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Participantes do Centro de Referência da Mulher de Ivoti falam sobre retorno das atividades

09/06/2021 - 09h07min

Atualizada em 09/06/2021 - 09h11min

Ivoti – De portas fechadas há mais de um ano, no mês de maio o Centro de Referência da Mulher (CRM) Iracy Cidonia Klein pôde receber novamente as participantes e preencher o, até então, vazio dos corredores, com esperança e euforia. Com grande parte das frequentadoras já imunizadas, a reabertura contou com a retomada de quase todas as atividades.

O local, fixado no bairro Morada do Sol, precisou ficar fechado por conta da pandemia e, neste período, adaptou os serviços de acompanhamentos psicológicos e assessorias jurídicas para que permanecessem sendo oferecidos. No entanto, além das assistências, oficinas e atividades, uma das principais funções do CRM é atuar como um grupo de apoio, proporcionando um espaço para que as mulheres da comunidade criem vínculos entre si e consigam se acolher, umas as outras.

Por conta disto, nem mesmo a distância física foi o bastante para as afastarem. As mulheres que participam das turmas possuem um grupo de WhatsApp, pelo qual mantêm a proximidade, conversando não apenas sobre o CRM, mas também sobre o cotidiano. Ainda assim, conforme aponta a coordenadora Roberta Würzius, não foi o bastante para diminuir a saudade.

“Mesmo enquanto ainda não havíamos retornado, elas relatavam que sentiam falta de vir para o Centro e estavam esperando muito por esta volta”.

Costurando histórias

Patrícia Klein e Vera Koch Schneider são professoras da Oficina de Artesanato. Elas contam que, apesar de terem conseguido findar a saudade e agora estarem podendo desfrutar da felicidade que o momento do retorno proporciona, o sentimento de receio pela incerteza em não saber se, em um futuro próximo, haverão novos fechamentos e reaberturas, também se faz presente. No entanto, enquanto as portas seguem abertas, os planos seguem fluindo.

Todo ano as mulheres que participam deste grupo costuram uma colcha de retalhos. O processo dura, em média, sete meses e no fim ela é rifada, no intuito de arrecadar dinheiro para conseguir custear a colcha do próximo ano. No momento, elas estão produzindo a 15ª colcha de retalho. Ela havia sido iniciada em março de 2020, mas precisou ter sua produção interrompida quando todas foram pegas de surpresa pela chegada do novo coronavírus. Mas, o apego é tanto, que mesmo em casa, parte da colcha seguiu sendo costurada pelas participantes.

“Elas criam um apego muito grande com a colcha e foi, inclusive, por isso que, há algum tempo, começamos a fazer duas colchas por ano, sendo a segunda sorteada entre as mulheres que a costuram”, conta Vera.

Rede de apoio

Neste retorno, “saudade” era a palavra da vez, repetida por todas as participantes na tentativa de demonstrar a falta que o ambiente e as colegas fizeram neste período em que precisaram ficar afastadas. Mesmo mais próximas, os abraços, elas comentam, estão reservados para o futuro.

As, atualmente, sete integrantes da oficina de artesanato realizada nas tardes de segundas-feiras, contam que, mais que a realização de uma atividade, o espaço simboliza para elas um momento terapêutico, onde todas têm momento para ouvir e ser ouvida. Cada uma com sua história, elas lembram dos motivos que as levaram a procurar o CRM pela primeira vez.

“Eu faço parte do grupo desde que ele iniciou. Eu entrei pois tinha acabado de perder o meu marido e estava enfrentando um momento difícil. Entrar neste grupo foi a melhor coisa que eu fiz. Eu senti muita falta de estar aqui com elas. Essa volta está sendo muito importante.” – Iria Maria Link, 71 anos, participante do grupo há 13 anos

“Uma vizinha me convidou para eu sair um pouco de casa, meu filho havia falecido e eu não saía muito. E, então, eu vim para cá e me encantei. Eu até já pensei em desistir, mas eu não consigo.” – Ana Lucia Petry Teobaldi, 61 anos, participante do grupo há 11 anos

“Eu estava aposentada e tinha muito interesse em fazer alguma atividade e eu vim aqui ver quais eram as atividades oferecidas. De início, não sabia se eu ia gostar e quando vi a Oficina de Artesanato foi quase que amor à primeira vista. É maravilhosa a amizade que a gente constrói aqui”.Liria Agnes Petry Graeff, 59 anos, participante do grupo há 5 anos

“Estava com saudade deste espaço, as aulas estavam me fazendo falta. Aqui na oficina aprendi a fazer muita coisa e consigo também aplicá-las em casa. O tipo de trabalho que fazemos aqui, aprendi do zero e hoje gosto muito.” – Dorli Mila, 64 anos, participante do grupo há 3 anos

“Eu estou tão feliz de poder voltar e reencontrar todas elas. Eu sentia falta deste lugar, apesar de tudo que tem para fazer em casa, estar aqui costurando com elas faz falta na rotina.” – Lurdes Rockenbach, 72 anos, participante do grupo há 8 anos

“Esse momento de retorno foi muito esperado. Eu pensava muito em quando poderíamos voltar. Este grupo é, para mim, uma terapia de extrema importância, senti muita falta deste ambiente.” – Maide Leinhart Metz, 59 anos, participante do grupo há 5 anos

“É uma verdadeira terapia, a sensação é que a gente não pode ficar sem. Eu adoro costurar e bordar, faço em casa também, mas estar aqui é diferente, é muito bom.” – Anastasia Schmidt, 68 anos, participante do grupo há 3 anos

Atendimento

Massoterapia, terapia floral, atendimentos de psicomotricidade, grupos de controle de peso e grupos de artesanato. Estas são as atividades oferecidas pela Centro. Além disto, anteriormente também eram disponibilizadas sessões de acupuntura, mas o serviço ainda não retornou devido à incompatibilidade da agenda da profissional que atendia diante dos novos horários de funcionamento da entidade.

Isto porque, com o retorno neste momento, alguns pontos precisaram ser adaptados ao período pandêmico e, assim, as turmas tiveram o número de alunas limitado e também reduções nos horários. Mesmo com as mudanças, Roberta conta que a maioria das participantes conseguiram retornar para o espaço do CRM ainda neste primeiro momento.

Como participar

Para manter o distanciamento correto nas salas, desta vez as moradoras do município que desejam começar a fazer parte de algum grupo, devem primeiramente realizar uma matrícula e, desta forma, as turmas passaram a ser definidas por ordem de inscrição. Quem não conseguir neste momento uma vaga na turma em que tem interesse, poderá aguardar na lista de espera.

Ainda há algumas vagas disponíveis nos grupos de artesanato, na psicomotricidade e no atendimento de terapia floral. Para realizar as inscrições ou obter mais informações sobre o funcionamento do CRM, basta contatar o telefone (51) 9 9679-0348. O atendimento no Centro acontece de segunda a sexta-feira, das 12 horas às 18 horas.

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