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A vida pausada pela pandemia

25/09/2020 - 09h52min

Apesar das mudanças na rotina, o casal segue dançando, ainda que seja em casa

IvotiA chegada da pandemia de Covid-19 fez com que as pessoas vissem suas rotinas tomarem novos formatos, como com as aulas a distância e o home-office. No entanto, foi a paralisação de eventos e atividade de lazer em grupo que fez com que alguns se encontrassem sem poder seguir com suas programações normais de vida.

Foi assim para Isolde Skonetzky, de 76 anos, e Ernesto Antonio Skonetzky, de 79 anos. Juntos há 57 anos, o casal de aposentados é presidente do Encontros da Saudade, grupo que realiza bailes para a 3ª idade. Como os eventos costumavam acontecer na primeira segunda-feira de todo mês, de março a dezembro, a rotina dos dois era tomada por compromissos envolvendo a organização das festas.

Frequentadores do baile há cerca de 20 anos, Isolde conta que começaram a ir incentivados por sua mãe – que não perdia um evento. “Ainda nem tínhamos 60 anos, que na época era a idade mínima para frequentar, mas minha mãe pediu aos organizadores e eles autorizaram”. Ela comenta que o difícil mesmo foi convencer o marido, já que ele achava que era “muito novo para frequentar bailões”. Mas, depois que foram pela primeira vez, nunca mais pararam.

“Nós gostamos muito e, de lá para cá, já fizemos muitos amigos. Logo que entramos, nos elegeram rei e rainha do baile e ficamos nesta posição por nove anos, até nos tornarmos presidentes, cargo que estamos à frente já tem 14 anos”.

Mudanças

Assim, com a paralisação dos eventos e a proibição de aglomerações – principalmente envolvendo pessoas acima de 60 anos, por estarem no grupo de risco –, o casal precisou se ajustar a um novo cotidiano, mais calmo do que ao qual estavam acostumados. Ernesto comenta que, tirando o fato de não poderem mais frequentar os bailes, de modo geral, as coisas não mudaram muito.

Com cinco filhos e sete netos, o casal não deixou de receber visitas da família, mas todos os cuidados necessários foram adotados e inclusive as idas ao supermercado foram reduzidas. Para passar o tempo, eles voltaram a cultivar os hábitos antigos: Isolde passa as tardes fazendo crochê, enquanto Ernesto cuida de suas orquídeas. “A gente vai fazendo nossas coisas, cuidando da casa… quando vemos, já é noite”.

Eles comentam que continuam mantendo contato com os amigos que fizeram nos bailes que frequentavam – não só em Ivoti, mas por toda a região. Segundo eles, alguns relatam que estão tentando encontrar atividades em casa para fazer, e outros estão aproveitando o período para descansar. Mas uma coisa é unânime: todos estão com saudades de dançar.

“A maior parte do pessoal que frequentava o baile liga perguntando quando faremos novos eventos, mas, infelizmente, temos que responder que não precisam esperar pela volta este ano e ainda não temos ideia de como será no ano que vem. Está todo mundo sentindo muita falta”.

A dança continua

No entanto, a interrupção dos bailes não foi motivo suficiente para fazer com que Isolde e Ernesto parassem de dançar. Eles contam que de noite, enquanto jogam cartas, colocam para tocar as músicas que costumavam escutar nas festas e, quando a canção é boa, interrompem a jogatina para matar a saudade das pistas.

“Dançamos um pouco, mas eu, como tenho dores na coluna, me contenho mais. Já o Ernesto, se deixar, dança a noite inteira”.

Ela lembra que no baile, o marido era sempre o último a parar de dançar. E é neste ritmo que eles pretendem voltar para os eventos, assim que puderem ser realizados novamente. A torcida agora, deles e dos outros frequentadores dos Encontros da Saudade, é para que os festejos possam retornar logo.

“Quando voltarmos, teremos que recuperar o tempo pedido”, brinca Ernesto, enquanto, espirituosa, Isolde comenta: “Eu não sei se vamos conseguir recuperar tudo isto”.

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