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Vida no interior de Nova Petrópolis limitada por falta de energia trifásica
Nova Petrópolis – “Estamos parados no tempo”. Foi com essa frase que Lúcia Marli Staudt, de 60 anos, e seu irmão, Paulo Germano Staudt, de 64, definiram a situação em que vivem na localidade de Nova Harmonia, no Pinhal Alto. O motivo desta estagnação é a falta de uma rede de energia elétrica forte que permita o desenvolvimento, tanto na produção rural, quanto em atividades domésticas simples do dia a dia.
Para alguns moradores daquela região, a rede trifásica de energia ainda não chegou. E, com uma rede monofásica, a força elétrica é muito baixa, impedindo que aparelhos que demandam um pouco mais de energia, funcionem ao mesmo tempo. No caso da família Staudt, se o forno elétrico for usado, nenhum outro aparelho que gere força pode ser utilizado ao mesmo tempo, nem mesmo um chuveiro. “Nós temos dois em casa, mas é impossível usá-los ao mesmo tempo. Se fizer isso, o disjuntor cai na hora”, conta Lúcia.
A família mantém na tomada só aquilo que é essencial, como geladeira e refrigeradores. No galpão onde fica um moedor, utilizado principalmente para moer milhos, a luz precisa ser ligada do lado de fora. E para usá-lo, somente ligando com um motor a diesel, caso contrário a luz também cairia e ainda haveria o risco de queimar aparelhos.
Paulo diz que isso sempre foi assim, e que por ter poucos moradores na região, não há o interesse público. Além disso, a caixa de energia da residência fica a cerca de 200 metros da casa. “Vieram medir a força da energia e lá na caixinha estava em 220w. Depois mediram aqui, com o chuveiro ligado, e estava só 180w. Não basta ser fraca, ainda há perdas”, explica.
Aumento de produção
Não muito longe, na localidade de Santa Inês, quase divisa com Picada Café, a família de Celso Ritter é a única dali que ainda não possui a rede trifásica e passa pelos mesmos problemas que a família Staudt. Celso também tinha o interesse em aumentar sua produção agrícola e expandir mais um galpão, mas sem a rede, não é possível. Eles até mesmo investiram na compra de painéis fotovoltaicos para captar energia solar, mas com uma rede monofásica para abastecer, ainda assim não há força necessária para isso.
Em Feliz Lembrança quem passou a contar com a rede trifásica há alguns anos, conta os benefícios que o aumento de energia trouxe. Clóvis Weber, de 32 anos, e seu pai, Hugo Weber, de 61, possuem aviários há muitos anos. Mas foi a partir do momento que a trifásica chegou, que a produção pôde aumentar. Antes disso, há cerca de cinco anos, a família tinha apenas um galpão, com capacidade para 15 mil frangos. Hoje, o número triplicou, são 45 mil frangos divididos em dois galpões. Não só o trabalho foi expandido, como a chegada da energia fez com que Clóvis, à época com 27 anos, voltasse para a vida no campo. “Antes eu não tinha como permanecer aqui, precisei ir para o município trabalhar. E quando a rede chegou, pude voltar e investir no próprio negócio”, explica.
Quem também teve seu trabalho facilitado foram Claudiomiro e Rosangela Stoffel, os dois possuem a rede há cerca de quatro anos. Embora digam que antes da trifásica não tinham muitos problemas com a energia, com ela passaram a investir em maquinário melhor e mais potente para o trato de animais, como as vacas leiteiras.
Darlei fala em trabalho incansável
O prefeito eleito Jorge Darlei Wolf disse que essa questão já estava prevista em seu plano de governo e que trabalhará forte para buscar uma solução. Segundo ele, em suas visitar pelo interior, a prioridade número um dos agricultores são os acessos e as estradas, em seguida vem a questão da rede trifásica em algumas localidades. “Certamente seremos parceiros nisso, faremos esse trabalho incansável porque temos que dar condições para os agricultores produzirem, uma vez que mais de 30% de toda a arrecadação do município vem da agricultura”, afirmou.
Darlei disse ainda que o mínimo que o poder público precisa e deve fazer, é cumprir com a sua parte, buscando parcerias e elementos que facilitem a vida do agricultor. Contudo, não há como estimar uma previsão de quando isso será implementado. “Isso não é possível dizer, teremos que ver como pegaremos a Prefeitura, mas vamos trabalhar em cima disso”, finalizou.