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Santa Maria do Herval: a riqueza que há na simplicidade em Linha Marcondes
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – O que há de mais precioso do que a simplicidade e um lugar tranquilo para morar? Os quatro irmãos Mombach, agricultores, garantem que não trocam essa vida por nada, por mais difícil que a lida possa ser às vezes.
Eles vivem na casa da família onde nasceram e cresceram com outros sete irmãos na localidade de Linha Marcondes. Maria Lúcia, 65 anos; Remi, 61 anos, Mário, 59 anos e Roberto Jair, 48 anos (que não aparece na foto), ambos solteiros e sem filhos, optaram por seguir morando lá. Os demais casaram e seguiram outros rumos, se espalhando pela região.
São filhos de Felippe Waldomiro Mombach, falecido há 12 anos aos 83, e Wilma Mombach, falecida há sete anos, aos 86. Seguiram o ofício dos pais, trabalhando na roça e cultivando de tudo um pouco, conforme a época. Plantam feijão, arroz, milho, mandioca, batata, frutas e por aí vai. Primeiro é para o próprio sustento e, depois, vendem o que sobra.
Além disso também criam animais. São cinco vacas que são ordenhadas diariamente – antigamente era tudo manual; hoje, a tecnologia ajuda. Tem ainda duas juntas de bois e outros terneiros.
O dia começa ao raiar do sol
A rotina começa cedo, ao raiar do sol, com o trato dos animais. Depois vão para a lavoura. De manhã Maria Lúcia fica em casa e faz o almoço; sempre caprichado e reforçado para aguentar o dia no sol ardente. Antes, Mário já seleciona os feijões, separando os melhores, que, combinando com o arroz garante resistência para o trabalho.
“De tarde eu vou junto com eles na roça”, conta Maria, afirmando que nem sempre é fácil. “Aqui tem muitos morros, então, é complicado de trabalhar dependendo do que a gente faz. Mas eu gosto muito”.
O chimarrão em família é sagrado
Por mais que haja muito trabalho o chimarrão entre os irmãos é uma tradição, seja na parte da manhã ou durante o meio dia. “Nos sentamos aqui na área, no chão mesmo”, afirma Remi, enquanto degusta seu mate pós almoço, assim como acontece todos os dias. O cusco, cachorro da família, sempre faz companhia.
A calmaria
Ali, na Marcondes, mal e mal pega telefone. Internet não tem, ao menos por enquanto. Mesmo que de certa forma distantes do Centro de Santa Maria do Herval, destacam que gostam de morar ali. “Aqui é calmo, tranquilo, e isso é muito bom”, afirma Mário, que já estava separando os feijões para o almoço do dia seguinte, ali, na área mesmo.
União da comunidade
Remi lembra que faz cerca de 30 anos quando a energia elétrica chegou na localidade. “Os moradores se reuniram e juntos pagaram pela rede”.
Antes disso era outra realidade. Não tinha chuveiro, tampouco geladeiras e freezers. “Mas mantínhamos os alimentos conservados de outra forma. A gente salgava e guardava a carne em uma espécie de alçapão, dentro de gordura animal. Ficava uma delícia”, lembra.
O morador também lembra que, quando eram crianças, o pai Felippe cavalgava até os armazéns próximos para fazer o “troca-troca”. Levavam galinhas e trocavam por farinha, por exemplo.