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Artista plástico “Peruano” falece em Dois Irmãos
Dois Irmãos – Faleceu na tarde deste domingo, 14, o artista plástico José Higino Perea Pascual “O Peruano”, aos 80 anos. Ele estava internado no Hospital São José de Dois Irmãos desde a última quarta-feira. O velório está acontecendo na Capela Mortuária de Dois Irmãos e o sepultamento será na segunda-feira, 15, às 9h, no Cemitério Católico II de Dois Irmãos.
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Peruano era bastante conhecido pelo seu trabalho em quadros que retratam em suas obras muitos dos ingredientes básicos para a existência humana. Ele possuía o Atelier Matchu Pitchu na Av. São Miguel. O artista plástico latino-americano era um ícone e tem obras espalhadas por todo o mundo. Com uma coleção superior a 50 prêmios, o Peruano, como é mais conhecido, em 2017 recebeu uma incrível e missão: pintar alguns quadros a pedido do Papa Francisco. Eles se conheceram na Argentina e são amigos há muitos anos. “Eu o conheci quando estava em Mendonça, depois nos encontramos no Rio de Janeiro. Papa é um homem bem humilde, que está criando um sistema muito diferente do que faziam os outros. Isso se chama humildade”, destacou em entrevista ao Jornal O Diário na época.
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Confira mais alguns trechos da entrevista de Peruana ao Diário em 2017:
Peruano e a Escola Cusquenha
Perea foi inserido no mundo das artes sacras bem jovem. Começou a pintar no exterior com apenas 9 anos de idade e lembra que era enviado para representar a arte de descendência Inca em diversos países. Recebeu muito apoio representando o seu país e também foi bastante explorado pelas galerias. “Eu trabalhava dia e noite para ficar com apenas 10% do lucro final das obras. Com o passar dos anos passei a comprar as próprias tintas e telas, e assim comecei a trabalhar por conta própria. O que começou a dar melhores resultados. Nessa época um representante do Vaticano me perguntou se eu podia fazer pinturas sacras porque elas são pintadas muito bem no Perú. Isso se chama Escola Cusquenha. Na época eu desconhecia essa arte, mas dai trouxeram para eu pintar o Papa João XXIII e a Pio XII. Me orgulho em dizer que fui o primeiro que pintei os papas. Pintei quase todos os papas porque sempre me mandavam as encomendas”, contou Peruano.
A inspiração é o Peru
Sua maior inspiração na arte sempre foi a cultura de seu país natal, o Peru. Era um grande defensor da cultura latino-americana e, continuamente fala da colonização dos espanhóis, que lucraram com o que tiraram do Peru, mais especificamente da civilização Inca. Peruano costumava dizer que a maior parde das obras cusquenha no início era uma forma de protesto contra os espanhóis pela forma como exploraram os Incas e todo o povo latino-americano.
Do Peru para o Brasil
Peruano morava no Brasil há mais de 40 anos e trouxe de sua terra natal a técnica de pintura da centenária cidade de Cuzco. Em seus quadros retratava, na maioria das vezes, os Andes peruanos e a população cuzquenha. Ele nasceu em Lima, no Peru, e iniciou na arte, aos 17 anos, trabalhando com artesanato em cobre, madeira e couro. Aprimorou seus estudos no desenho, pintura, escultura, tapeçaria e pirogravura, arremessando-se profissionalmente no design de móveis, quando teve a oportunidade de aperfeiçoar-se em Milão. Para ele, o choque cultural sentido através do contato com escolas clássicas europeias, mais conservadoras, foi fundamental para a criação dos estilos próprios, baseados nas formas livres da arte cuzquenha. Perea era conhecido pela mistura de materiais que compõem suas obras. Ele utilizava resina especial, pó de ouro, de diamante e o carvão. A mistura de materiais faz com que suas pinturas se tornem únicas e objetos de desejo. Seus quadros, evocando na maioria os Andes e a população cuzquenha, estão espalhados pelas melhores galerias e museus do mundo, como o do Palácio Royal de Holanda, Palácio Municipal de Milão, Museu de Arte de Estocolmo, Prefeitura de Hishinomiya (Japão), Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro e coleções particulares.