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Sem dinheiro para a entrada, famílias são desclassificadas em Dois Irmãos
Dois Irmãos – A alegria de saber que, finalmente, o processo havia se agilizado para tentar a construção da casa própria, muitas famílias das primeiras 500 inscritas se decepcionaram ao saber que não conseguiram o financiamento por não ter condições de pagar a entrada. Sem conseguir as 100 famílias, que abrange o total de moradias do projeto habitacional “Um Lar Para Chamar de Meu”, a prefeitura divulgou nessa terça-feira, dia 7, mais uma lista com 200 nomes de suplentes. O imóvel do projeto habitacional está avaliado em R$ 220 mil, com o pagamento de 50% do terreno por parte da Prefeitura, o custo às famílias será de R$ 155 mil e R$ 158 mil, de acordo com o imóvel para o beneficiário. O financiamento pode ser de até 80% do imóvel, com utilização do FGTS.
84 sobrados e 16 casas
A construção do Residencial dos Imigrantes I e II, no bairro Bela Vista, contará com 84 sobrados e 16 casas para pessoas portadoras de necessidade especial (PNE) e idosos. A construção iniciará somente no momento que tiver 50 contratos, de cada um dos residenciais, assinados com a Caixa Econômica Federal (CEF). O secretário de Planejamento, Nei Ferraz, explica que, se necessário, serão chamados mais suplentes e reforça que o Conselho Municipal de Habitação está ciente das dificuldades encontradas no momento tendo em vista a situação gerada pela pandemia. “Os critérios utilizados sempre buscaram beneficiar quem tinha mais tempo de moradia em Dois Irmãos e também mais carência”, frisou.
Com 16 anos em aluguel, sonho da casa própria é adiado
Uma das famílias frustradas com o adiamento do sonho da casa própria é a de Karla Santos, 44 anos, moradora do bairro Moinho Velho. Ela reside de aluguel no município há 16 anos, quando trocou Porto Alegre pela cidade da Encosta da Serra. No dia da divulgação da lista com os primeiros chamamentos, Karla chegou a chorar de felicidade. “Em um ano tão difícil como esse está sendo, acreditei que iríamos iniciar o processo para adquirir a nossa casa e parar de pagar aluguel. Isso chegou como uma excelente notícia. Compartilhei a notícia nas redes sociais e fiquei alegre demais, pois eu estava entre os primeiros 60 da lista da inscrição”, relembra Karla, que no dia seguinte foi até o Complexo do Sesi para tratar da documentação com a prefeitura. “Depois, já liguei e agendei com a Caixa. Eu e meu marido fomos lá e tivemos a triste notícia que não seria dessa vez que sairíamos do aluguel. Como ele é servidor público não tem fundo de garantia e, para conseguir adquirir a residência, teríamos que dar uma entrada de quase R$ 28 mil; o que é inviável, não temos esse dinheiro”. De volta para sua casa, Karla precisou lidar com a frustração. “Me senti mal, porque esperamos mais de três e acreditamos que conseguiríamos nossa casa através desse projeto habitacional”, lamentou.
PREFEITA TÂNIA:
“Esse projeto não é para o mais pobre nem para o rico”
A prefeita Tânia da Silva reconhece a dificuldade das famílias em conseguir efetivamente concluir o financiamento da casa própria através do projeto habitacional. “Me coloco no lugar das pessoas, que sonham em sair do aluguel. Imagino o tamanho da frustração e sinto muito. No entanto, volto a explicar, assim como já fizemos nas etapas anteriores, esse projeto não é Minha Casa Minha Vida nos moldes do residencial construído (no bairro São João, na gestão anterior à de Tânia). Naquele projeto, o Governo Federal praticamente custeava todo o valor; isso não tem mais”. Tânia diz que a prefeitura optou pelo projeto – das opções de financiamento que existem – que considera com mais chances para a população conseguir sua casa. “Estamos entrando com o pagamento de 50% do valor do terreno e 80% do imóvel é financiado pela Caixa. Esse projeto não é para o mais pobre nem para o rico. Tentamos oportunizar um público que não é considerado classe média, mas que possuem uma rende de até R$ 3.500,00 por família”. A chefe do Executivo espera conseguir as 100 pessoas para completar todas as moradias do projeto. “Sabíamos que as primeiras 150 não se enquadrariam, em razão de renda e outros itens. No entanto, não era certo não fazer a inscrição deles, pois até o projeto sair do papel a situação de cada um podia mudar. Esperamos conseguir todos os nomes”.