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DIÁRIO RURAL – O trabalho com junta de boi está cada vez mais esquecido

09/07/2019 - 18h28min

Atualizada em 10/07/2019 - 10h02min

Santa Maria do Herval – Uma forma quase esquecida no meio rural, o trabalho com juntas de bois ainda pode ser visto no interior do município em algumas poucas famílias de agricultores. As juntas de bois já foram predominantes entre os agricultores de Santa Maria do Herval e praticamente cada propriedade rural possuía pelo menos uma. Mas hoje o trabalho com tração animal está escasso, em meio à popularização dos tratores.

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Na localidade de Boa Vista do Herval, o agricultor Lauri Schneider, 69 anos, é um desses homens que preferiu se manter ligado aos fiéis companheiros de quatro patas. Desde criança trabalhando na lavoura, criou os três filhos ao lado da esposa Nelci Boeff Schneider com a ajuda dos bois. Ele utiliza a junta de bovinos para lavrar a terra, gradear e puxar a carreta com a produção. Garante que sua junta de boi é muito boa para o trabalho diário que exerce. “Tenho eles desde novos. São mansos, mas quando enxergam gente diferente se assustam”, frisa o agricultor.

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Puxam arado

Desde pequeno lidando na agricultura, Lauri conhece muito bem as juntas de bois com que trabalha. “Antigamente, quando tinha mais serviço, chegava a colocar duas juntas de bois ao mesmo tempo para puxarem a carreta carregada”. Ele também ressalta que os animais têm bastante força e dão conta de auxiliar na execução do trabalho na propriedade rural. A filha Andrea conta que há alguns anos a família cultivava para vender, mas agora a produção está mais voltada para a subsistência. Comercializa apenas o excedente. Ela, assim como os irmãos Juliana e Fábio, não quiseram dar continuidade ao trabalho na lavoura.

Andrea, Nelci e Lauri Schneider. (foto: Rogério Savian)

Posam para a foto

Seu Lauri conta que já perdeu as contas de quantas vezes foi parado na estrada para ser fotografado com os bois por turistas que passam pela região. Eles já estão até acostumados com o carinho que recebem das pessoas que se encantam com a atividade. “Os turistas que passam por aqui, indo para Gramado, sempre acham bonitos os bois e me pedem para tirar fotos. É um trabalho diferente e que tem cada vez menos”, conta.

Nomes dos bois

A junta de bois é tratada como animais de estimação pelo agricultor e entre eles existe uma grande “amizade”. Os bois de Lauri se chamam “Soberano” e “Valente”. Ele comprou os animais quando eram bem novos. “A sorte dos bois foi o pai ter comprado eles. O homem que nos vendeu ia levá-los para o frigorífico, mas antes ofereceu para o pai. Hoje eles têm cerca de 13 anos e ainda poderão trabalhar por bastante tempo”, destaca Andrea.

Lauri e os bois “Soberano” e “Valente”. (foto: Rogério Savian)

Bem cuidados

Os bois trabalham bastante, mas também são bem tratados. Após chegarem em casa com a carreta carregada de pasto, recebem água fresca e descansam. Isso faz com que se forme uma relação de carinho entre o agricultor e os animais. “Para o serviço que temos, essa junta de boi dá conta e sobra”, afirma Lauri. Andrea também destaca que os animais conhecem bem quem os trata e por isso apenas seu Lauri e o filho Fábio é que podem tratá-los. “Todas a juntas de bois que o pai teve, sempre dava pena de carnear.  A gente acaba se apegando muito a esses animais”, destaca a filha Andrea.

Vantagens

A tração animal é a alternativa mais econômica para a pequena propriedade. O animal possui grande adaptabilidade, podendo ser utilizado praticamente em qualquer terreno, independentemente de sua topografia. Existem registros históricos ao longo de todo o desenvolvimento da humanidade relacionados ao uso da tração animal na agricultura.

 

 

 

 

 

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