Destaques
Operação Aliança: dois presos em Estância Velha também são condenados
Estância Velha – Além dos líderes da facção Os Manos condenados no processo resultante da Operação Aliança, de 2017, outros dois integrantes da facção, presos durante a Operação Aliança, também foram condenados por envolvimento com a quadrilha. Um deles é Josias dos Santos Amador, 32 anos, apontado como sendo um dos integrantes do alto escalão da facção. Josias foi condenado a 14 anos e 10 meses de reclusão.
Na época da operação, em 2017, Josias era detento do Instituto Penal de Novo Hamburgo, onde cumpria pena no regime semiaberto por tráfico de drogas. Conforme o MP, ele era o membro da quadrilha com autorização para vender drogas dentro do presídio. Ainda, tinha a concessão para comandar o tráfico de drogas em alguns bairros de Parobé.
O traficante morava na rua Acácia Mimosa, no loteamento União, em Estância Velha. Na casa dele, na época, a polícia encontrou 15 frascos de lança-perfume, avaliados em R$ 4.500, uma balança de precisão, mais de R$ 500 em dinheiro e dois cheques no valor de R$ 12.400. O carro de Josias, um Renault Sandero, e dois aparelhos celulares foram apreendidos. Ainda foram encontrados no local cinco relógios, avaliados em R$ 10.000.
O outro criminoso é Luiz Guilherme Braga Domingues, que foi preso durante a fase investigatória. O traficante foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão. Quando foi preso por uma guarnição da BM de Estância Velha, na BR 116, no bairro Rincão, ele transportava três quilos de crack.
Irmãos Moraes, líderes dos Manos, são condenados a 59 anos de prisão
Os irmãos Moraes, líderes da facção Os Manos, foram condenados a 59 anos de prisão em um processo originário da Operação Aliança, desencadeada em 2017, pelo Ministério Público e pela Brigada Militar. A operação teve desdobramentos em várias cidades do Vale do Sinos, como Estância Velha, Novo Hamburgo e Campo Bom, e demais regiões do Estado.
Moradores de Campo Bom, os irmãos Moraes foram condenados por formação de quadrilha, tráfico de drogas e armas, além de lavagem de dinheiro. Também tiveram as penas agravadas pela corrupção de menores. A sentença foi publicada dia 31 de julho e cabe recurso.
O juiz José Luiz John dos Santos, da 17ª Vara Criminal, especializada em crime organizado e lavagem de dinheiro, condenou Alexandre Moraes da Silveira, o Xandi, a 17 anos e dois meses de reclusão, Cristiano Moraes da Silveira, o Do Meio, a 19 anos e oito meses de reclusão e Márcio Moraes da Silveira, o Nanico, a 23 anos e um mês de reclusão.
Daiane Vargas, esposa de Nanico, também foi condenada a quatro anos e um mês de reclusão. Ela administrava uma loja de móveis de luxo que era, na verdade, usada para lavar o dinheiro adquirido pela quadrilha. O diretor financeiro da facção, José Carlos Pinto, o Mano, também pegou quatro anos e um mês de reclusão. Braço direito dos irmãos Moraes, Mano era supervisionado por Daiane e se reportava diretamente a Nanico.
Paulo Fernando Blank Brum, o Guri da Pracinha, é outro que foi condenado a pena de 14 anos e oito meses de reclusão. Ele exerceu o cargo de “diretor de estoque”. O armazenamento da droga importada pelos irmãos Moraes era gerenciado por ele, em pelo menos dois endereços do bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Guri da Pracinha tinha ainda a concessão para traficar no Canudos, algo que fazia em parceria com a mãe, Elsi Blank.
Além destes, outros 16 integrantes da facção, que exerciam diferentes funções, foram condenados pela Justiça neste mesmo processo. A Operação Aliança resultou em um outro processo, que tramitou na Comarca de Novo Hamburgo, cujos réus eram outros integrantes da organização criminosa. Ao todo, a investigação do MP e da BM resultou em 40 condenações.
HISTÓRIA
Os irmãos Moraes assumiram a posição de “presidentes” dos Manos em meados de 2011, depois que a Justiça decidiu pela transferência do então líder da organização criminosa, Paulo Márcio Duarte da Silva, o Maradona, para um presídio federal, onde permaneceu por um longo período afastado do comando da facção.
Com Xandi, Do Meio e Nanico no comando, os Manos começaram a expandir os negócios da quadrilha, tornando-a a maior facção do Estado até os dias atuais. Além de serem os principais importadores e distribuidores de drogas no RS, os irmãos Moraes montaram um sistema de concessão de cotas. Nas áreas dominadas pelos Manos, somente pode traficar drogas quem for autorizado pelos irmãos “Moraes” ou por demais integrantes do chamado “colegiado de líderes”.
A criação do colegiado de líderes fez com que as decisões importantes fossem submetidas ao crivo de todos os membros mais influentes, no entanto, a palavra final pertencia aos irmãos Moraes, sem muita democracia. Cada membro do colegiado gerencia o tráfico de drogas em determinada região do Estado.
Na época da Operação Aliança, o MP e a BM concluíram que a cocaína e o crack eram fornecidos exclusivamente pelos irmãos Moraes. O quilo do crack era vendido, na época, por R$ 18 mil, e o valor do quilo da cocaína variava de R$ 20 mil a R$ 24 mil, conforme a qualidade do pó. Já a maconha, a facção permitia que fosse adquirida de forma independente pelos membros da organização.
As provas produzidas durante a Operação Aliança, por intermédio de diversas prisões em flagrante, apreensões de drogas, armas e munições levaram a justiça a autorizar o sequestro de 18 veículos e 20 imóveis de alto padrão comercial. Os imóveis sequestrados foram avaliados em cerca de R$ 7 milhões, já os veículos apreendidos foram avaliados em cerca de R$ 857 mil. Entre os carros apreendidos estavam três BMWs, que foram destinadas à Brigada Militar. Os carros foram transformados em viaturas.