Esporte
Palavra de craque: Danrlei e Clemer falam sobre o Gre-Nal da pandemia
Marcado para esta quarta-feira em Caxias do Sul, o Gre-Nal 425 é um dos assuntos mais debatidos no Estado neste momento. Mas a discussão não envolve a velocidade de Everton Cebolinha pelo Grêmio, ou o faro de gols de Paolo Guerrero do Inter. A temática, assim como na maior parte dos ciclos de conversa, é uma só: o coronavírus.
O jogo tem dividido a opinião dos torcedores sobre a necessidade de ocorrer, tendo em vista os números crescentes relacionados à doença nas últimas semanas. Para alguns, é contraditório acontecer uma partida de futebol, tendo em vista se tratar de uma atividade não essencial, enquanto parte dos serviços estão paralisados em razão do modelo de distanciamento controlado do Estado.
Por outro lado, há quem defenda a realização do clássico por considerar que as medidas sanitárias a serem adotadas para o confronto, oferecem segurança para os envolvidos, ponderando que o futebol é uma profissão, e como tal, precisa passar por adequações como todas as outras.
Para relativizar a discussão, o Diário procurou quem já esteve dentro de campo. E como não poderia deixar de ser, polarizamos o assunto tão polêmico conversando com um ídolo gremista e outro colorado, os ex-goleiros Darnlei e Clemer.
Danrlei: “Se seguir os protocolos, não vejo problema em voltar”
Multicampeão vestindo a camisa 1 do Grêmio, o hoje deputado federal Danrlei pondera que não vê empecilho para o retorno dos campeonatos, desde que sejam respeitadas as medidas de segurança sanitária. “Se haver o protocolo que ofereça segurança a todos que estiverem envolvidos na partida, não vejo motivo para não haver o jogo”, comentou.
O ex-goleiro cita como exemplos o Campeonato Carioca, que já chegou ao fim, e a continuidade do Campeonato Paulista. “Na Europa diversos campeonatos voltaram, e até o momento, não há relatos de aumento de casos da Covid-19 onde ocorreram as partidas”, pontua.
Para Danrlei o protocolo de um jogo profissional é mais rigoroso do que aqueles aplicados em diversos setores da economia. “Um grande supermercado de Porto Alegre, por exemplo, pode atender quase mil pessoas simultaneamente. Nem todas as medidas são seguidas à risca em um cenário assim”, destaca.
Futebol é um negócio
O deputado relacionou a prática do futebol profissional aos demais ofícios da cadeia produtiva, para argumentar que também precisa de adaptação para seguir em atividade. “O futebol é um negócio. E como tal, tem que se adaptar às normas vigentes, como todo negócio está tendo de passar neste momento. Para nós é entretenimento, mas quem está envolvido nele, é sustento”, considerou o ex-goleiro. Indagado se há clima para o esporte, em meio aos números negativos relacionados à pandemia, Danrlei finalizou: “Se levar isso em consideração, não vamos mais sair de casa e a vida para”.
Clemer: “O torcedor acaba se motivando, independente do cenário”
O campeão do mundo pelo Internacional, o também ex-goleiro Clemer tem discurso similar ao do colega de posição. “Se quem organiza a partida oferece condições de segurança, sem problemas. Evidentemente sem a torcida, porque isso sim representa um problema. Infelizmente na emoção do jogo, o torcedor acaba esquecendo dos cuidados básicos”, aponta.
Clemer destaca que entende o anseio dos aficionados pelo retorno da bola, refletindo que a pandemia poderia ser esquecida, ao menos durante os 90 minutos da partida. “O cara quando é apaixonado, ele acaba se motivando, independente do cenário. O que ele deve se preocupar é justamente em que cenário ele está se colocando para se resguardar da doença”, frisou.
O ex-arqueiro considera exemplar o controle que os clubes adotam para garantir a segurança dos atletas, com testagens permanentes e monitoramento de rotinas, minimizando as chances de contágio pela doença. No entanto, alerta para questões que podem influenciar no desenvolvimento dentro de campo.
“O pouco tempo que os atletas tiveram para se preparar, já que os treinamentos não estavam liberados, com certeza irá influenciar. Uma coisa é tratar da parte física, outra é do ritmo de jogo. A performance não será a mesma, mas a exigência do torcedor vai seguir”, constatou.
“Beira-Rio tinha condições”
Clemer questionou as razões que tiraram a partida do Beira Rio, local original onde aconteceria a partida, para o Estádio Centenário em Caxias do Sul. O goleiro destacou que ambas as cidades vivem situação igual, no que se refere ao modelo de distanciamento controlado do Estado, estando em bandeira vermelha, o que representa risco alto de contágio pelo coronavírus.
“Eu não acredito que Caxias tenha condições melhores que as que o Inter poderia oferecer. É uma coisa sem noção. Não desmerecendo a cidade ou o clube, mas não creio que o Estádio Centenário ofereça condições melhores que o Beira Rio”, finalizou.