A vida do interior de Herval continua a mesma para alguns idosos

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Aos 69 anos dona Maria Marilene Kroetz continua fazendo os serviços de casa no interior de Boa Vista do Herval onde mora há cerca de 40 anos. Ela limpa, faz comida, lava a louça. “Às vezes também ajudo a ordenhar a vaca”, disse, afirmando que tiram leite ao menos uma vez por dia, sempre à noite. “Agora não podemos tirar tudo, pois ela está prenha então temos que deixar um pouco”, explicou falando que a vaca da bastante leite, o suficiente para a família.

Lembranças

Maria conta que sempre trabalhou na roça desde criança junto com os 11 irmãos na Linha Marcondes Baixa. “Lembro da minha irmã arando o solo com os bois e eu fazia a mesma coisa com uma junta de vacas”, recorda, falando que enquanto isso seu pai ia atrás plantando o milho e assobiava: “und dei vo Luchdich”, conta, sorrindo.

Ela fala que as dificuldades da época eram maiores que as de hoje, porém, ressalta que a vida era muito melhor. “Valia mais a pena”, diz. Conta que a família sempre plantou e colheu muitas batatas que, ora davam lucro, ora prejuízo. “Uma vez o pai não conseguiu vender e, para não perder, doou tudo. O ruim era que tínhamos que ficar em baixo do porão para tirar os brotos”, lembra.

Vida normal, de muito trabalho

Hoje ela mora sozinha com seu filho Leandro Kroetz, 36 anos. Ela também tem outras duas filhas e mais um filho, mas que já não moram mais em casa. Seu marido José Beno Kroetz já faleceu há 15 anos, mas, juntos, eles construíram a sua vida na casa onde Maria ainda vive. “Aqui é um lugar muito bom de morar. É o onde formei minha família”, ressalta.

Ela nunca foi muito de sair e, portanto, a pandemia não a afetou nesse sentido. “Continuo fazendo as mesmas coisas que eu fazia antes trabalhando em casa. Não saio para bailes, faz anos que não vou mais. Nunca gostei e também não tem alguém para ir comigo. Não dá certo. Então é melhor ficar em casa”, disse.

O filho Leandro trabalha no Frigorífico Boa Vista e, nos dias de folga, tem muito serviço em casa. “Vou para a roça, tiro lenha. Sempre tem alguma coisa ou outra para fazer”, conta ele. Eles criam algumas cabeças de gado, porcos e galinhas. “Carne, leite e ovos não precisamos comprar”, destaca Leandro.