Como foi o primeiro dia de interrogatórios no STF? Bolsonaro pode depor hoje?

Bolsonaro esteve presente no primeiro dia, mas ainda não há data definida para seu depoimento

O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou na noite de segunda-feira (9) o primeiro dia de interrogatórios dos réus do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe que teria sido articulada durante o governo de Jair Bolsonaro. A sessão, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, durou cerca de seis horas e marcou o início de uma semana decisiva para o avanço do processo.

Foram ouvidos Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). As oitivas seguem até sexta-feira (13), com depoimentos de outros seis acusados — entre eles, o próprio ex-presidente da República.

O que disseram os réus

Mauro Cid

Primeiro a depor, Mauro Cid confirmou ter participado de uma reunião onde foi apresentado ao então presidente Jair Bolsonaro um documento que previa estado de sítio e prisão de ministros do STF, como forma de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele também relatou ter recebido uma sacola de vinho com dinheiro das mãos do general Braga Netto. Os valores teriam sido entregues ao major Rafael de Oliveira, membro do grupo de elite “kids-pretos”.

Alexandre Ramagem

Na sequência, Ramagem negou ter utilizado a Abin para espionar ilegalmente ministros do STF e do TSE. Ele é apontado pela PGR como peça-chave no uso político da inteligência durante o governo Bolsonaro, para monitorar autoridades críticas ao então presidente.

Bolsonaro assistiu a tudo

Jair Bolsonaro chegou ao STF por volta das 13h30 e permaneceu o tempo todo na sala de audiências. Durante o depoimento de Cid, manteve postura rígida, anotou em um caderno e, segundo relatos, chegou a sorrir discretamente diante de piadas feitas por Alexandre de Moraes, que arrancaram risos também de outros presentes.

Quem ainda vai depor?

As oitivas continuam em ordem alfabética até sexta-feira (13). Ainda faltam ser ouvidos:

1. Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) – depoimento nesta terça-feira (10), às 9h
2. Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
3. Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
4. Jair Bolsonaro (ex-presidente)
5. Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
6. Walter Braga Netto (general da reserva)

Bolsonaro depõe hoje?

Não. Apesar de ter acompanhado as primeiras oitivas, Bolsonaro ainda não tem data certa para ser ouvido. Seu depoimento deve ocorrer até sexta-feira, mas depende do andamento das audiências anteriores.

Acusações enfrentadas pelos réus

Todos os integrantes do núcleo central da tentativa de golpe respondem por:

• Organização criminosa armada
• Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
• Golpe de Estado
• Dano qualificado pela violência e grave ameaça
• Deterioração de patrimônio tombado

Caso condenados, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão. O julgamento definitivo está previsto para o segundo semestre de 2025.