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Greve dos caminhoneiros que parou o País completa um ano
Região – Há exatamente um ano, o País estava em plena crise e caos decorrente da luta de uma categoria que movimentou os quatro cantos do Brasil. A greve dos caminhoneiros, também chamada de Crise do Diesel, foi uma paralisação de caminhoneiros autônomos com extensão nacional iniciada no dia 21 de maio e terminou oficialmente no dia 30 de maio, com a intervenção de forças do Exército e Polícia Rodoviária Federal para desbloquear as rodovias. Durante nove dias, a paralisação e os bloqueios de rodovias em 24 estados e no Distrito Federal causaram a indisponibilidade de alimentos e remédios ao redor do País, escassez e alta de preços da gasolina, com longas filas para abastecer.
Todos os efeitos também foram sentidos na Encosta da Serra. Bloqueios ocorreram ao longo da BR-116, entre Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos, Morro Reuter e Nova Petrópolis; e, ao mesmo tempo, a falta de combustíveis geravam uma busca desenfreada nos postos. Filas quilométricas com horas de espera se tornaram rotina nestes nove dias. Na segurança pública e área de saúde, o cuidado com o uso de combustível era questão de sobrevivência. Escolas ficaram fechadas por falta de combustível para o transporte, assim como serviços de outros setores foram prejudicados.
A população, em sua maioria, também manifestou apoio aos caminhoneiros. No final de semana, dias 26 e 27 de maio, os moradores foram às ruas para protestar pedindo a baixa do diesel, apoiando o movimento dos caminhoneiros, assim como a redução do preço dos demais combustíveis.
“Nunca tínhamos vivido algo assim”
Pode-se dizer que a rotina de todos mudou com os nove dias de paralisação dos caminhoneiros. Desde o cidadão que passou a economizar o máximo sua gasolina ou até mesmo passou a ir trabalhar a pé, de bicicleta ou em sistema de rodízio de carona com colegas; e das empresas de praticamente todos os setores. Nos postos de combustíveis, foram quase 10 dias de tensão e busca constante por reabastecimento dos tanques, além de paciência para orientar e acalmar a população. Rafael Schneider, do Posto Bruder, de Dois Irmãos, lembra do período como algo inédito e que exigiu paciência. “Nunca tínhamos vivido algo assim. Passamos por períodos com dificuldade de ter determinado tipo de combustível em razão de temporal, alagamentos, mas se chegava a faltar a gasolina comum, por exemplo, tínhamos o etanol. Na greve dos caminhoneiros, chegamos a ficar sem nada”, disse ele, relembrando a luta para conseguir combustível. “O contato era direto com a Ipiranga e chegava conforme era possível. Lembro que no dia que ficamos sem combustível houve uma promessa de vir e a fila já começa a se formar. Alguns veículos chegaram a ficar 24 horas na fila até que o caminhão chegou para abastecer o tanque. Foi algo nunca visto aqui”, conta.
Quase uma semana em casa, sem trabalhar
Um morador de Santa Maria do Herval, que atuava na logística de uma empresa de Dois Irmãos, precisou ficar quase uma semana em casa, sem trabalhar. Com a greve dos caminhoneiros, a empresa não recebia matéria prima e, além disso, não conseguia expedir a produção. Com o fim da greve, o morador retornou ao trabalho na quarta-feira, dia 1º de junho. “Trabalhar nesse período ficou inviável. Os estoques estavam cheios, pois os caminhões não podiam sair para fazer entregas, seja por ruas trancadas ou falta de combustível”, comentou.