no Brasil pela falta de políticas públicas de controle da poluição
- 128 mil pessoas morrerão de 2018 a 2025 por causa da poluição em seis regiões metropolitanas brasileiras, onde vive 23% da população nacional
As emissões na região da Encosta da Serra
Município | Emissões de CO2 (em toneladas – 2018) |
Dois Irmãos | 63.401 |
Estância Velha | 88.786 |
Ivoti | 49.163 |
Lindolfo Collor | 21.767 |
Linha Nova | 14.130 |
Morro Reuter | 28.503 |
Nova Petrópolis | 83.237 |
Picada Café | 22.817 |
Presidente Lucena | 23.330 |
Santa Maria do Herval | 46.888 |
São José do Hortêncio | 30.539 |
Total | 472.561 |