Destaques
Venezuelanos buscam ajuda em Nova Petrópolis
Nova Petrópolis – Uma cena um tanto incomum foi vista durante toda a quinta-feira, 3. Na sinaleira da Av. XV de Novembro, um grupo de quatro venezuelanos, três adultos e uma criança, pediam ajuda para comprar passagens de ônibus e seguir seu destino rumo ao “infinito”, até chegarem em Santa Maria, no centro do Estado, e por lá tentarem se estabelecer.
Salazar Zalaba, de 37 anos, conta que os quatro chegaram no município por volta das 9 horas, vindos de Caxias do Sul. Com ele estava sua prima, o companheiro dela, e o filho do casal, de oito anos. Enquanto os adultos pediam ajuda, o menino esperava sentado, ao lado de uma árvore no canteiro Central.
“Deus permita que o Brasil não se transforme em uma Venezuela”
A saga da família começou há mais de um ano. Zalaba entrou no país pelo estado de Roraima, e afirma ter todos os documentos necessários para sua legalização aqui no Brasil. “Primeiro me deram um provisório, de dois meses, mas depois consegui o permanente”, conta. Por alguns meses, ele, que na Venezuela era ajudante de mecânica, conseguiu ficar trabalhando e morando em Cuiabá, no Mato Grosso. Mas as condições climáticas do estado o fez seguir seu caminho. “Lá é muito calor, todas as madrugadas era preciso tomar um novo banho para conseguir dormir”, conta.
O venezuelano diz também que sente vergonha de pedir dinheiro, mas no momento não vê outra alternativa. O desejo do grupo é viajar até Santa Maria, onde mora a mãe de Zalaba há alguns meses. Lá ele quer fixar endereço e conseguir um trabalho. Atualmente, eles vagam de cidade em cidade, dormindo em rodoviárias. Na bagagem, uma mala cada um com roupas e objetos pessoais, e um ventilador. E mesmo com todas as dificuldades que têm enfrentado, ainda assim a vida levada no Brasil é melhor que aquela que tinham na Venezuela.
País destruído
O fato de poder fazer mais de uma refeição por dia no Brasil, já é algo que ele comemora. Em seu país, passava fome e, quando conseguia alimentos, era uma refeição por dia. Ele conta que a Venezuela chegou ao caos e que o presidente Nicolás Maduro não admite os problemas, insistindo que está tudo bem. “Está tudo bem para ele, que tem comida na mesa. Deus permita que o Brasil não se transforme em uma Venezuela. A Venezuela acabou”, afirma com tristeza.
Durante o dia, policiais militares foram conversar com o grupo, e disseram que se não fizessem nada de errado, não teria problemas em pedir dinheiro. Contudo, se tentassem ou roubassem alguém, obviamente, iriam retornar para Caxias, mas dessa vez com algemas nos pulsos. “Eles conversaram com a gente e nos orientaram, foram muito educados”, finalizou.