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Produtor da 48 Alta investe em alfaces resistentes ao calor
Ivoti – O produtor rural, Dércio Metz, morador de Picada 48 Alta, sofreu no próprio corpo e na pele o efeito da aplicação de agrotóxicos na agricultura. Se continuasse a aplicação de veneno na produção de verduras, ele deixaria essa função. Está sendo desenvolvido um projeto experimental na propriedade, referente ao plantio de quatro tipos de alfaces resistentes ao calor.
A propriedade de 11,5 hectares foi adquirida por Belcindo Metz, 70 anos. Belcindo e a esposa Ilse Metz têm seis filhos: Adenise, Márcia, Silvio, Silmar, Dércio e Nádia. Todos trabalharam até o começo da idade adulta. Quem está dando continuidade às lidas do campo é Dércio, que é um dos mais novos da família.
“Eu sempre ajudei no trabalho da roça, trabalhando junto com os meus pais, e cresci acompanhando isso”, bbserva Dércio. De 5 anos para cá a situação mudou. Era necessário fazer a aplicação de 45 produtos agroquímicos diferenciados na produção.
Como a saúde de Dércio começou a ser afetada, com problemas de fígado, estômago e alergias, ele decidiu, junto com o pai, a mudar essa situação. E já faz três anos que decidiu trabalhar com orgânicos, usando somente produto para matar o inço. Na produção são usadas caldas feitas de forma natural.
Quatro variedades de alfaces novas
As quatro novas variedades de alface, em fase experimental, são desenvolvidas pela Embrapa, e foram apresentadas ao produtor pela Emater.
As variedades são a alface cerbiata/grega, a litorânea, a BRS Leila e a BRS Mediterrânea. O plantio das mudas aconteceu em 29 de novembro.
“São variedades mais rústicas, resistentes às temperaturas altas e que possuem um pendoamento mais lento”, destaca Metz. Conforme ele, o pendoamento inviabiliza a comercialização, pois torna as plantas amargas.
“Eu fui procurar ajuda da Emater”
Com o pensamento de mudar o antigo costume de aplicar químicos na produção, Belcindo e Dércio contataram com o escritório da Emater de Ivoti e pediram ajuda para Rodrigo Sasso Rodrigues.
“A partir desse contato com o Rodrigo Sasso, que nos orientou, a coisa começou a mudar, pois ele me incentivou e fui pesquisar sobre como fazer a recuperação de solos” destaca Dércio Metz.
Assim que não houve mais a aplicação de químicos na produção, foi possível ver as mudanças. Era aplicado um produto para inibir o crescimento das ervas daninhas, mas essa prática simplesmente matava a vida do solo. Após três anos sem aplicar o produto, o grande sinal que o solo tem vida é o surgimento de minhocas nos canteiros.
As verduras e tempero verde dominam os canteiros
A produção da propriedade, desenvolvida há cerca de 50 anos, era relacionada ao plantio de aipim e de batata-doce. Com o tempo foi agregada a criação de galinhas e gado. A propriedade ainda conta com algumas frutíferas.
As hortaliças cultivadas são a couve folhas, rúcula e repolho. O plantio de aipim foi mantido, e ainda é cultivado o milho para a silagem, que vai tratar as cabeças de gado da propriedade familiar. Além de laranjas também é comercializado o pêssego.
Os clientes são supermercados, mas também é feita a venda direta a particulares.
Em busca de conquistar o selo Sabor Gaúcho
Outra ideia que está sendo implementada com apoio da Emater, com a finalidade de agregar renda à propriedade, é a instalação de uma agroindústria.
A intenção é vender o aipim descascado, que é bastante solicitado pelos clientes. Com a venda do produto “limpo”, deverá alcançar um valor agregado de 70% a mais.
O objetivo é conquistar o selo Sabor Gaúcho com esse produto. “Recebemos o incentivo da Emater para entrar nesse programa do Estado, mas é necessário regularizar a documentação junto à Vigilância Sanitária”, destaca o produtor.
Recursos para o custeio de produção
Belcino tem conta no Sicredi desde que abriu a primeira agência em Ivoti. Ao longo dos anos, a propriedade adquiriu tratores e implementos utilizados na lavração da área e feitio dos canteiros.
Foi feito um financiamento via Pronaf para o custeio de lavoura, através do Sicredi, além da aquisição de mudas e de óleo diesel. Também foram adquiridas tubulações para a irrigação dos canteiros. “O juro ficou em 2,5% ao ano”, lembra Dércio.
- Orientações técnicas da Emater foram fundamentais para produtor (Crédito: Rafael Petry)
- As verduras não recebem aditivos químicos e o controle de pragas é natural (Crédito: Rafael Petry)
- O menor uso de agrotóxicos protege a saúde do agricultor e do consumidor (Crédito: Rafael Petry)
- Aquisição de tubulação, mudas e óleo diesel foi importante para a produção (Crédito: Rafael Petry)
- As alfaces em teste são mais resistentes ao calor (Crédito: Rafael Petry)