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Vida no interior de Nova Petrópolis limitada por falta de energia trifásica

26/11/2020 - 17h01min

Lúcia precisa usar um motor a diesel para usar o moedor (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – “Estamos parados no tempo”. Foi com essa frase que Lúcia Marli Staudt, de 60 anos, e seu irmão, Paulo Germano Staudt, de 64, definiram a situação em que vivem na localidade de Nova Harmonia, no Pinhal Alto. O motivo desta estagnação é a falta de uma rede de energia elétrica forte que permita o desenvolvimento, tanto na produção rural, quanto em atividades domésticas simples do dia a dia.

Para alguns moradores daquela região, a rede trifásica de energia ainda não chegou. E, com uma rede monofásica, a força elétrica é muito baixa, impedindo que aparelhos que demandam um pouco mais de energia, funcionem ao mesmo tempo. No caso da família Staudt, se o forno elétrico for usado, nenhum outro aparelho que gere força pode ser utilizado ao mesmo tempo, nem mesmo um chuveiro. “Nós temos dois em casa, mas é impossível usá-los ao mesmo tempo. Se fizer isso, o disjuntor cai na hora”, conta Lúcia.

Para usar um simples forno, outros equipamentos não podem ser usados (Créd.: Dário Gonçalves)

A família mantém na tomada só aquilo que é essencial, como geladeira e refrigeradores. No galpão onde fica um moedor, utilizado principalmente para moer milhos, a luz precisa ser ligada do lado de fora. E para usá-lo, somente ligando com um motor a diesel, caso contrário a luz também cairia e ainda haveria o risco de queimar aparelhos.

Paulo diz que isso sempre foi assim, e que por ter poucos moradores na região, não há o interesse público. Além disso, a caixa de energia da residência fica a cerca de 200 metros da casa. “Vieram medir a força da energia e lá na caixinha estava em 220w. Depois mediram aqui, com o chuveiro ligado, e estava só 180w. Não basta ser fraca, ainda há perdas”, explica.

Caixa de luz fica tão distante que não pode ser vista da casa (Créd.: Dário Gonçalves)

Aumento de produção

Não muito longe, na localidade de Santa Inês, quase divisa com Picada Café, a família de Celso Ritter é a única dali que ainda não possui a rede trifásica e passa pelos mesmos problemas que a família Staudt. Celso também tinha o interesse em aumentar sua produção agrícola e expandir mais um galpão, mas sem a rede, não é possível. Eles até mesmo investiram na compra de painéis fotovoltaicos para captar energia solar, mas com uma rede monofásica para abastecer, ainda assim não há força necessária para isso.

Cleber e Celso Ritter investiram em energia solar (Créd.: Dário Gonçalves)

Em Feliz Lembrança quem passou a contar com a rede trifásica há alguns anos, conta os benefícios que o aumento de energia trouxe. Clóvis Weber, de 32 anos, e seu pai, Hugo Weber, de 61, possuem aviários há muitos anos. Mas foi a partir do momento que a trifásica chegou, que a produção pôde aumentar. Antes disso, há cerca de cinco anos, a família tinha apenas um galpão, com capacidade para 15 mil frangos. Hoje, o número triplicou, são 45 mil frangos divididos em dois galpões. Não só o trabalho foi expandido, como a chegada da energia fez com que Clóvis, à época com 27 anos, voltasse para a vida no campo. “Antes eu não tinha como permanecer aqui, precisei ir para o município trabalhar. E quando a rede chegou, pude voltar e investir no próprio negócio”, explica.

Clóvis e Hugo construíram um galpão para 30 mil aves após chegada da rede (Créd.: Dário Gonçalves)

Quem também teve seu trabalho facilitado foram Claudiomiro e Rosangela Stoffel, os dois possuem a rede há cerca de quatro anos. Embora digam que antes da trifásica não tinham muitos problemas com a energia, com ela passaram a investir em maquinário melhor e mais potente para o trato de animais, como as vacas leiteiras.

Darlei fala em trabalho incansável

O prefeito eleito Jorge Darlei Wolf disse que essa questão já estava prevista em seu plano de governo e que trabalhará forte para buscar uma solução. Segundo ele, em suas visitar pelo interior, a prioridade número um dos agricultores são os acessos e as estradas, em seguida vem a questão da rede trifásica em algumas localidades. “Certamente seremos parceiros nisso, faremos esse trabalho incansável porque temos que dar condições para os agricultores produzirem, uma vez que mais de 30% de toda a arrecadação do município vem da agricultura”, afirmou.

Darlei disse ainda que o mínimo que o poder público precisa e deve fazer, é cumprir com a sua parte, buscando parcerias e elementos que facilitem a vida do agricultor. Contudo, não há como estimar uma previsão de quando isso será implementado. “Isso não é possível dizer, teremos que ver como pegaremos a Prefeitura, mas vamos trabalhar em cima disso”, finalizou.

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