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Suspeito de matar idoso a pedradas em Herval é indiciado por homicídio, tentativa de homicídio e porte de arma
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – A Polícia Civil, coordenada pelo delegado Eduardo Augusto de Moraes Hartz, concluiu o inquérito sobre o homicídio do idoso Ladislau Cândido do Amaral, de 70 anos, ocorrido no dia 6 de janeiro desse ano. Preso em flagrante, o suspeito Leandro Arnold de 27 anos, que é vizinho da vítima, será indiciado por homicídio doloso por motivo fútil, tentativa do homicídio e porte irregular de arma de fogo.
A investigação já está em poder do Judiciário. A justiça poderá levar em conta o somatório dos três crimes cometidos. Somente a pena para homicídio doloso qualificado, de acordo com o Código Penal, é de 12 a 30 anos de prisão. Leandro permanece preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul, de onde aguarda julgamento. Ele já tem uma Maria da Penha, cometida contra sua ex-companheira em 2020.
O encontro na pinguela
O inquérito possui 87 páginas, das quais 10 são de relatório. De acordo com a investigação Leandro voltava do trabalho de moto na tarde daquela quarta-feira, por volta das 16h30 e encontrou a vítima na ponte (uma pinguela) que fica sobre o Rio Cadeia na localidade de Padre Eterno Baixo. As circunstâncias de como esse encontro aconteceu são desconhecidas, portanto, não se sabe se houve alguma provocação ou discussão que levou as vias de fato.
Até onde se tem conhecimento Ladislau estava voltando de um mercado que fica ali perto, pois, ao lado do seu corpo ainda estavam algumas compras que havia realizado, dentre elas um saco de pão.
A partir do encontro deu-se o conflito. Através de testemunhas e da dinâmica dos fatos, a Polícia Civil constatou que a briga ocorreu não só em cima da ponte, mas, também, em baixo dela. Ao lado do corpo de Ladislau foi possível notar que havia uma pedra seca usada durante o conflito, diferente das demais que estão no rio; ou seja, a pedra foi pega de outro lugar.
Cinco tiros contra um dos filhos
Depois do ocorrido na ponte Leandro foi para a sua casa, na localidade de Padre Eterno Ilges, pegou um revólver calibre 22 de sete tiros e foi atrás de um dos filhos de Ladislau, o Antônio, do qual mora há menos de um quilômetro. Mais uma vez de moto, Leandro o encontrou numa bifurcação que fica perto da casa da vítima e, sem falar nenhuma palavra, atirou cinco vezes contra Antônio mas não o acertou – para a polícia ele relatou que sentiu os zunidos das balas.
A vítima correu até sua casa, que fica há alguns metros, na tentativa de se proteger. O atirador foi atrás. Ao chegar na porteira da propriedade Leandro efetuou mais um disparo, dessa vez acertando a mão de Antônio. Um outro irmão e um amigo da família também estavam próximos e Leandro os mandou entrar dentro de casa e não saírem mais. De acordo com o relato das vítimas à polícia, Leandro ficou em frente a porteira por cerca de 15 minutos, vigiando, dizendo que já havia encontrado com o pai deles dando a entender que houve um confronto. Instantes depois, Leandro foi embora.
Testemunhas ouviram gritos e barulho de pedras sendo jogadas
Um morador que mora próximo ao local revelou à reportagem, sob condição de anonimato, que escutou barulhos de pedras sendo jogadas no rio e gritos. Em um primeiro momento a impressão era de alguém estaria brincando na água e, logo depois, escutou uma moto arrancando. Como não é comum pessoas pararem para se banhar naquele trecho, o morador foi ver o que estava acontecendo junto com sua mãe e, ao chegar perto encontraram um corpo caído no meio do rio, sobre um momento de pedras e mais pedras jogadas por cima. Imediatamente acionaram a Brigada Militar.
De acordo com inquérito a BM foi acionada por volta das 17h. Foram ao local, isolaram a cena do crime e falaram com testemunhas. A Civil, com o apoio da Brigada e informações de que suspeito estava de moto e usando uma camisa azul de uma empresa do município, foi direto para a localidade de Padre Eterno Ilges.
Os policiais chegaram na propriedade de Ladislau e, lá, encontraram os filhos dentro de casa, relatando que haviam sido vítimas de disparos feitos por Leandro. Nesse momento a polícia já interligou as duas ocorrências. Somente naquele momento os filhos ficaram sabendo do pai, através da polícia.
Negou e depois, confessou
Os policiais foram até a casa de Leandro que, em um primeiro momento, negou. Depois, vendo que os agentes tinham elementos de testemunhas, assumiu que tinha dado os tiros e mostrou onde tinha escondido a arma do crime – que estava no mato, próximo à bifurcação.
Leandro foi, então, conduzido à Delegacia. No meio do caminho os policiais questionaram sobre o que aconteceu com Ladislau. “No começo ele desconversava. Continuei falando com ele, explicando que seria feita perícia no local e que a gente não tinha entendido o que ocorrera, o que motivou um fato daqueles”, afirmou o policial Victor Guarda de Almeida. “Aí ele começou a contar e disse: na verdade fui eu”, relatou Victor, dizendo que não chegou a dar elementos de como foi a ação por completo.
Permaneceu em silêncio
Apensar de ter confessado informalmente o ato para os policiais durante a condução, no auto da prisão em flagrante junto ao delegado, Leandro optou por permanecer em silêncio e declarar somente em juízo. Apesar de não confessar, também não negou.
A motivação fútil
De acordo com a polícia, a motivação fútil associada ao homicídio é de que Ladislau e os filhos estariam dirigindo olhares para a mãe e atual namorada de Leandro, o que as incomodava. “Não conseguimos encontrar outros elementos além disso”, disse Victor.
Laudo pericial
A polícia ainda não recebeu o laudo pericial, com dados minuciosos de necropsia, então, não há elementos para dizer que foi uma pedrada que matou Ladislau, onde a pedra atingiu e como foi. O inquérito foi concluído em face de prazo de lei, em questão do flagrante. A Civil chegou a pedir prorrogação de prazo de 15 dias para instruir melhor a investigação, sendo ele concluído nos últimos dias.