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Diário Rural: A riqueza das abelhas

23/08/2022 - 21h58min

Produtor de Dois Irmãos colhe até quatro mil quilos de mel, em suas 200 caixas de abelhas. Créditos: Giordanna Benkenstein Vallejos

Por Giordanna Benkenstein Vallejos

 

Dois Irmãos — Com apenas 12 anos, Flavio Grawer começou a colecionar caixas de abelhas. Ao passar do tempo, a brincadeira foi virando assunto sério e uma paixão hereditária, que passou para seus filhos.  “Hoje o Apiário Grawer está bem grande, mas começou como uma brincadeira. Tenho abelhas desde meus 12 anos, tinha duas ou três caixas e foi aumentando. Eu trabalhava em construção e agora a maior parte da minha renda vem das abelhas. Tenho 57 anos e pretendo continuar até onde conseguir, é bonito trabalhar com isso, a gente gosta. ”, disse ele.

 

Produção distribuída

Na atualidade, Flavio é tesoureiro da Associação Doisirmonense De Apicultores (ADAPI), local onde também foi presidente. Ele possui 200 caixas de abelhas em 11 localidades diferentes, entre elas: Cachoeira do Sul, Nova Petrópolis, Glorinha, Santa Maria do Herval, Dois Irmãos e Osório. “Temos que espalhar as abelhas, porque tem anos que em uma região chove muito e não dá mel, e se está distribuído não perdemos toda a produção. ”, disse ele.

 

 Trabalho duro e recompensador

Eles chegam a fazer até quatro colheitas por ano, de outubro a maio. Colhem em média quatro mil quilos de mel, nas 200 caixas. Uma parte das abelhas Flavio tem um sócio que ajuda, e na outra ele o filho colhem sozinhos. “É um trabalho bem pesado, o pessoal acha que o mel é só colher e fazer dinheiro, mas tem um custo alto, principalmente no transporte de uma localidade até a outra. Depois tem que mandar envasar para poder vender no comércio, precisa ser registrado para poder vender nos mercados. ”, explica Flavio. É possível encontrar o mel da família Grawer em mercados em Dois Irmãos, Estância Velha e Novo Hamburgo.

 

 Abelhas sem ferrão

As espécies que ele cria são principalmente as africanas com ferrão, mas também tem 60 caixas de abelhas sem ferrão. Algumas espécies são: Jatai, Mandaçaia, Tubuna e Manduri.  A abelha sem ferrão precisa de mais cuidado e produz uma quantidade menor de mel. Porém, o valor do desse mel pode chegar a ser dez vezes mais alto que o mel convencional.

Além da produção de mel, eles vendem própolis em natura, o extrato de própolis, o pólen, a geleia real e a cera de abelha. Flavio explica que o mel e o pólen são feitos das flores, e própolis é da resina das árvores. As abelhas precisam do própolis para imunizar a colmeia, e sem ele, o enxame morre. Ele serve como um bactericida, para higienizar a colmeia. Por isso, as pessoas descobriram que ele faz bem à saúde, especialmente para a imunidade.

 

 O benefício da associação

O tesoureiro explica que é bom se associar na ADAPI, porque eles participam de diversos cursos, e por meio da associação o produtor consegue o rótulo para vender o mel. São em média vinte associados em Dois Irmãos. “Desde que entramos para a associação, conseguimos entrar em muitos mercados para a venda. Antes colhíamos mel e ficava parado porque não conseguíamos vender.”, conta ele.

 

 O trabalho das filhas

As filhas de Flavio, Bruna Grawer Schneider e Lenise Grawer, trabalham juntas na produtos Schneider. Na empresa, elas produzem biscoitos, cucas, pães, bolos, geleias, conservas, molhos e doces em calda. Em algumas das conservas, elas utilizam vegetais e frutas da própria horta, no Travessão.

Em algumas receitas de bolos, bolachas e pães, elas usam o mel produzido pelo pai.  Bruna expõe os trabalhos da família na Feira do Produtor, aos sábados, e também aos domingos, na Praça do Imigrante. Para Lenise, que adora fazer cucas: “Trabalhar com comida é trabalhar com amor. Pelos doces e biscoitos a gente passa o amor para as pessoas. ”

 

 

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